sexta-feira, 27 de junho de 2008

A noite dos meus amigos (dia 23/06)

Depois de uma noite especial para meus queridos novos grandes amigos, assim eu espero, voltei pra casa pensando na felicidade, como ela pode estar em pequeninos instantes que nos deixam gigantes diante do mundo. Foi assim que observei aqueles três novos grandes arquitetos.
A noite era mágica pra eles, como um dia já foi pra mim. Estar ali, simplesmente por isso já era uma vitória. E agora posso imaginar claramente como eles estão se sentindo, um misto de euforia, prazer e acima de tudo de dever cumprido.
Eles completaram a meta, enceraram um ciclo, que certamente fará parte dos desafios mais difíceis da vida.
Cada um o seu modo e com suas expectativas, alguns mais religiosos, outros preocupados com o bem estar humano desde criança e outros com uma peculiaridade impressionante, mas todos com um mesmo ideal, um desejo em comum, chegar à final.
S. com a igreja que poderia até falar, cujo o desenho nos transportava para uma outra dimensão, M. com seu traço mágico urbano revelando toda a sua sensibilidade com a cidade e sua preocupação com as barreiras físicas presentes em nossa máquina de veias asfaltadas e P. com sua sutileza, porém com muita técnica no casamento de usos, colocando um trecho da cidade sobre os olhos da arte e da ousadia.
Espero que toda a cumplicidade com que meus amigos trabalharam em seus projetos seja levada por toda a vida, pois a alimentação do arquiteto ao meu ver, são os sonhos para o próximo, dos quais nunca devemos nos afastar.
Pensar na cidade como quem pensa na própria casa é algo tão mágico quanto os vinte minutos, meia hora que dura uma apresentação na qual se coloca em exposição não só seus estudos acadêmicos como a sua percepção do espaço que nos rodeia.
Olhar para a cidade...ver a cidade...descobrir as permeabilidades urbanas, seus desafios, medos, guetos, cores, raças, crenças, histórias embutidas em cada esquina como marcas do tempo, que nos permite contar e analisar as mudanças, as transformações de estado e comportamento, de vocação e decadência, de riqueza e pobrezas de uma metrópole em constante transformação e movimento.
Meninos, estarei torcendo sempre por vocês.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Meu sonho encantado se quebrou!


Quero escrever o borrão vermelho de sanguecom as gotas e coágulos pingandode dentro para dentro.Quero escrever amarelo-ourocom raios de translucidez.Que não me entendam pouco-se-me-dá.Nada tenho a perder.Jogo tudo na violênciaque sempre me povoou,o grito áspero e agudo e prolongado,o grito que eu, por falso respeito humano,não dei.Mas aqui vai o meu berrome rasgando as profundas entranhasde onde brota o estertor ambicionado. Quero abarcar o mundocom o terremoto causado pelo grito.O clímax de minha vida será a morte.Quero escrever noçõessem o uso abusivo da palavra.Só me resta ficar nua:nada tenho mais a perder.



