sexta-feira, 22 de abril de 2016

From the other side


Durante o dia algo indicava que surgiria uma boa conversa, o relógio insistia em caminhar pelos pontos lentamente aumentando o que seria um misto de medo e ansiedade. Um estado de bagunça e desarrumação me agradava em certo sentido.
O sol riscava o céu num laranja rosado maravilhoso, embora a paisagem fosse um semi-árido o rio contemplava aquele pôr do sol em meio aos milhares de carros na sua borda.
O som da sua voz confirmava o que eu já imaginava...o coração batia acelerado...e a cada palavra ia se encantando mais com o que parecia ser o melhor que a vida já tinha lhe feito ouvir.
Tentei me policiar para que não fosse algo assustador.
Quando olhei nos teus olhos...quando segurou minha mão...quando nos abraçamos e senti o calor da sua pele...esse era o outro lado.
Te pedi pra fechar os olhos como uma criança que está prestes a fazer uma traquinagem...deixei que o corpo falasse mais que a razão. Só o desejo fluía dentro de mim. 
Deixamos qualquer pensamento do lado de fora...e ali estávamos...o calor era intenso, a pele quente, a alma em chamas...
Seu corpo me inebriava, as mãos eram ávidas por aquele labirinto desconhecido e prazeroso. Como numa boa taça de vinho, eu me permitia repousar os lábios junto aos seus e absorver aquele néctar doce, quente, estranho e ao mesmo tempo tão familiar como se tivesse sido sempre meu..
A vida estava prestes a me pregar uma peça, os meses passaram e tudo que eu queria era viver...viver avidamente tudo que você me apresentava aos poucos e em doses homeopáticas.
Aquele país que me encantou trazia você para que eu confirmasse aquela sensação que estive ao estar naquela terra...eu posso viver aqui para sempre eu pensei.
Como uma certeza que eu jamais imaginei sentir eu queria estar no seu caminho, eu desejava cada segundo com você.
A inocência me protegia...e assim eu não me dava conta de quanto mais perto do abismo eu chegava. O coração parecia explodir e como um bichinho assustado era nos seus braços que eu me aninhava e na sua boca que eu me calava.
Na mesma boca que me ofereceria um veneno mortal. Da mesma boca que me pediria paz meses depois. Que me afastava sem que eu pudesse compreender o que estava acontecendo.
O amor não foi feito para pessoas como eu, era nessa conclusão que eu chegaria nesta noite, rezando por uma clemencia que certamente não viria. O corpo dilacerado, as feridas profundas e a febre que parecia consumir o pouco que restava.
Como uma droga viciante você me levava da euforia, do êxtase ao fundo do poço.
Eu quero acreditar nas suas palavras..."você é linda", nas reações do seu corpo junto ao meu e acima de tudo no meu coração que bate tão acelerado que parece que não vai mais ficar dentro de mim.
T, Eu te amo! I Love You! Je t'aime! Ich liebe dich! Io te voglio bene!


sábado, 19 de setembro de 2015

Cartas Trocadas

Para Yuki

Os primeiros raios de sol começavam a transpassar a cortina de véu branco que cobria a janela.Logo que tocaram meu rosto
despertei ainda procurando entender o que havia acontecido. Meu braço dormente ainda a envolvia, e vê-la aconchegada e inocente fez me desistir de tentar me mover. Com o olhar percorria as curvas de seu corpo, sua boca rosada parecia esculpida às minúcias. Teu perfume suave penetrava minhas narinas e fazia-me recordar da noite anterior. As roupas espalhadas pela sala davam pistas indiscretas da loucura em que dois corpos em ebulição de desejo e loucura se haviam lançado. Horas antes nenhum dos dois sequer podia imaginar que aquilo podia acontecer. Tampouco que seria tão mágico. 

