quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Esta manhã

Abri os olhos e sem querer acreditar vi que o relógio já marcava 5h40...as pálpebras pesavam e não restava dúvidas, o remédio ainda surtia efeito.
Fechei-os novamente...voltei a abri-los quando a doce música de Bjork me despertou para um novo começo. Era preciso ficar de pé, abrir a porta e sair do meu mundo protegido, meus medos e receios teriam que ficar.
Levantei, olhei e tive vontade de contar as gotas de água que saiam do chuveiro, mas desisti.
Me vesti basicamente e saí para o que seria o meu novo dia.
Assim mais um dia começava e eu tentava me concentrar no que Adeline me dizia...sua história me emociona, me tira do eixo, me entristece, mas não posso mais abandona-la.
Se eu pudesse queria te contar sobre minhas mais novas aquisições...três.
Essa manhã ao arrumar minhas coisas no escritório...olhei na estante, senti falta de Ricardo mas tenho certeza de que L. está cuidando bem dele e por um instante tive vontade de visitar um romance russo, mas achei que Adeline ficaria chateada e também desisti da idéia.
Mal posso esperar pelo meu primeiro amor, meninos da rua paulo e história do pranto...ah! quantas emoções.
Hoje as coisas se fundem na minha cabeça, a vontade de falar com F. só aumenta, mas...
O dia passa e o meu corpo vai saindo lentamente do topor provocado pelos remédios...nos meus braços duas picadinhas vermelhas ainda estão doloridas...vai passar...tudo sempre acaba;

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Alergia e pensamentos

Eu quis mas não consegui...este lugar significa muito para mim, não seria justo deixar Yuki morrer assim, segui os conselhos de L., não vou mudar, simplesmente porque não posso mudar.
Sou assim...
Já fazia tempo que não tinha uma grande crise, mas ontem após Cinzas do Passado eu estava lá, a respiração era fraca, o ar era pouco, o corpo avermelhado e a pele claramente irritada, os olhos, a boca, a língua e a garganta tudo começava a se fechar...fui perdendo a noção...
Cheguei ao hospital por volta de meia noite e meia, fazia frio e uma chuva fina molhava o tempo...entrei...minha mãe já fazia olhos de desespero por saber que eu precisava de algo rápido [ela sempre faz olhos de desespero quando eu me calo]...o médico não era dos melhores e de certo modo duvidava daquele estado...até que o oxigênio entrava pelo meu corpo e ia liberando o que tanto me dá agonia quando falta...ar, apenas ar.
Uma grossa agulha atingia meu braço e um líquido esverdeado começava a correr pelas minhas veias e eu alí pensava em tudo que eu tinha deixado de dizer, caso algo mais grave acontecesse...vieram as crises...a pele irritada parecia que ia ser arrancada do corpo...a inalação que deixava meu coração acelerado não era suficiente para melhorar o fechamento da garganta...outra agulha, desta vez um pouco mais fina levava um líquido quase transparente para dentro do meu corpo...eu fui ficando fraca e os olhos pesavam mais do que eu poderia suportar para mante-los abertos...minha mãe falava comigo mas eu não tinha muitas forças para responde-la...tudo foi se apagando e um sono absurdo tomava conta de mim.
Lembrei-me do filme que dizia que a raiz dos problemas está na memória...adormeci até as 14h do dia de hoje...em um sono profundo tantas imagens passaram pela minha cabeça. Foram apenas sonhos.
Estou decidida e não vou mudar de opinião...essa sou eu, apenas eu...Yuki.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Urbano

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

*****

Once I wanted to be the greatest
No wind or waterfall could stall me
And then came the rush of the flood
Stars of night turned deep dust
Melt me down
Into big black armor
Leave no trace of grace
Just in your honor
Lower me down
To culprit south
Make'em wash a space in town
For the lead
And the dregs of my bed
I've been sleeping
Lower me down
Pin me in
Secure the grounds
For the later parade
Once I wanted to be the greatest
Two fists of solid rock
With brains that could explain
Any feeling
Lower me down
Pin me in
Secure the grounds
For the lead
And the dregs of my bed
I've been sleeping
For the later parade
Once I wanted to be the greatest
No wind or waterfall could stall me
And then came the rush of the flood
Stars of night turned deep to dust

