terça-feira, 21 de setembro de 2010

sob o céu




















as vezes me pego pensando no que houve com as minhas escolhas, porque tudo que quero de certa forma me escapa aos dedos?!
no fundo, minha insignificancia, não pode resolver o que eu nem mesma sei se teria solução.
onde foi que me transformei na pessoa que sou? busco uma felicidade constante que julgo jamais alcançar.
estou muito a parte do mundo que me cerca, meus passos são sempre contrários.
como mostra meu destino, a solidão é algo que eu não terei como fugir.
o que há de errado comigo? já me fiz tantas vezes essa pergunta. onde foi que perdi tantas coisas?
há quanto tempo venho nadando?, estou cansada, decidi não remar contra a maré revolta, ficarei a deriva até que uma onda me bata e me leve.
quando eu me for não deixarei vestígios da minha presença, não darei motivos de lembranças, pois por mais doloroso que seja a mim, não significará nada aos restante.
de certa forma um alívio me toma na certeza de saber que não fiz ninguém sofrer e muitos menos que deixarei assuntos pendentes - não sou de assuntos pendentes - não fiz nada representativo e não farei nada que possa ser lembrado, sentido ou causar algum pensamento a meu respeito.
tenho medo, não nego, mas tenho medo de escuro e tenho medo do meu próprio medo.
quando eu me for só quero calma.
de tarde quero descansar, subir nas pedras ver, deixar a onda me acertar e o vento levar tudo embora.
não deixarei saudades, lembranças, nem doces e nem amargas.
passei pela vida sem que minha presença fosse notada e minha ausência jamais será sentida.
de tudo que escrevo, só eu saberei o verdadeiro significado das palavras que ficarão soltas.
transformo minha ausência em palavras mortas.
quanto mais perto do abismo mais sinto que tudo tinha que ser assim, eu quis ser contra, mas isso é em vão.
não se pode fugir sempre e eu até que fugi por longos 26.
as coisas poderiam ser diferentes, mas não são.
gosto das fotos, da conversa com ar de interior e cheiro de mato molhado, me escondo e ouço calada suas palavras em direção a outra.
vivo em mundo anexo a minha realidade e assim alimento meu dia a dia, ficando inerte aos acontecimentos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Inacabado

















as vezes tudo é tão confuso, fico me perguntando onde foi que as coisas deram errado e me condenando pelo simples fato de existir, queria ser imperceptível e queria não machucar as poucas pessoas que percebem minha existência fria e dispensável.
o dia hoje amanheceu pesando mais que os outros, parei, pensei e vi que de certa forma tudo se perde.
ao longo da vida buscamos tudo que queremos e no fim não ficamos com nada.
perdemos os anos, perdemos os sorrisos, a vivacidade da juventude, a força do corpo que se vai com a idade que chega, a vontade de sonhar, a alegria de viver, o sabor do que ainda queremos aprender e viver.
perdemos o amor...enxergamos o vazio, a solidão, o medo, o não estar, o não poder voltar e aprendemos a viver das lembranças, das memórias que com cuidado guardamos na caixinha e vamos consumindo pouco a pouco, delicadamente, cuidadosamente.
lembrei do dia que ouvimos "Quelq'un m'a dit" naquela noite meio fria, em que falamos de Paris,da poesia de Mario Quintana, do sabor doce das conversas noturnas regadas a vinho.
lembrei com saudade do dia que rimos de nós mesmos, da nossa ingenuidade, da nossa ternura, da sua doçura, do meu humor ácido, a completa sintonia do corpo, no encaixe perfeito.
e no fim tudo se perde...outros braços vão te abraçar, outra boca vai te beijar, outros olhos vão encontrar os seus e ver o que há por trás do brilho que eles emitem.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A porta para os 26




















faz uns dias que não venho por aqui. mas hoje isso se fazia tão necessário que até me assustei com essa urgência. um dia de surpresas, mas surpresas que apenas fizeram desmoronar algumas coisas. parece que de certa forma tudo que toco, vira pó. mais um ciclo se fecha e nada muito especial foi feito, dá uma certa sensação de fracasso, pois muito foi batalhado para que algo desse certo e no fim das contas estou com saldo meio negativo. se ainda fosse zero a zero até podia ser mais aceitável, porém eu corri, batalhei, briguei, lutei e morri na praia. eu fiz tentativas mas elas pareciam casas sem fundação, afundaram com o que eu tinha de idéia pra conseguir compartilhar as minhas coisas. a minha "loucura" jamais foi entendida e eu necessitava de um friozinho na barriga que eu não encontrei. uma busca constante toma conta dos meus dias...planejamento e projeto. pelo meu desejo o planejamento...por imposição o projeto. o que consegui em 12 meses? não sei responder. estou viva, isso é uma grande conquista, sim é, ainda mais quando se esteve com medo de morrer...rs sim, eu tive com medo. medo de deixar quem eu nem conheci, medo de deixar quem eu amo e não preciso justificar porque amo tanto. medo de morrer sem saber de um lado que eu apenas ouço dizer ser doce, mas que no alto dos meus mais recém completados 26 anos eu ainda não vivi e me pergunto se um dia viverei. as vezes paro pra pensar, pra olhar e refletir sobre mim mesma e é como ter ficado parada no tempo. quase poderia dizer que ao invés de 26 eu tenho 16 com um pouco de sonhos a menos, não porque eu os tenha deixado de sonhar, apenas porque compreendi a minha distância em relação a eles, e tem dias que essa realidade machuca um pouco, mas passa, sempre passa. ontem parte dessas lembranças, não exatamente as dos 16 mas as de uns bons anos atrás me apareceu assim na frente dos olhos sem que eu precisasse lembrar, não doeu, mas tinha um gostinho amargo. passei esses dias entregue a Hu como carinhosamente vou chama-lo e seu amor por Eleonora. Que friamente brincava com seus sentimentos testando até onde o seu amor era capaz de suportar. Sufocando-o, matando-o com sua indiferença, só fazia com que ele a amasse mais. um amor já quase em ritmo de obcessão, ele a desejava, a consumia, a sentia. seu sucesso viria justamente com a forma de retrata-la em seus quadros...as nudezas de eleonora, era o amor em doces pinceladas. lembrei-me dos meus desejos, dos meus sonhos, senti saudades de Ricardo na estação a espera. ganhei novos personagens na minha prateleira, talvez Martin tenha coisas parecidas com Ricardo, um amor além da forças, um amor que por amar tanto abra mão do seu sentimento por amar demais. Martin não podia viver sem Avellaneda....sem Laura. Ricardo não podia viver sem a menina má, Lili e eu não poderei viver sem alguém? acho que acostumei a ver meu mundo pelos olhos deles. a viver o mundo deles. enfim este ano quando cortei meu bolo, desejei apenas ser feliz. que assim seja.