domingo, 31 de julho de 2011

Priscila


faz muito tempo que eu não venho aqui...eu tentei resistir e não colocar nada no papel, talvez tentando evitar o registro dos meus últimos dias...dolorosos, chorosos, tristes, cinzas...pálidos.
a luz apagou e eu me perdi em cacos espalhados pelo chão...
desejei morrer pra não sentir a dor que me consumia velozmente a cada segundo, não que ela tenha passado, mas hoje consome de maneira mais lenta dando espaços pra que eu respire.
me encolhi, chorei...
o sofrimento não era uma escolha e sim um caminho sem volta do qual eu não me dei conta de como cheguei até lá...eu contei os passos, olhei pro horizonte e por muitos dias o abismo foi o único espaço que encontrei entre a vida que deixava de ser minha e a que eu queria ter...
não foi fácil me ver dilacerada em tantos pedaços sabendo que muitos deles não irão colar jamais... no espaço vazio que você deixou nada irá ocupar o que ainda é seu e talvez será sempre seu... mas a vida precisava seguir e eu precisava olhar pra ela querendo viver...foi o que fiz...olhei pra ela querendo mais do que tudo algo que só eu poderia me dar...o dever de ser feliz por mim, pra mim...
eu olhei o caminho havia luz, um sol brilhante e gélido de inverno me mostrava que a vida é composta de obstáculos mas que eu era forte o suficiente pra passar por eles e que amar não é um crime é um alimento e um privilégio...sendo assim eu te amei muito e a felicidade estava em te amar por quem você é e não por você retribuir esse amor ou não.
a vida girava tão rápido....e eu precisava caminhar, sentir o vento soprar em meus ouvidos que eu precisava ir em frente...
e assim eu vestia não mais um personagem e sim vestia-me a mim mesma, observando a mim e admirando a mim mesma e querendo a minha vida plena...
os dias passam, as imagens correm diante dos meus olhos...sou tomada por energia que se alimenta da luz do sol que me guia...bem vinda à vida Priscila.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Para Ti




eu tentei resistir e não pensar...eu pensei em desistir e não ir pra não correr o risco...mas nada me faria parar de pensar no como poderia ser bom e assim eu fui...assim me lancei no abismo sem medo do que eu poderia encontrar.
o dia se fazia calmo, um céu azul, um sol lindo e quente viria se apresentar naquela manhã. eu acordei, tomei um banho demorado, mapeando meu próprio corpo, desenhando cada curva por onde eu gostaria que você passasse, perfumei a pele, aqueci a alma, maquiei os olhos como se por eles eu pudesse expressar toda a intensidade da minha paixão...os passos eram certos, firmes e sabiam onde deveriam me levar... eu olhava livros, dentro deles como se fizesse parte das páginas quando você chegou...toda aquela fantasia perdia completamente a graça e me paralisava completamente... a cidade tinha muito de mim e eu desejei morrer para jamais perder aquele instante...o mar batia nas pedras, meu coração acelerava, um vento soprava fazendo a pele arrepiar...eu o desejava com tanta intensidade que meus pés não sentiam o caminhar por entre as pedras...eu precisava de você como o ar pra poder respirar...sentir o calor da sua pele fez um arrepio percorrer todo o meu corpo tentando me lembrar a todo instante de que eu não podia assumir o meu desejo... a beira do mar, sentados sobre as pedras, milhares de pessoas em volta e ao mesmo tempo um silêncio que me faria ouvir sua respiração... entre ruas estreitas, pedras, luminárias, sombras...eu cheguei perto demais do abismo...senti medo...medo de perder pra sempre esse prazer de te contemplar, mesmo que assim...à distância...como se eu não pudesse chegar a te tocar...meu corpo pedia pelo seu... a vida pareceu parar pra nos ver passar... falamos da vida...de planos...vontades...metas...sonhos... e enquanto eu ouvia a sua voz era como uma música perfeita, a qual eu desejaria ouvir pelo resto da vida... eu queria fazer parte dos seus planos e queria te contar como você fazia parte dos meus...a minha casa, meu espaço...eu queria dizer nossa casa, nosso espaço...algumas pinturas de Goya pra mim, Bosh pra você... a vida passa como num conto...e enquanto você imortaliza o tempo, eu me pergunto o que faço com esse frio na barriga, esse desespero e calmaria, essa agonia prazerosa...com as lágrimas que deixo cair esperando que assim eu possa diminuir o que estou sentindo...esse amor que é tão grande que não cabe mais em mim...e ao mesmo tempo penso que eu não sei ficar longe de você... eu quero você na minha rotina, eu quero você nas minhas mais doces lembranças, eu quero você mesmo que assim...meu amigo... eu quero você pra mais um café, pra mais uma brincadeira...eu quero você pra mais uma vez te dizer onde estou...eu quero você pra dizer que vou querer sempre.... e na loucura que faço eu quero você pra pai, pra namorado, pra amigo, pra amante, pra desejar e pra me desejar...pra me tomar em seus braços, me fazer ser a mulher mais feliz do mundo e num piscar de olhos não deixar que isso seja apenas um desejo solitário...eu quero você em Para ti e para mim... cada vez que eu voltar a Parati lembrarei com saudade desse dia como se ele fosse apenas meu...porque eu te amo!