quarta-feira, 29 de julho de 2009

assim...

olhei pra trás com saudade mas sem nostalgia, deixei as ondas me baterem e pedi paz de espírito.
recolhi os meus pedaços, olhei os machucados que ardiam quando eu me movia...levantei, sequei as lágrimas que ainda corriam e fiquei em pé...senti que carregava o mundo nas costas pelo peso dos meus ombros...pensei em tantas coisas que senti uma ligeira vertigem...era um sonho...abri os olhos e estava deitada na minha cama, os meus olhos mal ficavam abertos depois de tanto choro, o travesseiro ainda estava molhado e guardava todos os segredos daquelas lágrimas...sentia frio, medo...mas era preciso levantar-me...por obrigação fiquei em pé...busquei alguma razão pra estar ali, mas não encontrei...me sentia uma alma perdida...um corpo apenas.
lembrei-me da infância e senti saudades, lembrei-me dos sonhos e da inocência...lembrei-me de acreditar que um dia poderia ser real, senti raiva por enganar a mim mesma.
alguns me chamam de pessimista, prefiro me definir como realista.
não é que não tenha sonhos, mas prefiro que eles se mantenham assim visto por mim como coisas inalcançaveis, desta forma me machuco menos, me afundo menos.
vago pelas ruas desertas...hoje ouvi alguém perto perguntar...como se vive tão na solidão?....respondi...acostuma-se!
vi seus rotos ficarem um pouco chocados com a minha resposta...respirando fundo e engolindo o choro continuei...acostuma-se! um dia você está em crise, chora, sente dor, mas no outro levanta-se e não se importa com o vazio ocupado sempre pela solidão.
ser solitário é andar com a própria sombra, é dividir o riso, o choro, o medo, a angustia com a própria solidão.
Assusta e muito, mas aprende-se a viver, ou melhor, levar a vida. Cola-se os pedaços da alma todos os dias, cada dia um pedaço novo, cada pedaço um novo dia.
As vezes se esconder é o melhor caminho, se proteger de si mesmo é sempre a melhor opção, não pular do abismo pra não se ter que fechar grandes feridas depois...essa é a escolha e ao mesmo tempo o castigo, a sentença de morte e o medo dela também.
guardei os sonhos mais impossíveis na caixinha, tranquei com chave como se assim esperasse que evitasse a fuga não foi possível... lembranças, papeis recortados, personagens, desejos, planos...tudo ficou guardado por tantos anos que quando abri a caixinha não estavam mais lá.
senti uma tristeza enorme por perceber que envelheci...fechei a caixinha novamente, dessa vez sem o cuidado de passar a chave, sequei as lágrimas, respirei fundo e achei que seria mais fácil agora que sabia que eles haviam se perdido continuar em pé, firme e fria como um pedaço de gelo...não está sedo tão fácil assim, mas um pouco menos doloroso...não ficaram marcas...parti.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Dez anos!