Sobre a mesa a taça de vinho com marcas de batom fazia companhia à garrafa vazia e a outra taça onde ainda restava um ultimo pequeno gole. Uma cadeira, algumas almofadas...
Todas testemunhas daquela noite mágica. O som ainda tocava baixinho as musicas que nos envolveram noite afora. Estava sonhando? Seu corpo seminu coberto pela fina camisola transparente, deixava a mostra suas lindas curvas. Seus cabelos cobriam meu peito, e de tão macios se confundiam ao toque com os lençóis. Ficava pensando em que você estaria sonhando?

Tudo era tão louco e tão confuso àquela hora da manhã... Podia sentir a brisa leve entrando pela fresta da janela. Sentia sua respiração leve, tranquila, como se por um momento todo o caos de nossas vidas tivesse desaparecido. Éramos eu, você, a cortina, as toalhas, nossas roupas... Um misto de paixão incontrolável e desejo, espalhando-se pela sala que não tinha fim. Nosso universo de emoções, sentimentos, paixão, desejo e loucura. 

Agora éramos só nós, abraçados, nada mais. Apenas os primeiros raios de sol a tocar meu rosto despertando-me da noite mágica que de tão perfeita e breve, parecia não ter fim.


Para Heron

Naquela manhã eu também tentei entender o que tinha sido sonho e o que seria aquela realidade tão cheia de novos sabores. Havia uma vontade de permanecer em seus braços para sempre, o calor da sua pele me aquecia e a vida parecia uma grande brincadeira.
Quanto tempo eu demorei esperando por você? Mas nenhum tempo importava mais, depois que eu abri os olhos e você sorrindo me disse bom dia!

Eu sorri de volta, numa transbordante alegria...meu corpo estava inebriado de você e nada mais poderia apagar aquele instante. 
as coisas não fariam muito sentido nem pra mim nem pra vc, porém abria-se um novo universo em que estávamos ávidos a descobrir.

Deslizei sobre seu corpo e com a máxima certeza possível entreguei-me aquele prazer matinal. Cochichei no seu ouvido que não importava o que seria daquele ponto em diante...eu era sua.

beijei sua boca com ar de criança sapeca...tentei levantar ao que vc me puxou detendo-me na cama...o sol que entrava pela janela iluminava seu rosto, o lençol branco faria um fundo para tamanha beleza, olhando nos seus olhos eu sorria e lembrava da minha emoção diante de um Velázquez e não podia imaginar que seu corpo sobre mim seria uma emoção muito maior.

com volúpia deixei-me conduzir...pelo desejo, pela paixão....

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Pra relembrar...


a noite era de outono, fria e limpa como nenhuma outra...eu me aquecia junto a lareira enquanto você abria a garrafa de um vinho que sabe que eu aprecio.
eu observava aquele ambiente entre as cores amarelo alaranjadas do fogo e a taça que você me oferecia. 
um certo torpor me faria sorrir sem restrições a minha vontade...no seu playlist estratégico as músicas se passavam aquecendo a alma e me instigando a dançar ao ouvir uns acordes um tanto quanto provocativos...seus olhos me acompanhavam e me despiam sem me tocar...a cena tinha nuances que variavam entre o doce e sensual...mas foi extremamente contagiante.
Descalça eu deslizava na pontas dos pés como uma bailarina que esqueceu as sapatilhas...você sentado nas almofadas junto ao fogo achava graça e sorria...enquanto eu sentia cada nota tocar meu corpo e acompanhada pela taça de vinho em uma das mãos eu sorria de volta.

Você se levantou e me estendeu a mão...como em uma brincadeira eu agradeci ao cavalheiro que me convidava e segurei sua mão....ao que você me puxou pela cintura e me aconchegou em seus braços...dei a volta em seu pescoço com a mão que segurava a taça e me recostei...

Ainda na ponta dos pés, deixamos os acordes nos conduzirem sem que nenhuma palavra precisasse ser dita. Nossos corpos estavam cada vez mais próximos e era possível sentir o calor da pele e as batidas ritmadas do coração que acelerava a cada volta.

