quarta-feira, 10 de novembro de 2010

la tristesse fait partie de l'amour



Eu olhava como os galhos das árvores se moviam com velocidade anunciando que a tempestade viria.
sentei para esperar pela chuva e a cada vez que os galhos se balançavam eu sentia uma certa inveja pela liberdade que tinham.
fiquei ali uma hora, duas, um dia inteiro e a chuva não veio, não veio e não lavei minha alma.
observei o movimento das pessoas, vi pessoas como eu e outras muito diferentes.
dizem que a gente deve alimentar os sonhos mas hoje cheguei a conclusão de que não tenho mais o que alimentar, ou melhor, cansei de alimentar o que demorei pra descobrir não me pertencer.
brincamos de viver enquanto esperamos morrer com dignidade.
quando criança eu vi "a bela e a fera" que nos ensinava a não olhar o que há por fora e sim o que há por dentro das pessoas, acho que aprendi, mas assim descobri também quem eu sou e me conformei a que lado eu pertencia.
os sonhos foram ficando mais secos, diminuindo e tudo que estava ao meu alcance foi feito, hoje olho pra trás e sim, mesmo que eu seja a única a isso sinto orgulho pela determinação, pelo empenho, pelo sacrifício mas ainda assim com o prazer da linha de chegada e eu cheguei, cheguei
aos sonhos que eu pude, aos sonhos que não dependiam diretamente de outras pessoas além da minha família, assim me condicionei a desejar apenas o que eu poderia alcançar "sozinha".
hoje o dia amanheceu como eu...cinza, triste, solitário, um pouco amargo, talvez ácido, mas acima de tudo com nuvens carregadas que foi difícil segurar o dia todo.
eu precisava chorar, ficar quietinha, escrever essas palavras.
estou triste sim e muito, mas vai passar, sempre passa ou melhor acho que ao longo do tempo assim como os sonhos que aprendi a não desejar, também aprendi a lidar com essa minha tristeza. Existem dias em que dói, uma dor fininha no coração e faz com que o ar pareça faltar.
Aí é quando eu respiro fundo, olho pro nada com olhos perdidos no tempo de quem não se deu conta ainda que o tempo vai acabando devagar demais as vezes, rápido demais outras tantas.
deixo as lágrimas caírem e procuro um esconderijo só meu para ficar lá até que a dorzinha diminui ou que eu simplesmente aprenda a conviver com ela, com mais uma, sim as vezes elas chegam e se instalam.
as vezes viver é difícil e já ouvi algumas frases do tipo não disseram que seria fácil apenas que valeria a pena.
mas será que é assim mesmo? acho que tudo vai de uma outra frase também que diz bem vindo ao convívio dos eleitos.
e ai está outra questão, que eleitos? nem sempre fazemos parte desta eleição porque quando acordamos do conto de fadas percebemos onde está o erro, estamos alimentando sonhos que jamais alcançaremos.
é um bocado triste quando se descobre que alguns sonhos não podemos contemplar nem mesmo em sonhos, seria sofrer duas vezes, seria cruel demais alimentar o desejo do que jamais irá existir e ao mesmo tempo cairmos nessa armadilha.
alimentamos sonhos que sem nenhuma piedade nos dizem que são sonhos falidos e ainda riem sarcasticamente do que desejamos como se dissessem "onde você imaginou que isso poderia lhe acontecer?" e o pior de tudo não é ouvir, não é...e sim, saber que se tem razão.
ah! essa talvez seja a maior crueldade, se permitir sonhar e cair da nuvem quando descobre que "este" tipo de sonho é impossível a si.
caminho pertinho do abismo, brinco com os pés antes de me deixar cair, pareço infantil e as vezes é como uma criança mesmo que me sinto, tentando me proteger de mim mesma vou criando labirintos por onde eu possa andar sem que me vejam chorar.
desapareço como fumaça e não deixo caminhos abertos...não há uma ausência de uma presença jamais notada.
fechei os olhos e deixei o vento me assoprar...vi pessoas agitadas andando perto de mim mas eu não era capaz de ouvi-las, senti o gosto do meu sangue na garganta e de repente tudo ficou iluminado, eu não sentia dor mas era incapaz de mover qualquer parte do meu corpo...você sorriu e eu perdi você dos meus olhos.
voei sem ter asas.