Cheguei a Londres essa manhã, senti uma falta incrível de Ricardo, mas decidi deixá-lo pra trás como fiz com Paris.
Eu não podia mantê-lo comigo.
Penso em tantas coisas agora e ao mesmo tempo não penso em nada com medo do que posso pensar.
Um frio percorre minha espinha quando penso que tudo está tão longe.
Por conta do medicamento, a visão parece turva e os movimentos mais lentos.
Uma agonia fina toma conta dessas horas, não entendo porque estou me sentindo assim.
Você me tirou da sua vida e eu resignei-me a minha ausência.
Não é tão fácil como parece, mas engoli meu orgulho e aceitei. Parti.
Não há convites, não há discussões, não há cinema, não há café.
Dei meus passos de Alice no seu mundo encantado. Peguei o caminho errado e estou agora só tentando voltar pra casa.
Não imaginaria que tudo fosse ser tão doloroso. O segredo que seus olhos guardavam ia além da minha imaginação.
Não entendo o que é esse vazio dentro de mim, como se houvesse uma ausência de alma.
Pergunto onde meus passos me levam e não consigo entender o que eles respondem.
Estou tomada por uma inquietude que me sufoca. Sinto-me triste como há dias não me sentia. Uma saudade invade todas as coisas que tento pensar e me pergunto, era necessário que fosse assim?
E o pior é saber que os dias serão todos iguais, mil sonhos serão enterrados.
As lágrimas correm de mim.
É horrível a sensação que tenho de estar cada vez mais fora da realidade comum. O que há de errado?
Pela manhã eu parei pra observar a cidade e seus movimentos. Vozes, passos e eu olhava as cenas como se elas estivessem expostas em quadros.
Me despedi dos meus amigos em Londres, aqui era só uma passagem pra aprender o valor de um amor, mais forte que a vida.
E eu que te amo tanto, sufoco meu choro e tento achar um caminho pra aprender a lidar com a dor de te perder dia após dia, sabendo que não estou a altura do seu coração.