sem palavras não precisávamos dizer o que os olhos denunciavam...éramos desejo e volúpia misturados numa urgência sem precedentes.
as mãos eram ávidas ao caminhar pelo corpo, os olhos diziam mais do que a boca conseguiria pronunciar e a boca percorria caminhos desertos, desconhecidos que mais pareciam ter sido desenhados para o encaixe perfeito.
o toque era doce, suave, delicado...tatiando a vida através das sensações que causava você sorria ao ver meus olhos se fecharem...eu me apegava a você como se assim pudesse me proteger.
tudo parecia em camera lenta, o perfume dos jasmins invadia todos os espaços...você tocava meu corpo e lágrimas brotavam, rolavam pelo rosto, misturando-se a saliva deixavam a boca com gosto de sal, com gosto de vida...
os gestos, o movimento do corpo, a intenção de exprimir algo que vinha além da alma, do desejo, da volúpia e do desespero.
a noite era gélida, fria e clara, tão clara como jamais numa noite de outono...o corpo tremia, a alma se repetia em alegria e euforia.
eu caminhei pela rua...o tecido era fino...não protegia do frio e do orvalho da madrugada que começava a chegar...a cidade nua me recebia...meus pés tocavam o asfalto já humedecido pela névoa que deixava a paisagem melancólica mas de um prazer indescritível...
do alto eu via janelas de luzes acesas denunciando uma vida noturna, talvez solitária, talvez acompanhada...numa taça de vinho você me ofereceria a liberdade...o mais doce dos venenos...me condenaria a eternidade por um gole da sua compaixão...
por clemencia, por indulgência, por misericordia ou súplica...com leveza... por alma, por prazer, por ausência, por presença, por invasão, por posse, por uso...assim seja...sempre..