sábado, 25 de dezembro de 2010
sábado, 4 de dezembro de 2010
a energia
a inquietude durou por bons longos três dias, mas a energia consumida era tanta que acabou por faltar, hoje pela manhã o sono já era tamanho que me faria querer esquecer que já estava na hora de levantar.
talvez como pré anuncio do que viria depois, acordei e desejei não abrir os olhos e muito menos retirar meu corpo da inércia.
olho da minha janela e todo aquele horizonte cheio de vida agora não vejo mais, a minha frente somente um muro cinza alto demais pra ser escalado e sem nenhuma recompensa do outro lado e assim voltei ao meu normal quando me dei conta de que desisti.
sim, eu desisti de atravessar o muro que até dois dias atrás parecia apenas uma pedrinha a ser pulada.
voltei pra casa, pro anexo...arrumei as gavetas, guardei os vestígios, apaguei imagens, redesenhei o mesmo caminho vazio.
estou novamente só tentando me apagar da vida das pessoas.
meus erros: ter nascido e não ter coragem pra colocar um fim a tudo isso.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Inquietude
tomada por uma urgência, um desejo de hoje, de viver as horas minuto a minuto, uma inquietude transbordante, uma energia que parecia transpor minha pele, um ritmo alucinógeno, uma sensação de que as imagens estão em câmera lenta e que eu precisaria correr o mundo inteiro até meu fôlego acabar, foi assim que acordei essa manhã, o sol ainda não tinha surgido e dentro de mim a vida pulsava querendo ser consumida.
o abismo me chamava e eu desejava cair só pra sentir o vento bater no meu corpo, um misto de calor e frio, um desejo...
me vesti para um bom dia e é como se tudo estivesse a meus pés.
meu desejo me consome, me dilacera, me absorve...
maquiei os olhos como se por eles pudesse expressar toda essa urgência de vida, a volúpia da minha vontade, do meu desejo.
eu quero...hoje...agora...
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
la tristesse fait partie de l'amour
Eu

sentei para esperar pela chuva e a cada vez que os galhos se balançavam eu sentia uma certa inveja pela liberdade que tinham.
fiquei ali uma hora, duas, um dia inteiro e a chuva não veio, não veio e não lavei minha alma.
observei o movimento das pessoas, vi pessoas como eu e outras muito diferentes.
dizem que a gente deve alimentar os sonhos mas hoje cheguei a conclusão de que não tenho mais o que alimentar, ou melhor, cansei de alimentar o que demorei pra descobrir não me pertencer.
brincamos de viver enquanto esperamos morrer com dignidade.
quando criança eu vi "a bela e a fera" que nos ensinava a não olhar o que há por fora e sim o que há por dentro das pessoas, acho que aprendi, mas assim descobri também quem eu sou e me conformei a que lado eu pertencia.
os sonhos foram ficando mais secos, diminuindo e tudo que estava ao meu alcance foi feito, hoje olho pra trás e sim, mesmo que eu seja a única a isso sinto orgulho pela determinação, pelo empenho, pelo sacrifício mas ainda assim com o prazer da linha de chegada e eu cheguei, cheguei
aos sonhos que eu pude, aos sonhos que não dependiam diretamente de outras pessoas além da minha família, assim me condicionei a desejar apenas o que eu poderia alcançar "sozinha".
hoje o dia amanheceu como eu...cinza, triste, solitário, um pouco amargo, talvez ácido, mas acima de tudo com nuvens carregadas que foi difícil segurar o dia todo.
eu precisava chorar, ficar quietinha, escrever essas palavras.
estou triste sim e muito, mas vai passar, sempre passa ou melhor acho que ao longo do tempo assim como os sonhos que aprendi a não desejar, também aprendi a lidar com essa minha tristeza. Existem dias em que dói, uma dor fininha no coração e faz com que o ar pareça faltar.
