sábado, 19 de setembro de 2015

Cartas Trocadas

Para Yuki

Os primeiros raios de sol começavam a transpassar a cortina de véu branco que cobria a janela.Logo que tocaram meu rosto
despertei ainda procurando entender o que havia acontecido. Meu braço dormente ainda a envolvia, e vê-la aconchegada e inocente fez me desistir de tentar me mover. Com o olhar percorria as curvas de seu corpo, sua boca rosada parecia esculpida às minúcias. Teu perfume suave penetrava minhas narinas e fazia-me recordar da noite anterior. As roupas espalhadas pela sala davam pistas indiscretas da loucura em que dois corpos em ebulição de desejo e loucura se haviam lançado. Horas antes nenhum dos dois sequer podia imaginar que aquilo podia acontecer. Tampouco que seria tão mágico. 

Sobre a mesa a taça de vinho com marcas de batom fazia companhia à garrafa vazia e a outra taça onde ainda restava um ultimo pequeno gole. Uma cadeira, algumas almofadas...
Todas testemunhas daquela noite mágica. O som ainda tocava baixinho as musicas que nos envolveram noite afora. Estava sonhando? Seu corpo seminu coberto pela fina camisola transparente, deixava a mostra suas lindas curvas. Seus cabelos cobriam meu peito, e de tão macios se confundiam ao toque com os lençóis. Ficava pensando em que você estaria sonhando?

Tudo era tão louco e tão confuso àquela hora da manhã... Podia sentir a brisa leve entrando pela fresta da janela. Sentia sua respiração leve, tranquila, como se por um momento todo o caos de nossas vidas tivesse desaparecido. Éramos eu, você, a cortina, as toalhas, nossas roupas... Um misto de paixão incontrolável e desejo, espalhando-se pela sala que não tinha fim. Nosso universo de emoções, sentimentos, paixão, desejo e loucura. 

Agora éramos só nós, abraçados, nada mais. Apenas os primeiros raios de sol a tocar meu rosto despertando-me da noite mágica que de tão perfeita e breve, parecia não ter fim.


Para Heron

Naquela manhã eu também tentei entender o que tinha sido sonho e o que seria aquela realidade tão cheia de novos sabores. Havia uma vontade de permanecer em seus braços para sempre, o calor da sua pele me aquecia e a vida parecia uma grande brincadeira.
Quanto tempo eu demorei esperando por você? Mas nenhum tempo importava mais, depois que eu abri os olhos e você sorrindo me disse bom dia!

Eu sorri de volta, numa transbordante alegria...meu corpo estava inebriado de você e nada mais poderia apagar aquele instante. 
as coisas não fariam muito sentido nem pra mim nem pra vc, porém abria-se um novo universo em que estávamos ávidos a descobrir.

Deslizei sobre seu corpo e com a máxima certeza possível entreguei-me aquele prazer matinal. Cochichei no seu ouvido que não importava o que seria daquele ponto em diante...eu era sua.

beijei sua boca com ar de criança sapeca...tentei levantar ao que vc me puxou detendo-me na cama...o sol que entrava pela janela iluminava seu rosto, o lençol branco faria um fundo para tamanha beleza, olhando nos seus olhos eu sorria e lembrava da minha emoção diante de um Velázquez e não podia imaginar que seu corpo sobre mim seria uma emoção muito maior.

com volúpia deixei-me conduzir...pelo desejo, pela paixão....

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Pra relembrar...


a noite era de outono, fria e limpa como nenhuma outra...eu me aquecia junto a lareira enquanto você abria a garrafa de um vinho que sabe que eu aprecio.
eu observava aquele ambiente entre as cores amarelo alaranjadas do fogo e a taça que você me oferecia. 
um certo torpor me faria sorrir sem restrições a minha vontade...no seu playlist estratégico as músicas se passavam aquecendo a alma e me instigando a dançar ao ouvir uns acordes um tanto quanto provocativos...seus olhos me acompanhavam e me despiam sem me tocar...a cena tinha nuances que variavam entre o doce e sensual...mas foi extremamente contagiante.
Descalça eu deslizava na pontas dos pés como uma bailarina que esqueceu as sapatilhas...você sentado nas almofadas junto ao fogo achava graça e sorria...enquanto eu sentia cada nota tocar meu corpo e acompanhada pela taça de vinho em uma das mãos eu sorria de volta.

Você se levantou e me estendeu a mão...como em uma brincadeira eu agradeci ao cavalheiro que me convidava e segurei sua mão....ao que você me puxou pela cintura e me aconchegou em seus braços...dei a volta em seu pescoço com a mão que segurava a taça e me recostei...

Ainda na ponta dos pés, deixamos os acordes nos conduzirem sem que nenhuma palavra precisasse ser dita. Nossos corpos estavam cada vez mais próximos e era possível sentir o calor da pele e as batidas ritmadas do coração que acelerava a cada volta.

Ao me rodopiar, você me olha bem nos olhos como se quisesse que eles falassem por nós...e me beija como se fosse possível exprimir tanto desejo e volúpia...neste instante me deixei sair da ponta dos pés e num abraço que me faria flutuar.

Deixei você me despir como quem desenha uma escultura, os tecidos deslizavam pelo corpo me fazendo arrepiar...sua boca ia encontrando pedacinhos da minha pele e entre beijinhos, lambidas e mordidinhas, deixavam aquele momento cada vez mais excitante e entorpecedor. 

Sua boca percorre meu corpo, suas mãos me apertam como se eu pudesse fugir daquele instante...prazer e desejo se misturam a nossa respiração lenta e nossos corpos em sofreguidão.

Velo agora seu sono...um corpo inebriado do meu perfume cítrico, na boca o seu gosto ainda mistura com a textura do vinho tinto.

Bem vindo ao meu mundo.