quinta-feira, 22 de julho de 2010

Corpos














Anjos sem alma, tomados pelo desejo, pelo amor que nos movimenta em direção a outros anjos sem asas.

Viajamos percorrendo as curvas dos copos de quem responde aos nossos anseios.
Mapeamos penhascos, abismos e exploramos o desconhecido à procura do prazer.
Seria capaz de odiá-lo se não o amasse tanto, se o meu desejo não falasse mais alto pra que não fosse possível decorar cada pedaço do seu corpo onde eu viraria escrava só pela plenitude da servidão.
Busco na sua alma o conforto da minha paz. Seco as lágrimas do seu corpo, respiro com exaustão e assumo minha posição de servir ao seu desejo. Me calo nos teus braços me acolhendo ao seu peito e assim meu corpo responde ao ritmo das batidas do seu coração.
Sinto os pés saírem do chão, mergulho fundo e me contento com o prazer que seu corpo emite junto ao meu.
Desenhando meu corpo, decorando cada centímetro da minha pele, consumindo meu perfume, suas mãos ávidas percorrem a minha alma.
Sou tomada por uma alegria e um desejo de infinito.
A linha que separa dor e prazer é tão tênue que eu mal posso sentir o limite.
Me invade, me aperta, me toma e me mata. Morreria nos teus braços, mas sigo seus passos num ato de resignação ao deleite do seu corpo.
Me pegue pra você. Me roube pra você. Me queira junto a você.
Sua boca explora minha pele e descobre meus caminhos mais secretos. Sua língua prova o meu gosto.
Você ri do meu mapa.
Entrelaça seus dedos aos meus cabelos, me aperta...desenha minha nuca, decora minha boca, desbrava meu pescoço, tórax e braços.
Sentimos nossa respiração agitar-se.
Admirando pernas e pés você me conforta no seu peito.
Como um aluno antes da prova, você decora as lições do meu corpo agora entregue a você.
Não seriam necessárias notas pois você foi incapaz de esquecer cada citação da minha alma, cada lição do meu desejo explicita ou implícita no meu espírito.
Me aqueça junto ao seu corpo, ofereça-me o seu prazer.
Condene-me e puna-me: Me ame.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

para a vida (e a morte)

Eu busquei pela minha liberdade. Deixei minhas asas ganharem movimento e assim sorri deixando lágrimas caírem por ser tão importante para mim que elas batam.
Parti em direção ao meu mundo novamente e me sinto a pessoa mais livre e feliz do mundo.
Aprendi que não posso viver presa, que não sei compartilhar o que é só meu.
Respirei o ar como se ele fosse acabar. Senti na pele um arrepio me fazendo lembrar que eu ainda era capaz de sentir algo, que eu havia esquecido de como é boa a sensação.
Ah! essa noite...você me leva a loucura. Acho graça, gosto.
Pulo sem medo no abismo do seu corpo e me deleito com o seu prazer.
Sinto o vento me abraçar e adoro essa sensação de cansaço, a respiração é lenta e doce.
Meu mundo anexo me faz tão bem.
Olhei as luzes da cidade hoje, estavam lindas, um amerelo com áurea de nuvem pelo frio que corria as ruas.
Por mais frio que fosse era essa a liberdade que eu desejava sentir.
Eu voltava pro anexo mas desta vez sem machucados, sem ferimentos.
Era o conforto de voltar pra casa. A tranquilidade me deixava inquieta e me dava um imenso prazer.
Caminhei na areia, olhei o mar, desejei viver e me aqueci ao abraçar minhas pernas enquanto o vento soprava e a agua revolta molhava a areia fina.
Por um instante eu era apenas mais um corpo na imensidão do mar e isso me confortava.
O anonimato me deixa feliz.
Passo pela vida das pessoas e não deixo nada, nem de bom e nem de ruim. Simplesmente tenho liberdade pra partir sem olhar para trás.
Eu levo tudo comigo. O amor, a dor, o prazer, a raiva. Tudo.
Sem assuntos pendentes me dou o luxo de poder morrer pra muita gente todos os dias, fazendo com que elas me esqueçam e não se lembrem nem mesmo quem eu sou.
Boa noite!