Aí é quando eu respiro fundo, olho pro nada com olhos perdidos no tempo de quem não se deu conta ainda que o tempo vai acabando devagar demais as vezes, rápido demais outras tantas.
deixo as lágrimas caírem e procuro um esconderijo só meu para ficar lá até que a dorzinha diminui ou que eu simplesmente aprenda a conviver com ela, com mais uma, sim as vezes elas chegam e se instalam.
as vezes viver é difícil e já ouvi algumas frases do tipo não disseram que seria fácil apenas que valeria a pena.
mas será que é assim mesmo? acho que tudo vai de uma outra frase também que diz bem vindo ao convívio dos eleitos.
e ai está outra questão, que eleitos? nem sempre fazemos parte desta eleição porque quando acordamos do conto de fadas percebemos onde está o erro, estamos alimentando sonhos que jamais alcançaremos.
é um bocado triste quando se descobre que alguns sonhos não podemos contemplar nem mesmo em sonhos, seria sofrer duas vezes, seria cruel demais alimentar o desejo do que jamais irá existir e ao mesmo tempo cairmos nessa armadilha.
alimentamos sonhos que sem nenhuma piedade nos dizem que são sonhos falidos e ainda riem sarcasticamente do que desejamos como se dissessem "onde você imaginou que isso poderia lhe acontecer?" e o pior de tudo não é ouvir, não é...e sim, saber que se tem razão.
ah! essa talvez seja a maior crueldade, se permitir sonhar e cair da nuvem quando descobre que "este" tipo de sonho é impossível a si.
caminho pertinho do abismo, brinco com os pés antes de me deixar cair, pareço infantil e as vezes é como uma criança mesmo que me sinto, tentando me proteger de mim mesma vou criando labirintos por onde eu possa andar sem que me vejam chorar.
desapareço como fumaça e não deixo caminhos abertos...não há uma ausência de uma presença jamais notada.
fechei os olhos e deixei o vento me assoprar...vi pessoas agitadas andando perto de mim mas eu não era capaz de ouvi-las, senti o gosto do meu sangue na garganta e de repente tudo ficou iluminado, eu não sentia dor mas era incapaz de mover qualquer parte do meu corpo...você sorriu e eu perdi você dos meus olhos.
voei sem ter asas.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Para E.
Era impossível estar naquele lugar e não se lembrar de tudo que tínhamos dito um ao outro.
Alimentados pelo sonho que é o cinema, nos permitíamos sonhar acordados. Fechei os olhos e por uns instantes desejei te encontrar naquela sala.
Tudo tinha a ver com você...Asas do Desejo, Cinemateca, Wim Wenders, a trilha sonora, a imagem formando uma fotografia doce apesar do peso da guerra.
Ela flutuava no trapézio e ele a desejava sem conseguir sentir a pele que ele tocava.
Ela queria parecer um anjo e ele queria parecer um humano.
Tudo era tão doce. Tão simples. Tão singelo. Tão sem pretensão de ser.
E por isso talvez acontecesse tão doce.
Porque teve que ser assim? Me pergunto mil vezes porque eu não me calei? Porque eu tinha que te contar sobre o friozinho doce que eu sentia quando você me telefonava ou no momento em que marcávamos mais um dos nossos “encontros” doces.
Cinema? Café? Tanto fazia desde que você fosse a companhia.
Era meu porto seguro na sexta a noite. Era meu melhor amanhecer de sábado e o mais esperado inicio da semana no domingo.
Os dias caminhavam...e eu repleta de uma felicidade que não me cabia e ao mesmo tempo não entendia ao certo como acontecia.
Sabe o que ouço agora? By this River – Brian Eno. Você me deu essa música, me ensinou a amá-la e eu amei. Amei mais que tudo sem saber que seria ela que diria depois que meu céu estava caindo, caindo...down down.
You and I...down down.
Tudo acabava num piscar de olhos, não haveriam mais emails, nem cafés, nem cinemas, simplesmente passaria a ser como se eu nunca tivesse existido pra você.
Doeu!
Dói e irá doer porque perder amigos é sempre doloroso.
Perdi alguns e por isso continuo me punindo porque quase sempre sou a culpada por perde-los.
Talvez se eu tivesse mantido meu silencio, se meu coração não me traísse pregando peças a minha insignificante presença no mundo.
Vazio, foi apenas isso que sobrou, o vazio ocupado de sempre.
O espaço que vai ficando cada vez mais frio dentro de mim.
Como no conto de fadas da Bela e a Fera...não há o que esperar, será assim pra sempre e como não vivo num conto de fadas, chamo isso de destino. Aceito!