Eu me perdia entre os seus braços e você me achava como se fosse um radar, eu me buscava e você me mostrava a sua direção, eu destruía meus passos e você construía a minha história, eu desejava perder a memória e você me fazia lembrar de nós em qualquer que fosse a circunstância.
Sem nem perceber você estava lá o tempo todo lembrando cada um dos meus passos, comemorando cada uma das minhas vitórias, chorando cada uma das minhas derrotas e me fazendo esquecer cada um dos meus passos errados.
Me questionava, me incomodava, me consumia, me prendia, me invadia e era a única pessoa a me tirar da paisagem as vezes árida do escritório e me levar ao cinema, mesmo que o filme fosse o que você saberia que eu não ia gostar. E eu ia...com você eu ia...
Recusei, demorei, andei, viajei e nada foi o mesmo...fui me afastando, me alongando, me jogando, me amando...e você me mantinha ativa...viva!
O cinema, o filme era de guerra, eu não gostava, você o queria, e foi tão calmo vê-lo de mãos dadas com você...entrelaçava os dedos aos meus e o sentia percorrer meu corpo mesmo que fosse sem querer, eu me assustava você me apertava. Me faria segura e presa a você...seu perfume ficava em mim.
A língua era portuguesa, mas não te interessava tanto. A paisagem era verde mas nos desviávamos cada vez que nos olhávamos...eu estava ao seu lado, você estava comigo.
Você grande, eu pequena...
O tempo passa...eu me deixava levar pelos seus braços...o som era valsa...eu não via, você me olhava, eu corria, você me pegava, chegávamos perto e fugíamos de pijama e pantufa.
Como quem procura por um tesouro perdido você caminhava pela minha alma, eu me desenhava no seu corpo, você me deixaria perto das estrelas e eu te mostraria o prazer do amanhecer do dia.
Escolhi o centro da cidade e você o interior, eu projetava e você me diria que solo eu poderia construir e eu diria aceito casar por videoconferência.
Você é o chato mais legal por isso doeu muito quando você brigou comigo, me fez chorar, odiei você por vários dias...nunca mais te pedi desculpas...por nada...por absolutamente nada...nem por sentir o que senti depois e muito menos pelo que sinto hoje.
Você me conta seus sonhos, seus desejos, me insere neles como se eu fosse um personagem que você manipula e diz a eles quando e como quer.
Sou "sua" bonequinha de luxo, respondo aos seus sonhos como sim e você me diz mas eu não posso.
Me condena...me engana.

domingo, 19 de julho de 2009

Desejos

era madrugada, ela estava acordada e pensava...seu corpo pedia por aquele outro corpo como nunca antes, mas de que adiantaria saber de todos aqueles sonhos? de que adiantava contar-lhe tudo agora? o que ele queria? o que pretendia?
tantas coisas se passavam...
fechando os olhos uma única imagem tomava conta de seus pensamentos...seu corpo inebriado pelas palavras e por algumas taças de vinho tentava compreender o incompreensível, onde aquilo iria chegar?
eu procurei no vazio pelo amparo daqueles braços, eu busquei no escuro o gosto daquela boca e nos olhos pela ilusão daquele sentimento.
eu estava ali e você cobria a minha alma, eu estava ali e você me desenhava na sua tela me devorava com pinceladas de cores fortes e olhar de quem deseja mais...
eu esperava mais...eu queria mais...
você transcrevia com tintas os detalhes de um corpo que você não conhecia, que jamais tinha visto.
a emoção tomava conta das suas idéias...você deixaria sua prancheta com papeis a espera de um novo esboço e se entregaria aos desejos da sua alma.
beijava-me com avidez e volúpia, com ternura e vontade, me apertava com delicadeza mas conduzindo aquele encontro dos corpos, você sabia o que queria e onde queria chegar e eu me permitia ser apenas o desenho do seu caminho.
deixávamos nos tomar pela luxuria e você terminaria sua cena, com gentileza e calor, com frio e amor.
passeava pelas curvas daquele corpo como se o conhecesse de cor, suas bocas encaixavam-se como se uma tivesse sido feito para outra.
abusava dos meus sentidos...tatiava seu corpo, buscava pelo seu perfume, sentia o gosto da sua pele e ouvia sua respiração.
onde estivemos por todo esse tempo? porque perdemos dez anos? porque fizemos opções? porque permitimos isso passar? porque morreremos nos fazendo perguntas ao invés de agirmos pela nossa vontade, pelo nosso desejo?