quinta-feira, 15 de julho de 2010

Manhã de inverno

O dia amanhecia cinza, chuvoso, melancólico.
A luz do meu abajour vermelho deixava o quarto aconchegante e me fazia desejar não sair do calor das minhas cobertas.
Mas um novo, sim um novo dia precisava começar e assim eu levantei. Ouvia Bjork enquanto a água quente caia sobre meu corpo para o despertar.
Pensei em tantas coisas que senti certa vertigem, mas pensei no que agora seria bom...pensei na vida.
Desejei viver intensamente.
Bom dia!

terça-feira, 13 de julho de 2010

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Predileto - Dolls

Para ouvir Alice

Depois de incontáveis dias eu ouvi Alice e lembrei da ansiedade daquele encontro, do frio na barriga, do frio que percorria minha pele dentro daquele mosteiro.
O lugar era sagrado e o encontro divino.
Vitrais, afrescos, livros e rabiscos nos uniam naquele dia. Regado com café eu olharia um mundo novo naquela tarde de verão quente, com chuva rápida de fim de dia que observávamos da janela.
O sol banhava aquele corpo ainda desconhecido sentado nos degraus daquele lugar tão mágico.
Eu senti o coração bater mais forte e bombear mais que o necessário causando uma pequena e prazerosa descarga de eletricidade.
Meu corpo liberava endorfina e eu tinha uma sensação de liberdade que hoje estou a procura.
Sinto saudade da ansiedade, da descoberta, do interesse, do calor, da felicidade que me tomava por tantos dias.
Ouço Alice, pra lembrar desse dia, pra querer voltar o tempo.
Deixo-me embalar pela melodia doce que me faz flutuar relembrando todos aqueles bons momentos.
Saudades.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Um sorriso pra hoje

Eu esperei tanto por essas novas noticias, mas elas parecem ter menor graça se eu não puder te contar.
Abandonei pamelor, ganhei asas e vejo um horizonte novo.
Desejo com toda vontade que os dias passem correndo pra que o novo chegue logo.
Queria um café como nos velhos tempos pra te contar em detalhes os meus mais novos feitos.
Sinto uma saudade com imenso carinho da sua opinião e das suas dicas, de compartilhar esse momento tão comentado entre nós.
A vida pública e nossos projetos [não nossos no sentido da palavra, mas nossos nos sonhos pra uma cidade inteira], desprendidos de pudores economicos e politicos, com alma urbana de quem tem a cidade dentro de sí e é uma peça nesse quebra-cabeças de encanto, brutalidade e poesia.
No caos poético da metrópole nos damos conta das mesclas que nos encantam, da mistura de sons no que melhor nos define como os que se sentem "fora" do mundo.
Nossos gostos, nossa arte, a sua pintura, o meu filme [cenário], brincamos de ser personagens de nós mesmos, de descobrir um "eu" conturbado tecido urbano que nos presenteia com o que descobrimos nos porões da Pinacoteca, na imensa proteção protendida do Mube, na Casa das Rosas, na boa e velha Augusta de pedaços de pizzas prazerosos, de Espaço Unibanco para quem o cinema vai muito além de uma grande tela e pipocas com manteiga.
A chuva caia e o cappuccino aquecia. Entre cartazes corpos se movimentavam ao som de Bob Dylan.
Wong Kar Wai, Walter Salles, Cao Hamburger, Amos Gitai, Nani Moretti, Dolls, Casa Vazia, Amor a Flor da Pele, Um Beijo Roubado, 2014, Paisagem Azul, o Arco, Educação, O segredo dos seus Olhos, O Quarto do Filho, Uma Vida Iluminada.
Passeamos por todos eles sem qualquer constrangimento, sentindo uma felicidade nunca sentida.
Ansiosa pela FLIP, recolho os guardados de Iberê [Camargo], junto os pedaços de Clarice [Lispector], me deleito com Mario [Vargas Llhosa], abro um leque para Alice e me deixo encantar por um céu que a noite é perfeito.
Aprecio meus personagens no anexo...Ena, Ricardo, Daniel, Jena, Gabi, Fonchito, Lili, Violleta, Pig, Anne...sinto que me tocam e me acalentam pela falta que me fazem pessoas reais.
Divido aqui no anexo a felicidade real que não posso dividir diretamente com quem muito me ensinou para pegar esse caminho que está com sabor de descoberta e de volta pra casa ao mesmo tempo.

domingo, 4 de julho de 2010

Liberdade

Estou tentando respirar, mas o ar as vezes é tão raro.
Sinto que estou presa e não consigo sair. É como se tivesse mergulhado e não conseguisse voltar a superfície.
Sinto falta da minha plena liberdade.