Adeus T.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Dia 18

O amanhecer estava bucólico e extremamente parecido comigo, com um certo ar de mistério e tristeza, que revelaria um dia de sol frio, mas muito brilhante, foi inevitável não ouvir be my last e lembrar agora não só de Ricardo como também de Daniel, que está aos poucos tomando conta dos meus pensamentos. Mas nesta ultima semana um único pensamento toma conta do meu dia, o que será de nós?
Perderei você para sempre? Haverá alguma forma de reparar meu erro? Nunca consigo ter as respostas e por mais que eu queira extrair das suas palavras escritas alguma reposta, eu não consigo.
Você não é como as outras pessoas que se denunciam pelo que escrevem, eu não consigo decifrar o que você está querendo dizer e isso me preocupa porque pode ser que eu acabe ouvindo o que desejei nos últimos seis meses não ouvir em absoluto de você.
Sou sua amiga e sempre serei pela condição que nos deram desde quando nem mesmo poderíamos opinar pelos nossos atos. Mas serei a partir de agora apenas o que você desejar que eu seja pra você. Somente sua amiga, somente sua conhecida, somente sua...
É engraçado como com você eu não tenho receio em dizer nada do que sinto ou do que penso, mas há um medo que parece estar impresso na minha pele revelando a minha fragilidade, escondida pelo meu sorriso e pelos meus atos, sempre demonstrando que sou mais forte do que o que realmente sou.
Meus olhos hoje passearam pela paisagem imaginando o que eu iria te dizer, imaginando de que forma você ia reagir e não consegui chegar a nenhuma solução.
Busquei na neblina branca e pura que cobria a imagem do dia, o meu desejo de te encontrar, de confirmar que não vamos mais perder tempo com bobagens, mas foi impossível não pegar na armadilha de que posso ouvir o que não quero e no meio de tanta beleza da paisagem, fui interrompida por um vento gelado que percorreu as minhas costas, preferi pensar que era pelo frio e não pela incerteza do que vou ouvir de você.
Hoje sei que vou pensar muito em você, mas é a única coisa que posso fazer.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Lembranças???

O dia dez foi marcado por um dia nostálgico, lembrei de R. que está cada vez mais longe da minha vida.
Desejei-lhe feliz aniversário, mas pela primeira vez foi uma frieza natural, tipicamente normal para alguém que se conhece mas que não significa mais nada, apenas uma página virada na vida e que não deve nem mesmo ser lembrada.
O lado bom é que há quase dez meses atrás estávamos muito bem, éramos pelo menos amigos, hoje nem mesmo a amizade sobrou e isso me deixa triste porque era uma história de muitos anos que se perdeu com tempo e com a falta de compreensão.
Hoje porém somente mágoa permeia a lembrança de R. que ironicamente ou não me respondeu desejando que eu esteja bem.
Página virada, não há mais lugar para ele em minha vida.
Ele partiu e eu virei a página, quebrei a história, achei novos personagens, muito mais legais e muito menos complexos.
E como não poderia ser diferente, feliz dia dos namorados Ricardo, Liesel, Anne, Peter, Daniel, Clara, Rudy.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Alguns dias em Buenos Aires

A cidade parecia entorpecida por um sol gelado e frio, a pele estava seca e avermelhada pelo vento.
Do alto tudo tão certinho, tão regular que parecia que as quadras tinham sido desenhadas milimetricamente, pensei em quantas coisas eu ia descobrir daquele lugar.
E foi inevitável não me lembrar de Ricardo, mas principalmente de você, sim porque era uma descoberta e lembrei de todas as coisas que já comentamos que queríamos descobrir.
O mundo parou no instante em que me senti tão longe de você, meus olhos se encheram de lágrimas e senti na boca o gosto amargo da saudade. Com tudo o coração batia mais forte cada vez que eu pensava em tudo que queria te contar, em te mostrar daquela mágica e inesquecível paisagem. E o fato não era com que atenção você me ouviria e sim que me ouviria.
Somente uma pessoa me escutaria com atenção, pessoa esta a qual eu não posso mais contar nada, simplesmente porque decidimos em comum acordo que nos enterraríamos junto com nosso passado e não teríamos condições alguma tão pouco de levar adiante uma amizade perdida pelos nossos próprios atos.
Um dia quem sabe posso perdoar, hoje simplesmente não consigo.
Mas isto nem está em questão, porque o que conta é que eu estou descobrindo meu plano de felicidade onde a física ocupa meu espaço, minhas coisas, e ao mesmo tempo em que eu acho que o conheço do avesso, descubro que ainda não conheço a melhor parte.

