terça-feira, 31 de maio de 2011

Gestos e os Jasmins



sem palavras não precisávamos dizer o que os olhos denunciavam...éramos desejo e volúpia misturados numa urgência sem precedentes.

as mãos eram ávidas ao caminhar pelo corpo, os olhos diziam mais do que a boca conseguiria pronunciar e a boca percorria caminhos desertos, desconhecidos que mais pareciam ter sido desenhados para o encaixe perfeito.
o toque era doce, suave, delicado...tatiando a vida através das sensações que causava você sorria ao ver meus olhos se fecharem...eu me apegava a você como se assim pudesse me proteger.

tudo parecia em camera lenta, o perfume dos jasmins invadia todos os espaços...você tocava meu corpo e lágrimas brotavam, rolavam pelo rosto, misturando-se a saliva deixavam a boca com gosto de sal, com gosto de vida...

os gestos, o movimento do corpo, a intenção de exprimir algo que vinha além da alma, do desejo, da volúpia e do desespero.

a noite era gélida, fria e clara, tão clara como jamais numa noite de outono...o corpo tremia, a alma se repetia em alegria e euforia.

eu caminhei pela rua...o tecido era fino...não protegia do frio e do orvalho da madrugada que começava a chegar...a cidade nua me recebia...meus pés tocavam o asfalto já humedecido pela névoa que deixava a paisagem melancólica mas de um prazer indescritível...

do alto eu via janelas de luzes acesas denunciando uma vida noturna, talvez solitária, talvez acompanhada...numa taça de vinho você me ofereceria a liberdade...o mais doce dos venenos...me condenaria a eternidade por um gole da sua compaixão...

por clemencia, por indulgência, por misericordia ou súplica...com leveza... por alma, por prazer, por ausência, por presença, por invasão, por posse, por uso...assim seja...sempre..



segunda-feira, 2 de maio de 2011

piedade


uma garoa fina recaia sobre a cidade esta manhã...acordei no susto de um suspiro no meio de um pesadelo...abri os olhos e demorei a querer sair daquele aconchego do esquecimento entre as cobertas...minhas companhias que sempre estão dispostas a me acolher.
desejei ser criança só para dizer que eu não queria ir...mas a idade me abateu e eu tive que levantar e enfrentar as responsabilidades de um dia cheio de coisas pra fazer. o corpo doía e por mais que a sensação fosse física, era a alma que se fazia repleta de ferimentos sem tempo pra cuidados e cicatrizações. como diz M. minha auto-piedade o incomoda...e o que ele chama de auto-piedade, eu chamo de realidade nua. não há segredos dentro dela e não há nada que a faça ter valor por onde ando...minha compaixão miserircodiosa não afeta e muito menos prejudica quem de fora não faça idéia de que ela exista...os passos são lentos, uma alma velha, um corpo cansado sem ter vivido, junto cacos e monto meus mosaicos dia a dia, me recorto em mil pedaços para que qualquer dor seja menor que o vazio que me consome. estou no meio da multidão e sou mais um rosto na paisagem cinza avermelhada dos fins de tarde de outono. sinto o frio recortar a pele e fazer com que as cicatrizes aparecem em superfície... procuro sentidos...me faço perguntas sem respostas...desejo uma paz que minha inquietude não consegue encontrar... repenso planos e talvez alguns pensamentos antigos tenham maior sentido agora e os planos voltam a ter uma intensidade que já se faziam semi mortas dentro de mim. auto piedade, auto compaixão, auto misericórdia...isso pesa e as vezes me faz ficar assim querendo não sair da minha auto proteção. e assim me protejo de mim mesma...

domingo, 1 de maio de 2011

Ohne Dich ist alles doof

uma chuva cai intensamente do lado de fora, do lado de dentro aqui estou aos prantos, escondendo uma dor que eu não sei de onde vem mas que me carrega hoje desde a hora que abri os olhos.
permaneço calada e imersa em meus pensamentos viajantes, sou interrompida por Alex e Niki que insistem em me questionar o que está acontecendo comigo e qual o motivo do meu silêncio...eu suspiro e não tenho vontade de falar, as lágrimas escorrem pelo rosto deixando claro que algo não se faz bem e eu me encolho com vergonha da minha própria fraqueza.
o dia se faz um nublado mais escuro que o de costume, um frio percorre toda a casa deixando claro que o piso frio não aquece no inverno...eu me encolho...me deixo de lado...me apago e me nego em nome do que eu não sei que está acontecendo.
só queria entender o que fiz, pra ficar mais claro o porque de tudo isso.
Me despeço...