Não há nada pra questionar. Como um réu culpado aceito a condenação oferecida por você.
Peço perdão a mim por ter olhado pra você com doçura e encantamento, esquecendo qual era o meu devido lugar.
"E." , só te peço perdão pelo que nem sei ter cometido.
Durma sempre bem, dê asas ao seu desejo, voe, acredite e saiba sempre que eu só quis o seu bem.
domingo, 24 de outubro de 2010
as Asas do meu Desejo
eu precisava daquele sorriso de antes, eu queria aquele mesmo jeito de olhar, eu desejava aquela timidez de quem não tinha a menor idéia do que fazer, eu procurava por aquela inocência dos nossos primeiros olhares cruzados.
observava você de longe sabendo que eu jamais te tocaria e muito menos te teria por perto.
deixei que as lágrimas caíssem.
eu estava no alto daquele prédio e só esperava que o vento soprasse pra que eu pudesse pular.
tudo estava cinza e o que eu pensava era apenas no que eu não saberia como era viver.
pulei!
senti o vento atravessar meu corpo como se fosse um pedaço de papel.
eu gosto da escrita, gosto das suas fotos, gosto do gosto de mato molhado depois da chuva, gosto de ver meus livros misturados aos seus...gosto dos filmes separados pela nossa vontade de vê-los.
pode parecer incrível aos olhos alheios mas você se torna extremamente desejável quando fala dos planos...
olhei da janela, escutei a chuva, olhei pro apartamento, as nossas coisas ainda meio bagunçadas, as suas fotos, os projetos que já não sabemos de quem são, os livros de poesia...pablo neruda, mario quintana.
adoro aquele tenis meio velho...com aquela camisa xadrez...conto dez passos até a pilha mais próxima sobre o taco da sala...escolhemos assim.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
M.
um sol lindo amanhecia, a paisagem foi ficando pra trás com a entrada do túnel, o metrô hoje se fazia silencioso, eu ouvia "inverse" e escondia meu sono atrás das lentes escuras, quando pisquei e te vi do outro lado, demorei a crer que era você mesmo, concentrado na sua mochila, você se perdia dentro dela...rs
seus movimentos me pareciam em camera lenta, eu achava graça e ao mesmo tempo me intrigava um obstáculo humano que não me deixava te alcançar.
até que toquei seu braço "está atrasado moço?" você sorriu e o dia se iluminou, percorremos um caminho curto e como uma criança eu queria parar os degraus da escada só pra que eles subissem mais lentamente.
no fim da escada como um sonho que se desfaz você foi para um lado e eu para o outro, mas o meu dia já seria melhor pela doçura daqueles instantes.
bom dia M.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
os últimos dias...
Não tive vontade de abrir os olhos, meu corpo pesava mais do que eu podia suportar, eu quis ficar na cama sem notar que o dia amanhecia e as atividades deviam recomeçar.
Por mais ridículo que pareça eu sentia a tristeza de um mundo inteiro...chovia e eu chorava.
Adormeci por mais meia hora mas não sem antes ensopar o travesseiro de toda aquela tristeza que me deixava ver tudo sem nenhuma cor.
Levantei-me nublada como o tempo e procurei alguma, qualquer que fosse a razão que me manteria em pé. Pensei nos meus pais, no que eles sonhavam e quantos desses sonhos depositaram em mim e eu não os iria cumprir e até quem eu menos esperava essa semana resolveu tirar as casquinhas dos meus machucados..."ela acha que todas as crianças são como ela, que entra na história e vive os personagens, que absurdo."
Doeu...eu não sou assim.
Demorei muitos dias pra vir aqui, agora é inevitável não deixar as lágrimas caírem.
Estive quieta, distante, pensativa demais, por alguns dias eu sequer quis expressar uma palavra e pela primeira vez sem ser uma tentativa eu calei-me para o mundo.
Olhei o céu ameaçador, vi as pessoas andarem apressadas tentando evitar a chuva, observei guarda chuvas abrindo dando um colorido na paisagem cinza...coloridos, de bolinhas, listras, pretos...alguns giravam no ar.
Há um vazio dentro de tudo que se aproxima. Eu queria me transformar cada vez menos perceptível, eu quis um isolamento de mim mesma, observei minha própria respiração e como criança eu desejei que a vida tivesse gosto de bala de goma [verdes e laranjas].