E foi inevitável não me lembrar de Ricardo, mas principalmente de você, sim porque era uma descoberta e lembrei de todas as coisas que já comentamos que queríamos descobrir.
Lembrei de nossa ansiedade em saber das coisas, em conhecer lugares, em achar coisas parecidas com a gente.
Aquele lugar de alguma forma pedia sua presença. Não sei explicar, Daniel e Clara me acompanharam por algumas horas.
O encanto da música e da arte está por toda parte, e por mais que você pudesse estar lá, aquele lugar tem a ver comigo e não exatamente com você.
Me coloquei a pensar, sob aquele céu azul e frio que contemplava o sol mais brilhante e menos quente que já pude presenciar. Imaginei mais uma vez como seria conversar em um daqueles inúmeros cafés sobre Pablo Neruda, sobre física e arquitetura, sobre nossas paixões, nossos sonhos desencontrados e ao mesmo tempo tão próximos.
Poderia elege-la como nossa cidade?

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Um dia frio

A cidade amanheceu coberta por uma névoa típica de outono, o dia parecia muito mais frio e triste do que o que realmente estava. O sol se quer apontava no céu, em uma tentativa de abrir claridade naquele dia.
Nesta mesma manhã, olhei Ricardo mais uma vez e ele mesmo me apontou para Daniel que ansioso aguardava a minha atenção. Daniel, Ricardo e a menina Má chegaram juntos a minha casa em uma noite chuvosa e eu não pensei duas vezes antes de eleger Ricardo e sua menina para receberem primeiramente a minha atenção, mas não tinha esquecido Daniel, apenas pedi que o mesmo esperasse um pouco mais.
Entrando na minha vida no dia de hoje, ele já me apresentou sua vida com dolorosas doses de saudade, foi inevitável não pensar no intérprete, mas ao mesmo tempo lembrei-me de pessoas reais também.
E pela emoção que me passou nas primeiras palavras, acho que me encantará muito, por hora de forma muito mais sutil e muito menos colocando o meu coração a parecer que ia sair da boca, do que quando Ricardo me disse suas primeiras frases.
Daniel está me apresentando o Cemitério dos Livros, local secreto, misterioso e o qual todos os frequentadores parecem empalidecidos pelo tempo e ele com apenas dez anos é um privilegiado frequentador que ganhou o direito a ter acesso aos milhares de títulos que o esperam avidamente.
Yuki seja bem vinda a Barcelona.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

O Adeus de Ricardo

Pela primeira vez em dias Ricardo não me acompanhou esta manhã. Me senti sozinha, como se estivesse desprotegida, por várias vezes tive a sensação de ter esquecido-o em algum lugar. Apenas impressão.
Ricardo agora está em casa e divide sua história com Antônio, Liesel, Anne, Peter, Cecilia, Augusto e tantos outros.
Sua falta esta manhã me deixou nostálgica, lembrei de suas palavras, de seus pensamentos e de suas atitudes na procura por sua menina, mesmo que má, ela era sua menina, sua paixão, seu amor perdido entre países, culturas e nomes diferentes.
Eles deixarão um grande vazio em mim, já faziam parte da minha rotina. Senti saudades...
Pude passear em Paris como se alí o mundo tivesse parado pelas palavras de Ricardo.
Vou seguir adiante, mas hoje decidi que queria curtir a minha nostalgia e não elegi nenhum substituto do interprete que me acompanhou até ontem.
Ouvi Be my last na intenção de reforçar minhas lembranças. Quanta falta me fez no dia de hoje. Cheguei ao absurdo de procurá-lo em minhas mãos e ri de mim mesma ao lembrar que ele havia ficado em casa.
Ricardo ficará como uma lembrança boa e inesquecível. Cada um de seus atos, cada uma de suas palavras, tudo ficará guardado em mim, como um dos melhores premios, um dos melhores presentes, uma de minhas melhores aventuras...assim como a menina Má era pra ele.
Embora não possa negar que ela também me faz falta, simplesmente pelo fato de que é impossível falar de Ricardo sem seu sentimento supremo e sua "breguice" destinada àquela menininha que ele amou desde o primeiro dia.
Desde o seu sorriso maroto, malicioso e faceiro que o tanto encantou, até a sua maturidade plena, onde ela morrera em seus braços por algumas vezes.
Paris, Tóquio, Lima, Madri e de volta a Paris.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Ricardito

