terça-feira, 17 de agosto de 2010

a despedida


















pega pela surpresa...hoje me despedi de Martín e Laura.

foi doloroso, doído, algo dóia no fundo da alma, no fundo do estômago...


senti minhas lágrimas escorrerem ao lado de Martín, quem imaginaria essa despedida de Laura.
me coloquei no seu lugar...lembrei-me de algumas despedidas minhas mas nenhuma tão dolorosa, tão sofrida como a sua, porém, me vi diante de amores antigos, amores novos e todos não vividos, tão intensos e tão pouco sôfregos e doeu, doeu muito.


pensei na vida...pensei na morte...


pensei em mim e pensei em ti...


caminhei pelas ruas frias essa manhã acalentando Martín...dizer que Avellaneda...Laura Avellaneda tinha morrido me fazia sofrer como se eu pudesse compreender o sofrimento de Martín...o amor lhe pregara uma peça.


ele precisava dela, precisava da presença...seu perfume ainda transbordava das roupas no armário...um perfume que sempre esteve alí mas só se fez presente pela ausência.


ele precisava dela, eu precisava deles...




tive que partir...olhei as ruas, o movimento frenético das pessoas que pra mim se mostravam em camera lenta.


senti como se tivesse apanhado...o ar me faltou e ao mesmo tempo pareceu-me sufocar...


eu precisava deles, ele precisava dela...


eu precisava daquele amor, alimentado a conta gotas...


eu precisaria daquele amor adulto e da ingenuidade do aceite...do encanto, do doce prazer...




Martín me dizia como eram belos seus momentos com Avellaneda, eu pensava nos momentos que eu nunca viveria.




O seu medo da morte, a sua dor pela morte.


O seu respeito a Deus, a sua dúvida...


a sua súplica...o desespero.




porque tudo acaba assim? o que ele faria de seu destino? o que eu faria sem eles?




desejei poder dizer isso a uma certa pessoa...


Martín e Laura me ensinaram tanto.


e eu aprendi comigo tanto nos últimos meses.




não sei mais dizer que eu amo...simplesmente porque não se gasta isso com qualquer pessoa, nem se repete isso como se fosse a coisa mais comum do mundo.




para se receber isso é preciso de fato ser especial, é preciso merecer, é preciso caber em tal.




quando cheguei a plataforma, sequei minhas lágrimas apagando as marcas da ultima batalha.


me despedi de vocês e não pude olhar pra trás...


olhei pra você pela última vez e doeu tão fundo que me fez perder o fôlego.


lembrei-me das travessuras, de quando...um nó na garganta tomou conta de mim...deixei o choro escapar e parti.




doeu, dói e estará doendo sempre...


deixei Montevidéu esta manhã.

domingo, 15 de agosto de 2010

sábado, 14 de agosto de 2010

para a noite fria



















a noite está fria e luminosa. a lua se faz presente, as estrelas a contemplam.
o céu se faz claro e doce apesar do frio, parei pra apreciar...sentei-me na beiradinha da varanda e fiquei a pensar no que você estaria fazendo e ri de mim mesma.
lembrei das brincadeiras, do sorriso fácil, da alma doce, do sentimento doce.
fiz minha prece...
olhei pra mim e me vi ganhar asas e voar sem limites pra saber onde eu deveria chegar.
a vida se abre diante dos meus pés...é preciso caminhar, seguir meus passos rumo ao destino que me aguarda.
senti o vento me atravessar e uma paz de vida me invadir.
desejei viver mais do que tudo e mais do que tudo que vivi.
eu quis um mundo novo, um sorriso novo, um ar novo.

eu desejei, eu pulei, eu corri...
senti você me tocar e estremeci pelo arrepio da minha pele em contato com a sua.
você me via pelo avesso, me despia com a forma que me olhava...
a nudez me comovia, a pele clara sob a luz das velas, eu sorria, você me amava.

em seus braços o mundo pareceria meu, somente meu.