Ao me rodopiar, você me olha bem nos olhos como se quisesse que eles falassem por nós...e me beija como se fosse possível exprimir tanto desejo e volúpia...neste instante me deixei sair da ponta dos pés e num abraço que me faria flutuar.

Deixei você me despir como quem desenha uma escultura, os tecidos deslizavam pelo corpo me fazendo arrepiar...sua boca ia encontrando pedacinhos da minha pele e entre beijinhos, lambidas e mordidinhas, deixavam aquele momento cada vez mais excitante e entorpecedor. 

Sua boca percorre meu corpo, suas mãos me apertam como se eu pudesse fugir daquele instante...prazer e desejo se misturam a nossa respiração lenta e nossos corpos em sofreguidão.

Velo agora seu sono...um corpo inebriado do meu perfume cítrico, na boca o seu gosto ainda mistura com a textura do vinho tinto.

Bem vindo ao meu mundo.


quarta-feira, 13 de março de 2013

Pra hoje

Há tantos meses eu não escrevo...e não escrevo porque deixei de gostar de escrever, mas não escrevo pra não registrar toda essa dor que me devora sem nenhuma piedade. Nunca esperei nada da vida e hoje só queria que ela me punisse menos.
Serei sempre o ser humano errado, cheio de defeitos e rejeitado por todos? Até onde dura o castigo que sem saber exatamente o preço pago todos os dias do abrir os olhos ao fecha-los sonhando com um dia menos doloroso? Até onde irão as forças que me parecem faltar? 
Queria poder me calar no meu mundo...quase ninguém notou que a exceção do trabalho eu me calei para o restante das coisas, mas não há solução, tudo sempre só piora e a vida segue seu curso e eu me deixo levar pelas correntezas...elas machucam, me ferem e como forma de resignação eu aceito e me calo.
Deixei de sorrir, de comemorar, de achar graça, de viver.
Sobrevivência é o nome que dou ao que empurro do nascer ao morrer do dia...Não ter quem ou o que se importe consigo tem lá as suas vantagens, porém, eu ainda não as encontrei.
Eu já me despedi tantas vezes e tantas vezes recuei e pra que? porque? eu também não sei!
O que sei é que tento respirar fora da minha tristeza e da minha ausência de vida e da ausência que tenho de mim e quando de alguma forma pareço conseguir um pouco de ar, algo acontece me fazendo mergulhar fundo na única coisa que alimenta esse vazio.
Perdi no último ano além do meu querido pai, perdi a coragem, a inocência, a vontade de um mundo melhor e acima de tudo o rumo dos meus passos. 
Quando perdemos alguém assim, a vida perde o eixo, perde o norte e o sentido, e é assim que estou.
Mas tão doloroso como a perda, é a rejeição e nem me refiro aos "amigos" que eu julguei um dia ter e outros que julguei reencontrar, esses são dolorosos, mas aprendi ao longo dos anos que assim é meu destino, as pessoas passam e vão embora. Porém a rejeição que vem de dentro é aquela que te corta em mil pedaços, que te destrói com único sopro e os cacos já não se colam. Essa rejeição que faz questão de te mostrar a "merda" que você é e o quão falta de importância você tem na vida daqueles pra quem você poderia pelo destino ser minimamente especial e não é.
E com isso me apego a qualquer razão pra me manter em pé mas, é hora de parar. É hora de deixar-se cair e não mais levantar.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Nesta Manhã




Nesta manhã,  eu estava em seus braços e ainda podia perceber o entorpecer do meu corpo colado ao seu...

Havia em nós uma necessidade extrema de prazer e luxuria - uma vontade de morrer ali para sempre.

os vitrais coloriam as luzes, mas um amarelo âmbar era capaz de ofuscar qualquer que fosse aquele brilho, aquele brilho que seus olhos tinham ao me contemplar.

nua eu deixava-me ser uma obra de arte apreciada.

senti uma saudade enorme de Buenos Aires, dos nossos cafés pelas esquinas frias nas manhãs daquele fim de junho.

eu gostaria de ler pra você, o que me inspira agora...uma inspiração climática...sem a melancolia dos dias cinzas, mas com a veemência e o calor dos dias amarelos, quentes, transbordantes dessa vontade inquietante.