Ah! eu não quero me despedir de Ricardo e nem da menina Má, Otilia agora...rs
Ricardo temia que ao voltar de sua viagem, ele não a encontrasse, imaginou durante dias a sua carta de despedida, ela o deixaria de novo? não suportaria mais aquela vida pequeno-burguesa parisiense?
Para a surpresa do bom menino, ela estava lá, aflita e só para ele. Após longos abraços e beijos demorados e seu corpo totalmente colado ao de Ricardo, ela lhe confessa que agora sabe o que é felicidade.
Ele parecia não acreditar no que ouvia e movido pelo seu desejo em ter a menina Má só pra ele, repetia breguices como ela chamava todas as suas declarações de amor, enquanto a tomava para aquele momento tão mágico.

Ela o levava para o que ele queria, o sentimento de deitar-se a beira do abismo. Irreal? Não na vida do interprete Ricardo.
Entre beijos, carícias, malícias...Ricardo e a menina Má viravam um só.
Será que vai encontrá-la depois da próxima viagem? Será que vai estar a espera como desta vez.
Queria tanto que sim, queria que fosse exatamente assim.
Como quem espera seu melhor presente, seu maior premio, sua razão para estar vivo, justificando cada suicídio não cometido, cada palavra de desespero.
Nada mais importava...ela estava alí, em seus braços, sua pele.
Morreria por ela, mataria por ela, mas acima de tudo viveria por ela cada segundo.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O desejo e o consumo


Ricardo teve o melhor e o pior de seus encontros com a menina Má. Ela o torturou prazerosamente, consumiu suas forças com todo o seu conceito de desejo e piedade.

Ricardo nunca foi tão feliz como naquele momento, poderia morrer sem que nada fosse ser mais intenso do que a loucura que o movia até a menina Má. Mas em um ato de total crueldade a menina Má o abandonou e o fez sentir toda a inversão do seu amor em ódio e desespero, o que fez ele achar que o melhor caminho seria o suicídio, pois como se livrar daquela mulher que estava dentro dele e cujo seu perfume inebriante já fazia parte da sua pele, além de seu corpo totalmente moldado ao corpo dela no qual até a alma já não saberia se diferenciar da alma dela.

Ele fechava os olhos e se recordava de seus braços o devorando e de sua boca o consumindo, entre saliva e palavras que não pareciam ser mentirosas. Acreditam naquele instante, Ricardo se comportava como um menino diante de seu melhor prazer, de sua melhor aventura e acima de tudo de sua melhor conquista na vida, ela era seu premio, seu mais perfeito sonho e sua morte também.

Em uma mistura perigosa entre paixão, desejo e prazer Ricardo se afundava lentamente, saboreando cada gota daquela hora como se fosse a última.

Não seria possível esquece-la sem apagar a sua memória por completo.

Paris não tinha o menor sentido sem ela. Nenhuma cidade, nenhum idioma seria o mesmo depois dela.


Ricardo implorava por seu amor, enquanto ela o zombava e lhe dizia que nunca se apaixonaria por ele.

Uma vez apenas menina Má, diga que me ama...e sorrindo de sua atitude ela lhe dizia nunca, mesmo amando não poderei dizer.


Apertada contra seu corpo, ela não dizia nada, apenas o consumia como um souvenir que acabava de ganhar.


Ele a beijava dos pés a cabeça, jurando que não deixaria mais que ela o fizesse se sentir o nada que cada vez que ela ia embora ele sentia, porém na mesma hora, mudava de idéia jurando-lhe amor eterno.


Agora Ricardo e a menina Má estão se despedindo de mim e eu já estou com saudades, desta forma optei por consumir as ultimas linhas desse amor de forma homeopática, lentamente, metodicamente ao som de Be my last, que casou tão bem com esses momentos que misturam prazer, poesia e paixão arrebatadora.


Nem mesmo Antônio, Liesel e Rudy Steiner me consumiram tanto, mas também me ofereceram formas bem diferentes de suas visões e de suas vidas.


Até Paris, pra mim e pra você.