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Na pontinha dos pés

O elevador me deu um certo frio na barriga como da primeira vez que estive lá...26 andares me separavam da rua...uma imagem tipicamente urbana da cidade me encantava de estar alí, o sol está brilhante mas gelado, ventava...
Senti o vento passando por entre meu corpo e a paisagem me deixava inebriada de magia, é como se toda a minha dor tivesse ficado lá em baixo, apenas a tristeza me acompanhava.
Lá em baixo as pessoas passavam e jamais poderiam imaginar o que se passava pela minha cabeça, eu observava a vida agitada mas pela distância se tornava uma vida completamente muda, minhas mãos estavam geladas mas eu não estou com frio, o vento fica mais forte...subo na paredinha e fico na pontinha dos pés, sinto meu corpo meio tremulo, mas não sinto medo...
Fiquei lá pensando e minha covardia me convenceu a descer...uma completa derrota para a minha força.
Eu só queria me livrar da dor, dessa agonia que me consome, dessa tristeza que não tem mais nome.
Ah! ouço minha própria respiração, volto a subir na muretinha e não dou tempo para os pensamentos, me atiro no nada, na cabeça só a paisagem urbana que diz muito sobre mim me ocupa a visão...
Não sinto mais dor, vejo vagamente as pessoas que circulam a minha volta , eu não ouço o que elas dizem, a imagem vai ficando cinza e bucólica, de certo modo me encanta...sinto algo escorrer pela minha garganta mas não consigo engolir, tenho vontade de sorrir para o que vejo mas nada no meu corpo me obedece mais...
Fecho os olhos lentamente, nada mais dói e tudo fica apenas como uma imagem melancólica.
Minha caneta tinha pouca tinta e não pude completar a história...tudo desapareceu.

Nada mais a perder

A tristeza que me abate agora também me faz refletir na minha existência tão insignificante... hoje meus pés não conseguem tocar o chão, mas não por felicidade e sim porque me sinto cada vez menos pertencente a essa vida.
Ah! que coragem é essa que eu não tenho??
Vejo a paisagem que daqui de cima é tão linda e me pergunto porque não apenas guardar essa última imagem?? porque não deixar meu corpo flutuar no ar e não sentir dor nunca mais??
Percebo então que minha covardia vai além dos meus pensamentos...me sinto fraca e abandono meu plano de fugir para sempre de mim mesma.
Essa semana estou no anexo...
Posso sorrir, fingir estar bem e feliz e me recolher para cuidar dos meus machucados, que em dias como o de hoje estão abertos ao extremo e a dor me deixa confusa e me intriga com perguntas do tipo porque continuar se não há nada mais a perder? porque insistir em uma vida assim? porque suportar tanto sofrimento?
Perguntas que não tem nenhuma resposta, não há um porque, somente uma ilusão de que tudo irá passar.
O vazio agora toma conta por completo da minha vida, não há planos, não há ideais...deixo as coisas acontecerem, deixo fazer o que quiserem, sou um brinquedinho na mão das pessoas, elas me machucam, me matam aos poucos e sabem exatamente onde me ferir, como chegar ao meu ponto fraco e assim me destruir lentamente, talvez isso traga a elas algum prazer ou seja um teste...até onde consigo me levantar e caminhar novamente? até quando vou juntar os cacos da minha vida??
Jurei a mim mesma que nunca mais...quanto mais eu junto os pedaços, mais me corto com a porcelana fina que agora destruída não é capaz de ter nenhum valor, absolutamente nada.
Meus olhos agora me pregam uma peça e não me permitem mais conseguir escrever nem mesmo mais umas linhas, estão embaçados pela quantidade de lágrimas retidas...vou sair...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Abismo

A vista lá de cima era linda e encantadora, prazerosamente eu estava no "topo do mundo", eu olhava os pássaros ao meu lado e pensava se eles podem porque eu não posso?...pensei em meus pais, em meus queridos irmãos, nos meu pouquíssimos amigos e na frase de yumi sempre tão correta..."viva sem que sua presença seja notada"...ah! quanta sabedoria...assim senti o vento que agora passava pelo meu corpo e me deixava parecer flutuar, não mais de alegria como há um tempo atrás mas sim de vazio e tristeza...
Essa tristeza tão insuportavelmente avassaladora e que toma conta de tudo a minha volta...devora meus pensamentos, invade minha rotina e simplesmente como pó deixa toda a minha vida...eu queria apenas me livrar da dor.
Não entendam-me errado nunca, mas como eu sempre digo as vezes parece que a dor é algo que não iremos suportar e livrar-se dela é apenas um ato de desespero...não há culpados e nem errados...somente seres inundados por essa dor que consome e que é mais forte do que tudo que nos envolve; com esse pensamento me lancei...senti o vento passar por mim, lembrei-me de meus primeiros passos ainda quando criança, senti saudades de uma época em que eu não pensava tanto, lembrei-me com doçura de todo o meu sacrifício na busca por meus objetivos, nas poucas mas sinceras tentativas de deixar felizes aqueles que me rodeavam...e nas inúmeras falhas que eles suportaram...e por último antes da grande dor física que meu corpo sentiria, me recordei das coisas doces e boas que vivemos...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Presente de J.

As vezes me assusto como minha amada irmã parece adivinhar que preciso de presentinhos que me permitam pensar mais em algumas coisas...

Fúria

chega um dia que o concreto cansa,
o aço depõe suas armas, dissipa os vidros,
desatam-se os nós impotentes da madeira,
cordas, cabos, correntes desistem da tarefa,
o plástico não se lembra de suas obrigações,
o mármore dobra sob nossos pés e levamos
a ponte pouco a pouco em nossos pulmões.
um dia, é a cidade inteira que se aconchega,
maligna, no vão livre de suas costelas.