Cansei dessa saudade que me consome dia após dia...

Meu corpo ainda inebriado do seu perfume e do prazer daquela noite inesquecível ecoa toda a volúpia com que me deteve...meus passos incertos, meu respirar com desespero calado pelo seu desejo na esquina da Nove de Julho com a Florida...

A vida se abria diante de meus pés, a chuva caía e nos molhava deixando meu corpo transparecer por entre o tecido que cobria a pele...a pele quente que suas mãos percorriam. Sua boca devorava com prazer as minhas meias palavras e sorria e você me observava. Como uma criança que acaba de ganhar um novo brinquedo meus olhos brilhavam quando encontravam os seus.

Eu, frágil, me deixava carregar por seus braços e abraços e repetia a mim mesma...me leve pra você!

Sua, completamente sua, éramos uma substância desconhecida, perigosa e altamente viciante que eu desejava consumir até a última gota...meu veneno mais doce...sem me dar conta eu deixaria você me aniquilar lascivamente.

Seu corpo era o mapa do tesouro, o mapa que desvendaria meu maior prazer. 
Num delirante caminho de curvas sinuosas eu me dirigia ao mais alto dos penhascos, de onde eu me lançaria sem medo...trazendo todos os meus instintos a tona, sem ao menos perceber a linha tênue que rompe a dor e se torna prazer.

Abri os olhos...eu estava inerte, totalmente envolvida pelos seus braços, tomada por uma exaustão de deleite e de contentamento...a respiração fraca aquecida pelo calor do seu corpo e a plenitude desta manhã.



terça-feira, 4 de dezembro de 2012

uma noite...








o céu estava claro, a noite se fazia fria mas a sua proximidade me aquecia...

meus pensamentos giravam e me tiravam daquele lugar com uma velocidade que eu nem percebia.

entre um gole e outro eu ouvia o que você me dizia...


meu coração estava acelerado e eu desejava com veemência que minhas vontades fossem atendidas.

esperei que meus olhos pudessem te contar tudo que eu estava pensando...


senti um gosto gelado, mas pela primeira vez achei o líquido doce...
cansei de esperar pelo destino e resolvi correr atrás dele...

tomados por uma ânsia de vida, eu era incapaz de me reconhecer naqueles corpos no meio da paisagem...


as luzes eram amareladas e virávamos sombras...uma alucinação pelo desejo que eu sentia...


você me despia com os olhos, me devorava cada vez que mordia os lábios e sem restrições eu era sua, somente sua.


do dia para a noite, para aquela noite, o hiato que nos separava desapareceu...

eu era você em uma combustão de sensações...

o céu se mantinha claro e calmo, mas uma chuva fina insistia em deixar os corpos úmidos na paisagem gélida da madrugada que se aprofundava.


você me apertava contra seu corpo e desta vez me despia com volúpia, desejo e prazer para o seu deleite.


eu era sua...


sua boca mapeava meu corpo de maneira fugaz consumindo meu fôlego e me inebriando do perfume da sua pele.


a linha que separava dor e prazer era tão tênue que eu mal pude perceber e me deixei cair em seus braços.


o céu era o plano de fundo...


um frio percorria a espinha cada vez que você me deixava mais perto...seu corpo um convite a minha submissão.


no impulso do seu desejo, o ar tornava-se algo insuficiente...

a saliva se misturava...

seus olhos me confundiam refletindo meu corpo entregue com sofreguidão, ansiedade, impaciência e avidez.

