terça-feira, 3 de agosto de 2010

Contra ponto




Um vento assoprava o dia, como se quisesse empurrar as horas que teimavam em não passar.
Passei horas velando seu sorriso, redesenhando o contorno da sua boca, apreciando seus olhos castanhos com brilho de infância. E decidi me colocar no lugar, uma resignação talvez, mas não triste apenas consciente que nesse tabuleiro eu não sei jogar. Meus jogos são simples demais pra você. Como diria Mario Quintana, estou melancólica ou apenas uma forma romântica de entender a tristeza. Senti saudades da França, do abraço doce da Rosita, de sorrir apenas em ver a vida passar, de comer croissant recém saído do forno, de ouvir as vozes como poemas declamados. E o curioso de tudo é entender...entender que não há espaço pra mim e mesmo assim minha alegria transborda por poder desfrutar do seu sorriso e do abraço carinhoso de todos os reencontros. Mergulho sem olhar pra trás no que me resta, meus romances de cabeceira...Laura e Martín são os recém chegados. Acho que quando envelhecer vou acabar por virar um personagem...rs pois eles tem uma força que eu não tenho, uma força que eu desconheço e ao mesmo tempo são menos habilidosos do que eu pra entrar e sair de cena sem ser lembrado ou notado. Passeio pelas multidões sem que elas percebam a minha presença. Olhei-me no espelho essa noite e compreendi tudo que me foi dito. Não há chances...25 anos de aprendizado ensinam muitas coisas e uma delas é saber onde não se deve jogar. Retirei meus dados, eles eram pequenos demais pra essa competição onde contando as casas do tabuleiro eu não conseguiria me transformar na Cinderela e nem sapatinho de cristal. O príncipe não tem como me achar. Perdi a fada madrinha. Busco uma trégua mas já joguei a toalha e recolhi meus peões. Obrigada por essa presença doce e cheia de vida que me move. Game over!