O tempo está fechado e as nuvens choram fortemente...em dias como hoje o que me resta na vida é escrever, talvez contar para os meus papeis planos que eu jamais alcançarei. Por mais que me digam que tenho que seguir em frente, hoje essa não é minha vontade, sempre é mais fácil pra quem está de fora.
Eu desejei, eu brinquei, eu sorri, eu quis, eu amei (ou amo), mas é preciso deixar ir, é preciso enterrar os mortos e deixá-los descansar. Sem direito a despedidas eu fui tomada por uma sentença que não coube a mim questionar, ou melhor, eu não tive o direito de questionar. Aceitei minha pena...ironicamente crime e castigo, eu disse isso nas primeiras mensagens que trocamos.
Percebi nesta tarde o quão frágil eu sou diante dos problemas que não sei resolver.
Buscando um novo caminho, me deparei com uma idéia antiga e arquivada mas que agora parece fazer muito mais sentido do que há precisamente doze anos atrás. A questão já não me assusta...sentiria apenas pelas pessoas que deixarei do lado de fora e pelo amor ao meu trabalho, algo tão difícil de conquistar.
Em meus passos já não vejo mais aquela menina...mas em mim encontro uma decisão que ainda precisa ser amadurecida, mas talvez seja a mais acertada.
Preciso encontrar uma paz pela qual meu corpo e minha alma procuram agora...me sinto cansada.
As vezes parece loucura mas cada vez mais encontro razões.
A cabeça dói...os pés não respondem aos passos...partir...esse é novo rumo, a nova história.
Faria parte desta mudança, dilacerar este espaço, mas sem nostalgia é a única forma de memória do que fiz e do que fui...embora não haja porque manter lembranças, será sempre uma forma de olhar pra trás. J. cuidará disso pra mim...esquecer-me de mim...escrever sem dor.
Quando a última esperança acaba, sabemos que chegou ao final. Eu demorei muito pra olhar e enxergar, pra ouvir e escutar. Não compreendi, mas aceitei...forçadamente meu corpo parou, não abri os olhos, senti as lágrimas chegarem a boca, o gosto não era amargo pois não há nada de ruim no sentimento que me faz chorar...lembranças do que fomos, planos que nunca cumprimos, desejos que não se realizaram...como quem arruma uma mala para uma viagem rápida, vou levar apenas o necessário para sobreviver a mim. Não é a falta que se faz presente, são os gestos que se fazem ausentes.
Não há o que reclamar...não há o que questionar...passo pela vida...abandono a última esperança...a tal burrice bonita.