As ruas foram ficando desertas, as luzes foram se acendendo amareladas paradas no tempo...entrei...o mosteiro estava praticamente vazio...aquele oásis me encheu de uma paz que não tinha tamanho, não era suficiente pra me alegrar mas amenizava o peso da tristeza solitária.
respirei fundo, enchendo os pulmões de ar como se fosse mergulhar...rezei.
Deixei as lágrimas correrem, pedi por mim e por todos que amo e até pelos que não me querem bem...o banco rangeu...pedi luz ao me caminho.
Buscava ali uma razão...sinto vergonha por as vezes ter que procurar essa razão, vendo que há tantos que sofrem, tantos que choram e mesmo assim são tomados de razões.
Resumi minha ausência aquele banco, escondida de mim mesma na penumbra daquela luz amarelo de ontem.
Caminhei sem olhar as pessoas ao lado, eu não era capaz de ouvi-las...com a minha solidão guardada na bolsa, um aperto se deu dentro de mim...por mais insignificante que seja minha existência ainda tenho funções e obrigações, essas eram as minhas razões.
Jurei a mim não importunar mais aqueles que ainda se compadecem para serem amigos, ou anjos que me emprestam as suas asas todas as vezes que as minhas me mostram incapazes de me carregar.
Eu tentei bater minhas asas, mas elas estão machucadas...toda borboleta, bonita ou feia, pára de bater as asas quando estão prestes a morrer e escolhem por natureza a solidão.
Revi alguns cacos do meu mosaico e me cortei quando vi que tinham razão no que dizem sobre eu vivenciar um personagem e doeu de novo.
Dói ver tantos defeitos em cacos tão pequenos e de louça barata, essa sou eu. Tem dias que essa ausência ainda me causa espanto.
Onde foi que me perdi? onde ganhei essa tristeza toda? esse vazio de mim mesma? perguntas que talvez nunca venham ter uma resposta.
Eu estava ali na beiradinha, mas tive medo...medo do meu medo...voltei pra casa e mais uma vez deixei que o travesseiro guardassem minhas lágrimas secretas, onde os olhos pesariam me fazendo adormecer cansada de uma guerra que eu sei que não vou vencer.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
sob o céu

as vezes me pego pensando no que houve com as minhas escolhas, porque tudo que quero de certa forma me escapa aos dedos?!
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Inacabado

as vezes tudo é tão confuso, fico me perguntando onde foi que as coisas deram errado e me condenando pelo simples fato de existir, queria ser imperceptível e queria não machucar as poucas pessoas que percebem minha existência fria e dispensável.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
A porta para os 26
terça-feira, 17 de agosto de 2010
a despedida

pega pela surpresa...hoje me despedi de Martín e Laura.
domingo, 15 de agosto de 2010
sábado, 14 de agosto de 2010
para a noite fria

o céu se faz claro e doce apesar do frio, parei pra apreciar...sentei-me na beiradinha da varanda e fiquei a pensar no que você estaria fazendo e ri de mim mesma.
lembrei das brincadeiras, do sorriso fácil, da alma doce, do sentimento doce.
fiz minha prece...
olhei pra mim e me vi ganhar asas e voar sem limites pra saber onde eu deveria chegar.
a vida se abre diante dos meus pés...é preciso caminhar, seguir meus passos rumo ao destino que me aguarda.
senti o vento me atravessar e uma paz de vida me invadir.
desejei viver mais do que tudo e mais do que tudo que vivi.
eu quis um mundo novo, um sorriso novo, um ar novo.
eu desejei, eu pulei, eu corri...
senti você me tocar e estremeci pelo arrepio da minha pele em contato com a sua.
você me via pelo avesso, me despia com a forma que me olhava...
a nudez me comovia, a pele clara sob a luz das velas, eu sorria, você me amava.
em seus braços o mundo pareceria meu, somente meu.
domingo, 8 de agosto de 2010
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Tão bonito que doeu
as vezes a minha punição é minha própria consciência, pois em que momento eu pude imaginar que seria algo diferente?
hoje o frio da cidade se faz presente de uma maneira mais cortante. Buenos Aires amanhece abrilhantada pelo sol doce mas sem calor, característico do inverno.