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Morrer é sair de cena com dignidade

Morrer era o pensamento que embalaria o sono torpe e frágil daquela noite, ela havia caido em sí e a realidade a tirava daquela mistura de desejo e sonho em que o dia havia passado.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Madrugada

O relógio marcava 4h09 desta nova manhã...os cabelos estavam molhados, a roupa úmida e sem parecer um sonho havia um peso de um outro corpo sobre mim...tentei não abrir os olhos, mas queria olhar nos olhos da boca que me consumia com volúpia, desejo e veemência.
Sem chance para nenhum pensamento, tatiava aquele corpo que a cobria e a fazia sentir calor, frio, uma mistura de sensações completamente novas e inexplicáveis.
Absorvendo toda a beleza daquele momento ela respirava profundamente e perdia o ar nos lábios que a calavam.
Naquela saliva sorvida com avidez, ela identificava o corpo e a alma do ser que a apertava, abraçava, invadia e amava aquele corpo miúdo para grandes mãos que decorando o caminho da sua pele tatuaria seu corpo.
A cabeça rodava em movimentos tão rápidos que chegavam a dar certa vertigem mas devidamente segura em suas mãos ela chegaria perto das nuvens cada vez que seus dedos entrelaçavam seus cabelos.
Um frio percorreria a alma cada vez que seus olhos cerravam com aquela boca que se desviava da sua para percorrer seu pescoço...suas costas...sua nuca.
E suas mãos pequeninas desafiava seu sentido tentando identificar na ponta dos dedos as costas desse amigo inimigo que ela não queria e nem teria forças pra lutar.
Embalados pelo silêncio da madrugada recorrente ele passearia pelo corpo dela iluminado apenas pela luz temerária de um pequeno abajour.
Não precisavam de palavras pra traduzir aqueles sentimentos que agora movidos por um desejo mutuo não se permitiria mais que fosse esquecido.
Formando um belo quadro os dois corpos por instantes se confundiam...criando um para o outro um caminho enigmático de descobertas, de medo, de prazer, de paixão.
O tilintar do telefone junto a madeira despertaria essas almas, devolvendo-as a seus lugares e guardando o segredo desta noite, um sol radiante iluminava a manhã gelada deste inverno, trazendo beleza e energia para o novo dia que nascia.
Ainda era possível sentir as mãos ágeis em seu corpo naquela manhã, ela levantaria e acordaria do sonho...deixando a água deslizar pelo corpo ainda quente sentia um misto de paz e euforia que faria com que ela desejasse viver.
Escolheu uma roupa especial, sapatos especiais, maquiou os olhos, pintou a boca e se apresentou para o dia ainda flutuando pela beleza daquele desejo da vida, de quem tem pressa sem correr, de quem tem fome sem querer comer, de quem espera sem querer chegar, de quem observa sem ser visto, de quem ouve sem escutar, de quem ama sem poder amar.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Egon Schiele...o dia de hoje...a noite de ontem


