terça-feira, 22 de março de 2011

Jardim para as borboletas















o céu amanheceu num azul pálido...fraco, assim como o meu corpo que não sei como se suportava em pé, eu sentia o peso de um mundo inteiro sobre minhas costas.

olhei a minha volta, perdi o horizonte, minhas borboletas estavam no chão e sem nenhuma vida.
o que um dia tinha sido um lindo e mágico jardim se resumia a folhas secas, um chão de terra batida molhado pelas minhas lágrimas que não cessavam.
decidi que o isolamento era o bem mais necessário nesse minuto, o anexo estava destruído...seria preciso cuidar daquelas raízes que transbordavam da terra formando cicatrizes fundas e dolorosas.
grandes fissuras numa pele nua...as flores estavam mortas.
guardei as cartas, guardei os livros, guardei o que estava sentindo, guardei tanto amor e carinho...fiquei vazia.
um vazio que doía dos calcanhares, as unhas e a raiz dos cabelos.
limpei os passos, apaguei o desenho que compunha esse mundo mágico agora completamente dilacerado.
estou podando o jardim e cuidando bem de mim...
é preciso, juntei as folhas secas, reguei a terra com as últimas lágrimas, enterrei as borboletas, cobri as fissuras das raízes, respirei, fiz uma prece e adormeci no chão ainda húmido sentindo todo o cansaço de um coração ferido.