sábado, 29 de maio de 2010

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Chorar é tão humano

eu poderia me despedir e isso parecer mais digno do que uma tentativa de entender o que se passa, mas sou tomada por uma teimosia que em nada me permite questionar ou pensar o que estou fazendo.
amanheço e não compreendo o vazio que preenche todo o meu dia.
trabalho no "piloto automático" ou melhor acho que vivo nesse estado automático.
como se me punisse por algo que não cometi.
encaro meu mundo paralelo como se fosse uma loucura que eu não quero controlar.
como criança me deixo levar pelas lágrimas.
chorar é tão humano.

Um pequeno presente de L. para a minha loucura

Loucos e Santos

"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."

Oscar Wilde

Obrigada L.

Clarice Lispector

Usarei Clarice para a minha ausência de palavras.

"...Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo."

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Metal Heart

um frio corria por debaixo da porta, a claridade vinha dizer que um novo dia trazendo uma nova semana começava.
eu respirei fundo e quis não ver nada disso, mas algo me empurrava para fora da proteção que meus cobertores me faziam.
levantei querendo que o mundo parasse pra que eu pudesse ali ficar.
olhei as minhas lembranças passando como em um telão a minha frente e me perguntei não sobrou nada daqueles dias? nem mesmo o carinho por uma amizade recém começada? acho que não.
ultimamente imploro por um "oi" e me mantenho em pé.
tenho chorado menos, ou melhor tenho demonstrado menos como me sinto.
pamelor me mantém sem dor e nisso isola quase todos os meus reflexos, embora eu os sinta de uma outra forma, bastante intensos dentro de mim mas escondidos, bem quietos de forma a não importunar quem não merece ser importunado, de alguma forma isso me tranquiliza.
e a dor, ah! a dor é quase inexistente.
a tristeza me consome mas eu quase não consigo chorar e pelo contrário consigo sorrir, brincar e enganar a mim mesma sobre o tempo que eu vejo que passa e eu não dou um passo adiante sequer.
me apego a qualquer que seja o motivo para me sentir um pouco melhor.
observo as manhãs frias desejando poder ficar apenas olhando pro céu a contar nuvens e possíveis gotas de chuvas muito mais lentas e serenas do que no verão.
da minha janela observo uma cidade que se movimenta, vejo o balanço das árvores e sinto a liberdade que o vento nos oferece.
percebo como ele é leve ao atravessar meu corpo, mesmo sem ser uma silueta com esbeltez.
é preciso respirar fundo, piscar até que as lágrimas não caiam e abrir a porta esperando por um novo dia e alguma conquista.
desejar o impossível apostando em uma vitória que por mais otimista que possa ser, saberei que não virá.
recolho os pedaços, tento formar um mosaíco mas nem sempre é o que consigo.
e vou aprendendo que as coisas são assim, não posso me apegar ao novo simplesmente porque tenho medo, por menor que seja o tombo ele sempre te machuca, sempre sobra alguns pedaços que não saberemos colar de novo.
e me sinto cansada de cola-los, por isso me despeço e os jogo fora e quase sempre me esqueço que os machucados expostos doem muito mais.
a exaustão me bate e "pamelor" me tira fora do ar...preciso dormir ou melhor fechar os olhos e apenas não sentir.
boa noite!






segunda-feira, 17 de maio de 2010

Corpo e alma

Foi necessário insistir para abrir os olhos. Estou de novo em Nova York.
Chorei muito ao deixar Londres e o amor de Gabe, adormeci ouvindo come away with me in the night, porque quase sempre acho que dormindo me sinto protegida de mim mesma.
Desejei desesperadamente, que não me fizesse chorar e até me mantive firme por um bom tempo, mas não resisti, entreguei-me as lágrimas como se elas pudessem fazer diminuir o que sinto.
Senti que tocava a minha pele, me aquecia, me abraçava.
Como se tivesse medo de perder, me apertava em seus braços e assim me faria sonhar.
Senti a respiração e um arrepio que percorria o corpo todo.
Você sorria como se brincasse comigo e eu queria ir além. Queria mais do que a inocência de nossas brincadeiras.
Me entreguei quando seus olhos encontraram os meus. Por eles você descobriria todos os meus segredos e senti todo o peso do seu corpo em febre sobre mim.
Senti o vento me assoprar e sorri pelo frio na barriga que senti e me vi na direção contrária.
Um estranho que me conhecia tão bem, uma sintonia inacreditável, uma cumplicidade em cada gesto.
Palavras não eram necessárias pra que você adivinhasse os meus pedidos.
Estávamos na mesma linguagem com corpo, alma e desejo.
Você mapeava meu corpo e eu achava graça.
Em silêncio observamos o céu, contamos estrelas, desenhamos nas nuvens.
A cidade se movimentava freneticamente e ao mesmo tempo tudo parecia em câmera lenta.
Acordei ainda sentindo o calor do seu corpo ao meu lado.
Quero sempre o que não posso ter? Não, apenas abro mão de fazer com que outras pessoas passem por esta dor.
Me escondo do mundo, prometo o que não posso e pago sempre um preço alto demais por meus devaneios e desejos.
Fecho os olhos e me permito pular. Sinto o vento e uma voz que me chama.
Lanço-me sem medo da dor.
Corpo e alma...
Ventos e vendavais.
Observo a vida pelo lado de fora calando meu desejo a cada dia pela dor da sua ausência.

sábado, 15 de maio de 2010

A noite o céu é perfeito!

Cheguei a Londres essa manhã, senti uma falta incrível de Ricardo, mas decidi deixá-lo pra trás como fiz com Paris.

Eu não podia mantê-lo comigo.

Penso em tantas coisas agora e ao mesmo tempo não penso em nada com medo do que posso pensar.

Um frio percorre minha espinha quando penso que tudo está tão longe.

Por conta do medicamento, a visão parece turva e os movimentos mais lentos.

Uma agonia fina toma conta dessas horas, não entendo porque estou me sentindo assim.

Você me tirou da sua vida e eu resignei-me a minha ausência.

Não é tão fácil como parece, mas engoli meu orgulho e aceitei. Parti.

Não há convites, não há discussões, não há cinema, não há café.

Dei meus passos de Alice no seu mundo encantado. Peguei o caminho errado e estou agora só tentando voltar pra casa.

Não imaginaria que tudo fosse ser tão doloroso. O segredo que seus olhos guardavam ia além da minha imaginação.

Não entendo o que é esse vazio dentro de mim, como se houvesse uma ausência de alma.

Pergunto onde meus passos me levam e não consigo entender o que eles respondem.

Estou tomada por uma inquietude que me sufoca. Sinto-me triste como há dias não me sentia. Uma saudade invade todas as coisas que tento pensar e me pergunto, era necessário que fosse assim?

E o pior é saber que os dias serão todos iguais, mil sonhos serão enterrados.

As lágrimas correm de mim.

É horrível a sensação que tenho de estar cada vez mais fora da realidade comum. O que há de errado?

Pela manhã eu parei pra observar a cidade e seus movimentos. Vozes, passos e eu olhava as cenas como se elas estivessem expostas em quadros.

Me despedi dos meus amigos em Londres, aqui era só uma passagem pra aprender o valor de um amor, mais forte que a vida.

E eu que te amo tanto, sufoco meu choro e tento achar um caminho pra aprender a lidar com a dor de te perder dia após dia, sabendo que não estou a altura do seu coração.