sábado, 8 de setembro de 2012

2.8




Dizem que ficamos bem quando nosso inferno astral passa, mas acho que no meu caso foi justamente o contrário que aconteceu.
Eu não me dei conta dos meses que passaram e muito menos da proximidade com o final de mais um ciclo e no entanto ele passou, mas passou como um furacão, me tirando completamente de órbita e me pondo a olhar todas as coisa que esses 28 anos passaram em branco por mim. E quase como um tapa na cara disse com todas as letras, a vida passou...
pra muitos pode ser visto como um drama alguém que aos 28 anos diz que a vida passou em branco, mas não é verdade, é apenas uma visão nua e crua da realidade.
Ano passado prestes a encerrar meu ciclo dos 26, meu pai me dizia que eu estava feliz com minhas três ultimas realizações e que faltava apenas uma coisa pra que eu me sentisse plenamente radiante. Na ocasião ele estava certo, faltava e continuou faltando. Porém, este ano além do que já faltava ano passado, perdi meu conselheiro, pai, amigo e acima de tudo parte do meu alicerce, uma das duas pessoas pela qual eu ainda tinha vontade de me levantar e dizer ok, eu posso ir em frente. Hoje, a vontade passou a ser pela metade e há dias onde eu aceito, não, eu não posso ir em frente.
Os "amigos" sumiram, o amor continua platônico e o pior de tudo a esperança deixou de existir. Não olho o futuro porque deixei de ter horizonte, não faço planos porque eles não sairiam do papel, não tenho sonhos e não espero nada do que sei que não vai chegar e se um dia chegar, irei perde-los.
Assim me darei ao luxo de viver esses meus vinte e cinco próximos dias, distante de tudo e da grande maioria das pessoas, recolhida no meu jardim secreto...eu, minhas lembranças, minha dor, meu desespero, minha ausência de mim mesma. Um isolamento que talvez seja minha única proteção, uma fuga cada vez mais reconfortante. 
Por muitos anos, sem compreender o que era uma tristeza inquieta, eu procurei por este refugio, por bobagens...mas curei o que julgava serem feridas, juntei cacos, colei mosaicos e agora tudo se faz diferente...eu busco o refúgio mas apenas para deixar que as feridas me consumam...
Eu não vou brigar, eu não vou lutar e também não vou questionar.
Eu precisei sentar com você àquela mesa, compreender, te ver chorar e me calar diante do que eu sentia naquele instante. 
Acostuma-se com a dor...e te deixar partir, fazer-se aceitar suas razões era uma maneira de me colocar digna diante de ti.
Pago um preço alto por erros dos quais eu nem sei se cometi, mas pago...pago por obediência, por resignação e por talvez compreender em 28 anos a minha real missão de vida. 

Enterrei desejos, sonhos e aceitei meu castigo e o cumprirei mesmo não me julgando merecedora de algo tão severo.

Deixo a tristeza me encaminhar e me permito cair.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Pra ir a Lua


eu não vivia essa dor imensa que consome meus dias quando te conheci, você era recem chegado e eu dominava aquele lugar, ele era meu...sorri da meia dúzia de bobagens que você disse, afirmando a mim mesma que você não tinha nada de interessante...foi essa minha primeira impressão e a segunda também.

depois de ser arremessada pra fora da minha própria vida, eu não me lembro ao certo como você se aproximou e muito menos sei como cheguei a essa conclusão gostosa que me distrai da minha tristeza...gosto dos lugares onde você está, gosto dos gestos, da ingenuidade, do sorriso, das broncas, de pegar no meu pé por me achar bravinha, gosto da simplicidade, da ironia e gosto do gosto que imagino que você tem.

gosto de te olhar a distância, de admirar seus passos, gosto daquela visão no sol que iluminava tudo a sua volta...eu não tinha reparado como haviam cores naquele dia.

eu me aproximei, seu perfume inebriante me entorpecia...eu me deixei cair em seus braços, corria pela pele um arrepio prazeroso cheio de símbolos e gostos...

uma mistura do meu desejo que eu já não sabia mais conter...você me movimentava sem que eu percebesse...eu estava em êxtase, você me oferecia mais uma taça de vinho...