olhei da minha janela e decidi ir tomar um café. Na Calle Florida com a Paraguay me dei conta que segurava com veemência e força como se fossem meus únicos amigos Laura e Martín, o frio me cortava a pele e faziam ficar rosadas as minhas bochechas de menina "fofinha".
entrei no Havana e me servi de um bom vanilla...ah! adoro olhar aquela barrinha de chocolate se desfazer no leite fervente, só que hoje olhar essa barrinha tinha outro significado.
a barrinha derretia e eu engolia em seco o choro reprimido pois era assim que eu estava essa manhã.
coloquei meus sentimentos dentro de um leite fervente, com delicadeza e suavidade ele foi derretendo até não sobrar vestígios.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Melancolia
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Contra ponto
Um vento assoprava o dia, como se quisesse empurrar as horas que teimavam em não passar. Passei horas velando seu sorriso, redesenhando o contorno da sua boca, apreciando seus olhos castanhos com brilho de infância. E decidi me colocar no lugar, uma resignação talvez, mas não triste apenas consciente que nesse tabuleiro eu não sei jogar. Meus jogos são simples demais pra você. Como diria Mario Quintana, estou melancólica ou apenas uma forma romântica de entender a tristeza. Senti saudades da França, do abraço doce da Rosita, de sorrir apenas em ver a vida passar, de comer croissant recém saído do forno, de ouvir as vozes como poemas declamados. E o curioso de tudo é entender...entender que não há espaço pra mim e mesmo assim minha alegria transborda por poder desfrutar do seu sorriso e do abraço carinhoso de todos os reencontros. Mergulho sem olhar pra trás no que me resta, meus romances de cabeceira...Laura e Martín são os recém chegados. Acho que quando envelhecer vou acabar por virar um personagem...rs pois eles tem uma força que eu não tenho, uma força que eu desconheço e ao mesmo tempo são menos habilidosos do que eu pra entrar e sair de cena sem ser lembrado ou notado. Passeio pelas multidões sem que elas percebam a minha presença. Olhei-me no espelho essa noite e compreendi tudo que me foi dito. Não há chances...25 anos de aprendizado ensinam muitas coisas e uma delas é saber onde não se deve jogar. Retirei meus dados, eles eram pequenos demais pra essa competição onde contando as casas do tabuleiro eu não conseguiria me transformar na Cinderela e nem sapatinho de cristal. O príncipe não tem como me achar. Perdi a fada madrinha. Busco uma trégua mas já joguei a toalha e recolhi meus peões. Obrigada por essa presença doce e cheia de vida que me move. Game over!
domingo, 1 de agosto de 2010
Lindo como o sol nascente
Esses eram os pensamentos para o nascer do sol desta manhã.
O relógio marcava 6h00 o novo dia começava e nós ainda nos despedíamos do dia de ontem.
Dando voltas pela cidade que ainda dormia, eu ainda caminhava para a minha despedida do dia.
Você se apresentava maravilhosamente bem, destacando-se na multidão onde iluminava tudo a sua volta.
Um sorriso doce e de menino permeava a face. Ali talvez fossemos todos crianças novamente.
Estávamos de novo em casa só que onze anos depois...muito se fazia diferente e isso me assustava pelos novos pensamentos que me tomavam horas do dia.
Com medo desse "novo" eu me desviava embora não fosse o que eu queria.
O perfume me envolvia, eu queria te tocar e não podia. Eu queria ir além mas não me era permitido. Como algo proibido eu me puniria pelo que estava sentindo naquele momento.
Você era o meu desejo secreto.
Tentei justificar pra mim que isso não existia e de fato não existia até encontrar agora dentro de mim algo que me motiva, me dá vida, me deixa feliz.
Não importa o quanto distante você seja de mim, eu aproveitarei cada gota dessa felicidade que me chama, que me fez olhar hoje para o amanhecer da cidade pelo vidro do carro e pensar que sou a pessoa mais feliz do mundo.
A distância nos faz crescer e nos seus olhos eu vejo um futuro tão lindo quanto o sol nascente desta manhã. Bom dia!
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Corpos

Anjos sem alma, tomados pelo desejo, pelo amor que nos movimenta em direção a outros anjos sem asas.