Tarso M.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Meu pratinho de porcelana

Eu era apenas uma criança, quando ganhei meu pratinho de porcelana, ele era lindo, branco e com umas rosinhas...minha mãe estava doente e passava mal com muita frequência, pela pouca idade eu não conseguia saber exato o que era, mas sabia que seu coração não andava bem.
Era uma tarde e eu sem saber porque ela não estava me distraia com minhas bonecas, meu mundo encantado e o qual o pratinho de porcelana tinha uma função super importante além de fazer parte da brincadeira...eu brincava na escada, falava com meus amigos imaginários e carregava uma bolsa laranja...não me lembro ao certo o que aconteceu, mas em um momento de fúria meu irmão irritado atirou a bolsa escada abaixo...o pratinho de porcelana espatifou em mil pedacinhos...chorei...por mais que eu não soubesse explicar, tinha sido uma separação...aquele pratinho tinha muita importância pra mim e era como um elo entre eu e minha mãe e que agora estava estilhaçado.
Isto aconteceu há muitos anos, e hoje eu percebo quantos pratinhos de porcelana foram espatifados ao longo da minha vida.

Baby's romance

The baby's sleeping in the crib up top
And baby's sleeping above you
You will lift him to the parking lot
Your car is waiting there for you
Your car is waiting there for you
I would like to see a little more propriety,
Cooperate with me and answer me
Without a plea.
I know now, I know now, I know now,
I'm never gonna tell on you.
I know now, I know now, I know now,
I'm never gonna tell on you.
The whiskey's waiting on the firetop,
The baby's going to drink too.
The lady's got no clothes she's at the shop.
But if she'd knew then she'd kill you.
The bugs are out cause they come out at night,
Usually they just bite our hands.
Cause normally we have clothes on without a fight,
But now fighting's a part of baby's romance.
But now fighting's a part of baby's romance.
I would like to see a little more propriety,
Cooperate with me and answer me
Without a plea.
I know now, I know now, I know now,
I'm gonna tell on you.
I know now, I know now, I know now,
I'm never gonna tell on you.
Baby sleeps I can scrape your flower pots.
And baby's sleeping against you.
I think he'd pray for an old motor car.
Or any bed made without you.
Or any bed made without you.
I would like to see a little more propriety,
Cooperate with me and answer me
Without a plea.
I would like to see a little more propriety,
Cooperate with me and answer me
Without a plea.

domingo, 5 de outubro de 2008

Apenas uma frase roubada

"Amigos são anjos que nos deixam de pé, quando nossas asas não se lembram de como voar".

Coração em Cinzas


Ainda não cheguei ao meu destino e sinto uma certa saudade de Barcelona, mas essa saudade não é maior do que a que senti de Paris e do Perú onde fui tão plena pelas mãos de Ricardo.


O balançar do trem e o ritmo dos outros passageiros me faz ficar inerte com meus pensamentos, tudo roda e eu não sei onde ao certo vou chegar, só sei do que não quero.
Agora chove e minha vontade era estar do lado de fora deste vagão, lavar meu corpo, deixar a alma sentir que de certo modo acabou...Os outros passageiros olham pra mim, sem compreender porque estou chorando...
Tudo gira lentamente, mas meu corpo não consegue acompanhar os movimentos, me sinto perdida e me surpreendo com o que eu não achei que aconteceria, não consigo explicar esse grande vazio.

sábado, 4 de outubro de 2008

Nada

Me despedi de Andrea essa noite, partimos de Barcelona quando a manhã ainda dava seus primeiros sinais...deixaríamos para trás a loucura da vida na rua Aribau e uma cidade de muitos caminhos.
Andrea caminhava para a nova vida em Madrid e eu rumo ao Oriente, o calor era intenso e não conseguíamos dormir na ansiedade da nova vida.
Guardarei as boas lembranças desse lugar na visão de Andrea e de toda a sua história. Os cafés não tomados, o calor, a chuva, a banheira e os banhos gelados no inverno, a fome e a beleza tortuosa da cidade...iluminada pelo sol escaldante do verão ou pálida e triste pelo inverno...
Há uma saudade que não se dá pra explicar, como se a vida não tivesse o mesmo sentindo sem ter passado por alí, uma forma de machucar para se aprender ou apenas uma forma de se aprender machucando, doendo, roendo, dilacerando, partindo, amando e desejando com a mesma intensidade.
Deixo para trás Ena, Glória, Roman, Juan e Andrea...mas levo comigo um pouco de cada um...maldade, inocência, paixão, desejo, amor, felicidade, desespero...
Batidas na porta indicam que nosso carro nos espera, carregamos as malas por aquela escada que subimos há um ano atrás com todos os sonhos e vontades naquele novo lugar...contamos os degraus ao descer e constatamos que pouco mais de vinte era o que nos separariam para sempre da rua Aribau...Andrea entrou no carro de Ena e acenou para mim pela última vez...estava magérrima e vestia-se com seu vestido preto de verão, o calor já era intenso...foi doloroso, cansativo mas de uma certa beleza...chegamos ao nada e mais tarde veríamos toda a importância desse nada.
Yuki bem vinda a China.