Depois de mais algumas páginas dessa magnifica história e de dar umas boas risadas e derrubar umas lágrimas com o filme "A Proposta" fui pra casa...
Caminhei pelas ruas sentindo o vento que me dilacerava mas ao mesmo tempo confortava o tão inquieto pulsar do meu coração.
Era perto das dez quando no caminho apreciei a chuva fina que caia e molhava meu corpo deixando a roupa gelada mais colada a pele. Um arrepio percorria toda a alma...e eu me entregaria as minhas fantasias e lágrimas com desespero...desejo e paixão.
Chorei por mim..."odeio desejar todos os dias...da hora que abro os olhos a hora que vou dormir"...eu disse.
Embalada pelo silêncio deixei meu travesseiro molhado até que os olhos pesaram mais do que o que eu poderia suportar para deixa-los abertos...adormeci.
Rezei por mim...
Hoje me despeço de Alfonso (Fonchito), Lucrécia, Rigoberto e talvez de Egon Schiele também...dos cadernos...dos devaneios...dos desejos...das loucuras.
Desejei ser apenas um personagem nas mãos de algum autor, só para ter um final feliz...senti um peso imenso de pensar que os dias passam, que as horas mudam e eu estou no mesmo lugar.
Hoje precisava andar, sem limite para os passos...ver pessoas que sinto saudade sem que nunca as tenha visto ou mesmo que elas existam como Ricardo.
Misturo realidade com fragilidade, descubro uma ficção e um sonho inexistente. As vezes me chamam por Priscila, outras vezes sou Yuki e quase nunca sou Raquel e sou todas elas...
Passeio pela vida, brinco com o perigo e ando perto do abismo esperando o melhor momento de me lançar...ganho, acerto, erro, me deixo bater...como um bicho assustado me escondo no escuro com medo do meu predador: a vida.
Me permito um mundo e pago o preço dele...Amo quem não deveria e em uma fuga constante engano a mim mesma.
Abro os olhos e me assusto com o que vejo, peço perdão pela minha ignorância e minha ausência de mim mesma, as coisas ficam cinzas e não consigo achar o que perdi e nessa busca do que nem eu mesma sei, eu deixo feridas abertas, machucados que sangram, vou ao fundo do poço...sinto dor e medo.
Uma solidão sem tamanho dimensiona meus medos e eu espero a proteção do inimigo que sem dó nem piedade me apunhala pelas costas com a maior facilidade do mundo...morro em seus braços e ainda peço perdão.
Crio os meus personagens....F. (sem dúvida um que deixará fortes saudades) me tirava de órbita, me deixava em êxtase, eu queria um café com beijo, eu queria uma conversa sobre gravata, eu queria contar do livro novo, eu queria um boa noite depois da faculdade...mas Eduardo por quem nem mesmo morta eu o esqueceria, um oi moça, uma boina vermelha, um amor pra vida e pra morte, um anjo que me salvaria e me deixaria quando a missão parecia completa, levou parte de mim, deixou parte de sí, me fez ver e acreditar, me fez voar sem ter asas e sentir prazer em ver o dia nascer e ouvir eu quero te ver, eu quero você, mas as coisas passam...outras pessoas batem na porta e eu preciso que elas entrem, me visitem, tomem café, mesmo que depois elas também precisem partir.
Pessoas e coisas passam por mim e eu anonimamente me sinto a vontade entre elas...sem deixar que percebam eu as observo, eu as admiro, eu as odeio, eu as amo. Tudo é intenso e louco.
Como em uma pintura exposta, observo meus personagens na exposição da vida...brinco com eles, mudam de lugar e por instantes sou curadora e tenho seus destinos em minhas mãos. Fabrico sonhos e desejos...devaneios e anseios...calo todos eles com um único olhar de reprovação, onde me divirto ao vê-los aos meus pés.
Pés, esses que me levam ao mar...as ondas que me chamam e me fazem ver o quão pequenina sou diante do que não conheço, dos mistérios da vida por onde não pisei...por onde sequer imagino estar e como se me acordasse, me faz ver a grandiosidade do que tenho nas mãos.
Tatiando um sonho bom, espanto meus medos e já não me sinto tão só.
Conto nuvens enquanto espero...e amo olhar a chuva...lavando corpos, limpando almas perdidas que depois de molhadas exibem seus magníficos sentidos levados pelo vento ao encontro de outras almas.
Da minha janela observo a vida que se movimenta entre as árvores de pedras, os ferimentos que pessoas que eu não conheço curam todos os dias....quantos agora choram? e eu espero apenas que sorriam.
Sinto falta da agonia fina e delicada da espera...do frio na barriga...da resposta que o corpo emite cada vez que a vida se movimenta e eu consigo enxergar todas as cores que se abrem a minha frente e me deixam flutuar e descobrir coisas como as pinturas de Egon Schiele...além de Alfonso, eu também quero saber mais sobre ele.
Comentei hoje que queria ter um café...ouvir pessoas e suas histórias, lendas...ter livros, filmes, sofás, pessoas pintando, esboçando o cotidiano como os grandes mestres que transformam suas telas em pedaços de vidas anonimas e onde revelam suas mentes, muitas atormentadas mas intensamente vividas.
Nesse café certamente estariam Rigoberto, Anne, Peter, Liesel, Rudy, Lucrécia, Fonchito, Ricardo, Daniel, Ena, Egon, Vincent, Monet, Renoir, Goya e os amigos J. A. L. S. Lu. e muitos outros...e em uma delirante apresentação todos fariam parte de um grande quadro: a minha vida.
Durmam bem...meus amores.

