sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Inacabado

















as vezes tudo é tão confuso, fico me perguntando onde foi que as coisas deram errado e me condenando pelo simples fato de existir, queria ser imperceptível e queria não machucar as poucas pessoas que percebem minha existência fria e dispensável.
o dia hoje amanheceu pesando mais que os outros, parei, pensei e vi que de certa forma tudo se perde.
ao longo da vida buscamos tudo que queremos e no fim não ficamos com nada.
perdemos os anos, perdemos os sorrisos, a vivacidade da juventude, a força do corpo que se vai com a idade que chega, a vontade de sonhar, a alegria de viver, o sabor do que ainda queremos aprender e viver.
perdemos o amor...enxergamos o vazio, a solidão, o medo, o não estar, o não poder voltar e aprendemos a viver das lembranças, das memórias que com cuidado guardamos na caixinha e vamos consumindo pouco a pouco, delicadamente, cuidadosamente.
lembrei do dia que ouvimos "Quelq'un m'a dit" naquela noite meio fria, em que falamos de Paris,da poesia de Mario Quintana, do sabor doce das conversas noturnas regadas a vinho.
lembrei com saudade do dia que rimos de nós mesmos, da nossa ingenuidade, da nossa ternura, da sua doçura, do meu humor ácido, a completa sintonia do corpo, no encaixe perfeito.
e no fim tudo se perde...outros braços vão te abraçar, outra boca vai te beijar, outros olhos vão encontrar os seus e ver o que há por trás do brilho que eles emitem.