domingo, 8 de agosto de 2010

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Tão bonito que doeu

como por uns instantes pode me passar pela cabeça que seria diferente?
como pude agir tão infantilmente?
as vezes a minha punição é minha própria consciência, pois em que momento eu pude imaginar que seria algo diferente?
hoje o frio da cidade se faz presente de uma maneira mais cortante. Buenos Aires amanhece abrilhantada pelo sol doce mas sem calor, característico do inverno.

olhei da minha janela e decidi ir tomar um café. Na Calle Florida com a Paraguay me dei conta que segurava com veemência e força como se fossem meus únicos amigos Laura e Martín, o frio me cortava a pele e faziam ficar rosadas as minhas bochechas de menina "fofinha".

entrei no Havana e me servi de um bom vanilla...ah! adoro olhar aquela barrinha de chocolate se desfazer no leite fervente, só que hoje olhar essa barrinha tinha outro significado.
a barrinha derretia e eu engolia em seco o choro reprimido pois era assim que eu estava essa manhã.
coloquei meus sentimentos dentro de um leite fervente, com delicadeza e suavidade ele foi derretendo até não sobrar vestígios.
era capaz de colorir o leite porém inimaginável de que tenha existido de maneira sólida.
Martín falava sobre o como era bom fazer amor com Laura e como ele a achava bela em seus braços.
ele falava comigo mas somente algumas de suas palavras eu conseguia absorver, deixei algumas lágrimas molharem as letras que ficaram meio turvas, pisquei para que os olhos voltassem a enxergar com clareza.
inerte eu olhava sem ver na minha janela uma Buenos Aires que acordava.
um grupo de pessoas adentrou o café fazendo barulho e me despertou...olhei e algo chamou-me a atenção, por um instante julguei ver seus olhos e aquele brilho de infância, mas entristeceu-me constatar que era apenas fruto do meu desejo.
levantei-me, paguei meu café e sai rumo a livraria El Ateneo, passei lá entre livros e personagens a maior parte do dia.
quando voltei já caia a tarde e Calle Florida dava lugar ao Tango, doloroso e triste me tocou a parar para ouvir.
ah! quanto tempo eu não me deleitava em ouvir aquela melodia forte, cheia de significados dolorosos, sacrificantes.
chorei por mim.
cheguei, abri a porta, fechei e o silencio se fez presente.
me despi, deixei a agua quente aquecer o corpo e num instinto de lavar a alma chorosa.
chorei sem pudores tudo que estava contido o dia todo, adormeci pelo cansaço que os olhos pediam para fechar.
me despeço assim...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Melancolia



amanheci tomada por uma melancolia.
o dia se faz cinza e frio, peguei meu livro, minha bolsa e mais umas coisas e sai...me transportei por muitos lugares até que parei em Toledo e apreciei a paisagem medieval.
por uns instantes senti o corpo vazio de algo que estava sendo preenchido todos esses dias, rezei por mim e deixei umas lágrimas pela minha promessa noturna.
desejei não ter que sair da cama pra poder ficar protegida entre as minhas cobertas.
lembrei-me dos risos e dos sorrisos, algo doeu o coração. saudade talvez, por saber que esse friozinho que corre pelo corpo, pela felicidade transbordante, pelo riso fácil e sem pudores.
ah! senti os pêlos arrepiarem só de pensar em ti, a pele transpirava ao senti o perfume envolvente.
caminhei pelas ruas estreitas e cobertas para nos proteger do sol, apreciei a arte.
como passar sem olhar para as esculturas, paisagens urbanas e de uma beleza incrédula.
desde ontem estou tomada por pensamentos que perguntam a definição do belo.
nas artes o belo é relativo e o conceito de beleza muitas vezes tortuoso, porém pra nós seres humanos o belo é a deturpação completa do sentimento.
você pode sentir, mas nem sempre ser belo.
voltei a madrid, diante de "as meninas" de Velasquez me fiz a mesma pergunta, o que é belo?
porque a beleza não me contemplou? talvez haja alguma explicação pra isso que eu jamais saiba.
talvez eu prefira acreditar que exista uma beleza no interior que poucos seriam capaz de ver e porque essa sim é uma beleza que me deixa feliz.
a beleza dos gestos, do riso fácil, da doçura dos olhos, do calor dos braços que ofereço para serem afagos.
eu gostaria de ter coragem para te oferecer essa minha beleza, mas intimamente sei que não seria possível.
a beleza lhe pertence, motivo de cobiça, de audácia e ousadia.
ah! eu queria contar as minhas ousadias...mas guardei tudo na caixinha...e estou acompanhando a bailarina dançar, antes de fecha-la.
queria ser doce e leve como ela, rodopiar em seus braços, flutuar em sapatilhas de ponta, sentindo a liberdade de voar sobre meus pés.