terça-feira, 14 de julho de 2009

hoje pela manhã

Abri os olhos essa manhã e devidamente tomada pelos meus sonhos levantei-me da cama, deixando ali o calor do meu corpo...observei pelos vãos da janela que o sol iluminava a vida que começava nesta manhã, respirei fundo buscando o ar que me parecia faltar....lembrei-me de Daniel, Rigoberto, Alfonso, Ena, Anne e todos os outros mas em especial de Ricardo...o doce apaixonado que tanto eu desejaria que saísse daquelas páginas...Debaixo do chuveiro lembro-me dos últimos dias que passei ao lado da pessoa que seria a mais especial que eu tinha conhecido...uma dorzinha fina toma conta do corpo, sinto a água deslizar pela pele...vejo a espuma branca que cobre meu corpo e desejo que elas sejam pequenas mãos a passear pela minha pele.
Sinto as lágrimas rolarem pelo meu rosto e uma sombra a se abater sobre mim...a tristeza me entorpece...fecho os olhos e a imagem que vejo é de um passado não tão distante como eu gostaria que hoje fosse pra mim...pisco os olhos na intenção de que sua imagem desapareça mas é exatamente o contrário.
Os dias passam e eu não consigo sair desses sentimentos e pensamentos que você me colocou.

Olhei-me no espelho e percebi que o tempo passa...envelheço...me esqueço...por instantes hoje mais do que nunca desejei perder essa parte da minha memória.

sábado, 4 de julho de 2009

eu andei...deixei as marcas dos meus pés na areia...fui de encontro ao mar....as ondas batiam contra mim como se tentassem em vão me acordar...
o céu estava azul, pleno e radiante, mas o vento era gelado e corriam as gotas d'água na minha pele.
parei e contemplei aquela imagem de natureza viva...estava tão viva que me tirou do transe que eu me encontrava...respirei fundo na intenção de buscar um pouco daquela vida pra mim...deparei-me com minha insignificancia diante daquela magnetude...e mais...
a minha delicada presença diante do imenso oceano de possíbilidades que é a vida.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Pablo...

Poema Material Nupcial de Pablo Neruda
De pie como un cerezo sin cáscara ni flores,especial, encendido, con venas y saliva,y dedos y testículos,miro una niña de papel y luna,horizontal, temblando y respirando y blancay sus pezones como dos cifras separadas,y la rosal reunión de sus piernas en dondesu sexo de pestañas nocturnas parpadea.
Pálido, desbordante,siento hundirse palabras en mi boca,palabras como niños ahogados,y rumbo y rumbo y dientes crecen naves,y aguas y latitud como quemadas.
La pondré como una espada o un espejo,y abriré hasta la muerte sus piernas temerosas,y morderé sus orejas y sus venas,y haré que retroceda con los ojos cerradosen un espeso río de semen verde.
La inundaré de amapolas y relámpagos,la envolveré en rodillas, en labios, en agujas,la entraré con pulgadas de epidermis llorandoy presiones de crimen y pelos empapados.
La haré huir escapándose por uñas y suspiros,hacia nunca, hacia nada,trepándose a la lenta médula y al oxígeno,agarrándose a recuerdos y razonescomo una sola mano, como un dedo partidoagitando una uña de sal desamparada.
Debe correr durmiendo por caminos de pielen un país de goma cenicienta y ceniza,luchando con cuchillos, y sábanas, y hormigas,y con ojos que caen en ella como muertos,y con gotas de negra materia resbalandocomo pescados ciegos o balas de agua gruesa.