Mapeamos penhascos, abismos e exploramos o desconhecido à procura do prazer.
Seria capaz de odiá-lo se não o amasse tanto, se o meu desejo não falasse mais alto pra que não fosse possível decorar cada pedaço do seu corpo onde eu viraria escrava só pela plenitude da servidão.
Busco na sua alma o conforto da minha paz. Seco as lágrimas do seu corpo, respiro com exaustão e assumo minha posição de servir ao seu desejo. Me calo nos teus braços me acolhendo ao seu peito e assim meu corpo responde ao ritmo das batidas do seu coração.
Sinto os pés saírem do chão, mergulho fundo e me contento com o prazer que seu corpo emite junto ao meu.
Desenhando meu corpo, decorando cada centímetro da minha pele, consumindo meu perfume, suas mãos ávidas percorrem a minha alma.
Sou tomada por uma alegria e um desejo de infinito.
A linha que separa dor e prazer é tão tênue que eu mal posso sentir o limite.
Me invade, me aperta, me toma e me mata. Morreria nos teus braços, mas sigo seus passos num ato de resignação ao deleite do seu corpo.
Me pegue pra você. Me roube pra você. Me queira junto a você.
Sua boca explora minha pele e descobre meus caminhos mais secretos. Sua língua prova o meu gosto.
Você ri do meu mapa.
Entrelaça seus dedos aos meus cabelos, me aperta...desenha minha nuca, decora minha boca, desbrava meu pescoço, tórax e braços.
Sentimos nossa respiração agitar-se.
Admirando pernas e pés você me conforta no seu peito.
Como um aluno antes da prova, você decora as lições do meu corpo agora entregue a você.
Não seriam necessárias notas pois você foi incapaz de esquecer cada citação da minha alma, cada lição do meu desejo explicita ou implícita no meu espírito.
Me aqueça junto ao seu corpo, ofereça-me o seu prazer.
Condene-me e puna-me: Me ame.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
para a vida (e a morte)
Aprendi que não posso viver presa, que não sei compartilhar o que é só meu.
Respirei o ar como se ele fosse acabar. Senti na pele um arrepio me fazendo lembrar que eu ainda era capaz de sentir algo, que eu havia esquecido de como é boa a sensação.
Ah! essa noite...você me leva a loucura. Acho graça, gosto.
Pulo sem medo no abismo do seu corpo e me deleito com o seu prazer.
Sinto o vento me abraçar e adoro essa sensação de cansaço, a respiração é lenta e doce.
Meu mundo anexo me faz tão bem.
Olhei as luzes da cidade hoje, estavam lindas, um amerelo com áurea de nuvem pelo frio que corria as ruas.
Por mais frio que fosse era essa a liberdade que eu desejava sentir.
Eu voltava pro anexo mas desta vez sem machucados, sem ferimentos.
Era o conforto de voltar pra casa. A tranquilidade me deixava inquieta e me dava um imenso prazer.
Caminhei na areia, olhei o mar, desejei viver e me aqueci ao abraçar minhas pernas enquanto o vento soprava e a agua revolta molhava a areia fina.
Por um instante eu era apenas mais um corpo na imensidão do mar e isso me confortava.
O anonimato me deixa feliz.
Passo pela vida das pessoas e não deixo nada, nem de bom e nem de ruim. Simplesmente tenho liberdade pra partir sem olhar para trás.
Eu levo tudo comigo. O amor, a dor, o prazer, a raiva. Tudo.
Sem assuntos pendentes me dou o luxo de poder morrer pra muita gente todos os dias, fazendo com que elas me esqueçam e não se lembrem nem mesmo quem eu sou.
Boa noite!
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Manhã de inverno
terça-feira, 13 de julho de 2010
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Para ouvir Alice
terça-feira, 6 de julho de 2010
Um sorriso pra hoje
domingo, 4 de julho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
ânsia pelo anexo
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Coisas Novas

Para a Despedida de Saramago
quinta-feira, 10 de junho de 2010
A primeira noite
Pamelor me faria sentir mais o gosto da bebida.
Eu olhava o mundo que rodava e eu não queria parar...
Senti a água molhar meus pés e como em um filme vi cenas em que eu estava mas não dependiam de mim participar.