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Contra ponto




Um vento assoprava o dia, como se quisesse empurrar as horas que teimavam em não passar.
Passei horas velando seu sorriso, redesenhando o contorno da sua boca, apreciando seus olhos castanhos com brilho de infância. E decidi me colocar no lugar, uma resignação talvez, mas não triste apenas consciente que nesse tabuleiro eu não sei jogar. Meus jogos são simples demais pra você. Como diria Mario Quintana, estou melancólica ou apenas uma forma romântica de entender a tristeza. Senti saudades da França, do abraço doce da Rosita, de sorrir apenas em ver a vida passar, de comer croissant recém saído do forno, de ouvir as vozes como poemas declamados. E o curioso de tudo é entender...entender que não há espaço pra mim e mesmo assim minha alegria transborda por poder desfrutar do seu sorriso e do abraço carinhoso de todos os reencontros. Mergulho sem olhar pra trás no que me resta, meus romances de cabeceira...Laura e Martín são os recém chegados. Acho que quando envelhecer vou acabar por virar um personagem...rs pois eles tem uma força que eu não tenho, uma força que eu desconheço e ao mesmo tempo são menos habilidosos do que eu pra entrar e sair de cena sem ser lembrado ou notado. Passeio pelas multidões sem que elas percebam a minha presença. Olhei-me no espelho essa noite e compreendi tudo que me foi dito. Não há chances...25 anos de aprendizado ensinam muitas coisas e uma delas é saber onde não se deve jogar. Retirei meus dados, eles eram pequenos demais pra essa competição onde contando as casas do tabuleiro eu não conseguiria me transformar na Cinderela e nem sapatinho de cristal. O príncipe não tem como me achar. Perdi a fada madrinha. Busco uma trégua mas já joguei a toalha e recolhi meus peões. Obrigada por essa presença doce e cheia de vida que me move. Game over!

domingo, 1 de agosto de 2010

Lindo como o sol nascente


Com gosto especial, com gosto de quero mais, com gosto de quem só queria gostar.
Esses eram os pensamentos para o nascer do sol desta manhã.
O relógio marcava 6h00 o novo dia começava e nós ainda nos despedíamos do dia de ontem.
Dando voltas pela cidade que ainda dormia, eu ainda caminhava para a minha despedida do dia.
Você se apresentava maravilhosamente bem, destacando-se na multidão onde iluminava tudo a sua volta.
Um sorriso doce e de menino permeava a face. Ali talvez fossemos todos crianças novamente.
Estávamos de novo em casa só que onze anos depois...muito se fazia diferente e isso me assustava pelos novos pensamentos que me tomavam horas do dia.
Com medo desse "novo" eu me desviava embora não fosse o que eu queria.
O perfume me envolvia, eu queria te tocar e não podia. Eu queria ir além mas não me era permitido. Como algo proibido eu me puniria pelo que estava sentindo naquele momento.
Você era o meu desejo secreto.
Tentei justificar pra mim que isso não existia e de fato não existia até encontrar agora dentro de mim algo que me motiva, me dá vida, me deixa feliz.
Não importa o quanto distante você seja de mim, eu aproveitarei cada gota dessa felicidade que me chama, que me fez olhar hoje para o amanhecer da cidade pelo vidro do carro e pensar que sou a pessoa mais feliz do mundo.
A distância nos faz crescer e nos seus olhos eu vejo um futuro tão lindo quanto o sol nascente desta manhã. Bom dia!