não me dei conta de quando você me puxou pra junto do seu corpo...eu podia sentir as batidas do seu coração, o calor da sua boca, o calor da sua pele...você me despia com os olhos e eu suplicava pra que você não me soltasse.

ah! eu quis ser sua, completamente sua...

a camiseta estava colocada no seu corpo, a chuva nos encharcava, os olhos piscavam, as bocas se procuravam, as mãos se devoravam...eu respirava e tudo a nossa volta girava, meu corpo respondia com submissão aos seus desejos, eu achava graça...e respondia ao prazer que me dava...as cores se misturavam a saliva, ao cheiro da sua pele...desejo e prazer em um mesmo tom...eu não me dei conta das cores que começavam a pincelar os meus dias...

suas palavras me seduzem, seus olhos me despem, suas mãos me manipulam, seu desejo me encanta.


sexta-feira, 29 de junho de 2012

Hoje

Há muitos meses que não consigo sequer expressar minhas palavras.
A vida passou a pesar quilos sobre os ombros cansados.
Chorar é uma atividade exaustiva, nos deixa fracos, frágeis, contando as horas e em vão colando cacos que nunca mais irão se juntar.
Os dias passam e tudo que eu desejaria era ficar no mesmo lugar, sob esse céu gelado de inverno e sol brilhante.
Nem nos meus piores pesadelos eu poderia saber que a dor seria tão grande. Passo dias me perguntando o que de tão errado eu fiz pra tamanho castigo e sem resposta empurro a vida ladeira a baixo. Sem horizonte, alimento-me de um passado não tão distante e me questiono se tinha mesmo que ser assim e mais uma vez sem resposta ganho impulso pra guardar minha tristeza e a deixo me corroer de maneira lenta e dolorosa me punindo do que eu nem mesmo sei.
Sufoco meu choro e minha fraqueza diante das minhas feridas e resigno-me a essa dor que me dilacera e olho pra vida como se ela fosse meu mais cruel algoz, me ferindo sem piedade e eu por obediência sequer peço clemencia ou compaixão.
Aceito meus castigos e minhas punições sufocando a minha dor tentando compreender onde foi que errei, qual o crime que pago um preço tão alto.
Me pergunto porque não fui eu? Em nada eu faria tanta falta, em nada eu seria tão importante, em nada minha ausência seria tão significativa e ao contrário do que possa parecer me agrada se tão pouco significante, ou seja, volto na minha mesma questão de porque não a mim?
Meus olhos pesam e as letras estão turvas.
Todas as noites me sinto em uma exaustão sem tamanho e assim fico a deriva e como um objeto sem uso, valor ou função envelheço, estragando a cada dia um pouco mais.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

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Há quarenta e três dias eu tento juntar realmente o que sobrou de mim e colar os pedaços desse mosaico traiçoeiro que é a vida.Uma dor imensa consumiu tudo...meus sonhos, meus desejos, minha pouca mas ainda existente vontade de viver.Não tenho que aceitar, não tenho que entender e muito menos tenho que não sofrer.Vejo tudo desmoronando e não consigo me apegar a nada. Estou a deriva, me sinto perdida e completamente sem visão de horizonte.Talvez seja o preço alto a se pagar, eu um dia achei que me sentia triste, que me sentia sozinha e agora pago pela minha ignorância, pois agora sim estou sozinha e numa tristeza que não tem tamanho, que vai dilacerando tudo por onde passa, que não é capaz de manter nada em pé.
E assim empurro a vida ou talvez seja ela quem me empurre. Faço as coisas no piloto automático, tudo se torna mecânico e lógico.Tento me apegar e acreditar que Deus é justo, mas infelizmente sofro de uma desconfiança dessa justiça.Há tantos que poderiam partir sem que não fizessem falta a ninguém, nem a sí mesmos e eu perdi uma das poucas pessoas que me mantinha em pé, firme das minhas decisões, companheiro das minhas tentativas e comemorador dos meus acertos.