Observei você me tocar e senti saudades de uma época que eu não estive presente.
Senti falta do passado apagado na areia fria.
O vento me atravessava, as ondas batiam nas pedras e eu sentia todo o peso de uma história que eu quis esquecer de escrever.
Meus olhos buscavam pela nossa última imagem...eu buscava você no meu corpo e na minha memória.
Vestígios do que fomos estavam espalhados pela minha pele.
Senti um topor provocado pela bebida.
A roupa molhada envolvia o corpo e um frio percorria pela espinha.
O seu calor me aqueceria.
A vida era frágil.
Fechei os olhos, ouvi o mar revolto contra as pedras, desejei nunca ter te conhecido pra jamais ter te amado..
Deixei as lágrimas falarem por mim. Apaguei o cigarro que eu nem mesmo tinha colocado na boca.
O último gole tinha gosto de saudade, a saudade lembrava o meu desejo, meu desejo lembraria de nós, do nós que nunca fomos.
Adormeci na areia, procurando um caminho de volta, de volta pra onde eu não deveria ter ido.
Você era o abismo e eu me joguei sem olhar pra trás.
Seu corpo era o labirinto que eu optei me perder.
Sua alma me condenaria para sempre e eu aceitaria sua condenação por felicidade.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
As vezes sou tão pequena
Eu sentia a solidão dos meus passos mas esperava encontrar alguma companhia vasculhando meus guardados, foi em vão, caminhei sozinha e assim fiquei o dia todo.
Cumpri deveres, hoje eu não passaria disso.
sábado, 29 de maio de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Chorar é tão humano
amanheço e não compreendo o vazio que preenche todo o meu dia.
trabalho no "piloto automático" ou melhor acho que vivo nesse estado automático.
como se me punisse por algo que não cometi.
encaro meu mundo paralelo como se fosse uma loucura que eu não quero controlar.
como criança me deixo levar pelas lágrimas.
chorar é tão humano.
Um pequeno presente de L. para a minha loucura
Loucos e Santos
"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
Obrigada L.
Clarice Lispector
"...Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo."
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Metal Heart
eu respirei fundo e quis não ver nada disso, mas algo me empurrava para fora da proteção que meus cobertores me faziam.
levantei querendo que o mundo parasse pra que eu pudesse ali ficar.
olhei as minhas lembranças passando como em um telão a minha frente e me perguntei não sobrou nada daqueles dias? nem mesmo o carinho por uma amizade recém começada? acho que não.
ultimamente imploro por um "oi" e me mantenho em pé.
tenho chorado menos, ou melhor tenho demonstrado menos como me sinto.
pamelor me mantém sem dor e nisso isola quase todos os meus reflexos, embora eu os sinta de uma outra forma, bastante intensos dentro de mim mas escondidos, bem quietos de forma a não importunar quem não merece ser importunado, de alguma forma isso me tranquiliza.
e a dor, ah! a dor é quase inexistente.
a tristeza me consome mas eu quase não consigo chorar e pelo contrário consigo sorrir, brincar e enganar a mim mesma sobre o tempo que eu vejo que passa e eu não dou um passo adiante sequer.
me apego a qualquer que seja o motivo para me sentir um pouco melhor.
observo as manhãs frias desejando poder ficar apenas olhando pro céu a contar nuvens e possíveis gotas de chuvas muito mais lentas e serenas do que no verão.
da minha janela observo uma cidade que se movimenta, vejo o balanço das árvores e sinto a liberdade que o vento nos oferece.
percebo como ele é leve ao atravessar meu corpo, mesmo sem ser uma silueta com esbeltez.
é preciso respirar fundo, piscar até que as lágrimas não caiam e abrir a porta esperando por um novo dia e alguma conquista.
desejar o impossível apostando em uma vitória que por mais otimista que possa ser, saberei que não virá.
recolho os pedaços, tento formar um mosaíco mas nem sempre é o que consigo.
e vou aprendendo que as coisas são assim, não posso me apegar ao novo simplesmente porque tenho medo, por menor que seja o tombo ele sempre te machuca, sempre sobra alguns pedaços que não saberemos colar de novo.
e me sinto cansada de cola-los, por isso me despeço e os jogo fora e quase sempre me esqueço que os machucados expostos doem muito mais.
a exaustão me bate e "pamelor" me tira fora do ar...preciso dormir ou melhor fechar os olhos e apenas não sentir.
boa noite!
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Corpo e alma
Chorei muito ao deixar Londres e o amor de Gabe, adormeci ouvindo come away with me in the night, porque quase sempre acho que dormindo me sinto protegida de mim mesma.
Desejei desesperadamente, que não me fizesse chorar e até me mantive firme por um bom tempo, mas não resisti, entreguei-me as lágrimas como se elas pudessem fazer diminuir o que sinto.
Senti que tocava a minha pele, me aquecia, me abraçava.
Como se tivesse medo de perder, me apertava em seus braços e assim me faria sonhar.
Senti a respiração e um arrepio que percorria o corpo todo.
Você sorria como se brincasse comigo e eu queria ir além. Queria mais do que a inocência de nossas brincadeiras.
Me entreguei quando seus olhos encontraram os meus. Por eles você descobriria todos os meus segredos e senti todo o peso do seu corpo em febre sobre mim.
Senti o vento me assoprar e sorri pelo frio na barriga que senti e me vi na direção contrária.
Um estranho que me conhecia tão bem, uma sintonia inacreditável, uma cumplicidade em cada gesto.
Palavras não eram necessárias pra que você adivinhasse os meus pedidos.
Estávamos na mesma linguagem com corpo, alma e desejo.
Você mapeava meu corpo e eu achava graça.
Em silêncio observamos o céu, contamos estrelas, desenhamos nas nuvens.
A cidade se movimentava freneticamente e ao mesmo tempo tudo parecia em câmera lenta.
Acordei ainda sentindo o calor do seu corpo ao meu lado.
Quero sempre o que não posso ter? Não, apenas abro mão de fazer com que outras pessoas passem por esta dor.
Me escondo do mundo, prometo o que não posso e pago sempre um preço alto demais por meus devaneios e desejos.
Fecho os olhos e me permito pular. Sinto o vento e uma voz que me chama.
Lanço-me sem medo da dor.
Corpo e alma...
Ventos e vendavais.
Observo a vida pelo lado de fora calando meu desejo a cada dia pela dor da sua ausência.
sábado, 15 de maio de 2010
A noite o céu é perfeito!
Cheguei a Londres essa manhã, senti uma falta incrível de Ricardo, mas decidi deixá-lo pra trás como fiz com Paris.
Eu não podia mantê-lo comigo.
Penso em tantas coisas agora e ao mesmo tempo não penso em nada com medo do que posso pensar.
Um frio percorre minha espinha quando penso que tudo está tão longe.
Por conta do medicamento, a visão parece turva e os movimentos mais lentos.
Uma agonia fina toma conta dessas horas, não entendo porque estou me sentindo assim.
Você me tirou da sua vida e eu resignei-me a minha ausência.
Não é tão fácil como parece, mas engoli meu orgulho e aceitei. Parti.
Não há convites, não há discussões, não há cinema, não há café.
Dei meus passos de Alice no seu mundo encantado. Peguei o caminho errado e estou agora só tentando voltar pra casa.
Não imaginaria que tudo fosse ser tão doloroso. O segredo que seus olhos guardavam ia além da minha imaginação.
Não entendo o que é esse vazio dentro de mim, como se houvesse uma ausência de alma.
Pergunto onde meus passos me levam e não consigo entender o que eles respondem.
Estou tomada por uma inquietude que me sufoca. Sinto-me triste como há dias não me sentia. Uma saudade invade todas as coisas que tento pensar e me pergunto, era necessário que fosse assim?
E o pior é saber que os dias serão todos iguais, mil sonhos serão enterrados.
As lágrimas correm de mim.
É horrível a sensação que tenho de estar cada vez mais fora da realidade comum. O que há de errado?
Pela manhã eu parei pra observar a cidade e seus movimentos. Vozes, passos e eu olhava as cenas como se elas estivessem expostas em quadros.
Me despedi dos meus amigos em Londres, aqui era só uma passagem pra aprender o valor de um amor, mais forte que a vida.
E eu que te amo tanto, sufoco meu choro e tento achar um caminho pra aprender a lidar com a dor de te perder dia após dia, sabendo que não estou a altura do seu coração.