quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tristeza

"A tristeza é apenas o inicio do precipício"

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ausente

O vestido era quase branco, a pele quase bege, a chuva forte e a alma em pedaços.
O corpo caminhava naquela paisagem melancólica e se deixava lavar pela chuva que colava o tecido a minha pele.
Um arrepio doce parecia envolver-me e ao fechar os olhos eu procurava pelos seus braços, e ao abrir me deparava com a sua ausência.
Sinto saudade de uma época que não vivi, sinto falta do seu passado e do meu presente.
Me alimento do que você me oferece.
A chuva aumenta e a minha tristeza também.
O café me aquecia, mas o gosto da minha boca ainda era o da sua que não provei.
Os olhos podiam falar mais do que o que eu queria que eles dissessem e eu os fechava pelo peso das minhas lágrimas.
Meu choro revelava a minha fraqueza e a ausência de mim mesma.
Eu lembrava dos meus passos no mar, das estrelas que olhei, das nuvens que contei.
Contemplei essa beleza pela luz dos seus olhos.
Te contei meus segredos sem que você pudesse ouvi-los, te toquei sem que você sentisse, te olhei sem que você notasse, te amei sem que você desejasse.
A vida se movimentava cada vez que você sorria.
Eu achava graça no jeito de moleque que escondia o cara sério.
Eu sentia o vento e o seu toque pela minha pele, tatiando meu corpo e decorando cada pedaço da minha vida.
Caminhei na beira do abismo.
Chorei.
Pedi por mim.
Olhei para o corpo agora completamente envolto no vestido colado a pele e me encolhi.
Senti medo, frio, calor, meu desejo e sua ausência.
Um vazio ocupado. Um espaço que aprendo a contornar todos os dias, esperando pelo inesperado.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

passos


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sociedade dos poetas mortos

Ah! os meus poetas.
Me perco nos meus próprios poemas. Procuro pelo meu poeta, mas ele não quer ser encontrado.
Eu o desejo com toda a intensidade do mundo mas encolho-me a minha ausência a cada vez que ele se aproxima.
A solidão me conforta.
Busco em palavras os sentimentos que não encontro. Busco em uma ausência a presença de quem já há muito não se faz presente.
Abro os olhos todas as manhãs esperando o que já não é esperado.
Deixo a água molhar meu corpo, o sol as vezes me procura pra dizer que estou viva.
Mas hoje nada me fazia querer levantar. Ficar em pé as vezes é tão doloroso.
Eu olhei aquele apartamento como se nele estivessem as respostas que busco. Ele era pequeno como eu, mas tinha uma solidão enorme dentro dele e sei que sorria ao me abraçar na porta de entrada.
Um certo receio me invadia pela proximidade que ficavamos, era como se eu tivesse achado o lugar que sempre procurei e ao mesmo tempo havia um medo de que lá fosse o meu lugar para sempre.
Aquela empena cega pra onde eu abria a janela me deixava um pouco triste, como se eu não pudesse ver além daquela paisagem.
Contei os passos, caminhei e descobri que éramos de alguma forma um para o outro. Um sonho de liberdade ou melhor dizendo a minha sociedade.
Meus poetas mortos, meus livros esquecidos, meus personagens jamais vistos.
Senti uma paz imensa tomar conta de mim e a desacelerar meus batimentos cardíacos.
Encontrei meu lugar.
Sem pensar lancei-me, senti o vento, senti saudades de quem eu sabia que não veria mais, senti o impacto do meu corpo e neste momento nada em mim respondia.
A sociedade dos poetas mortos me recebia.



sábado, 13 de fevereiro de 2010

O segredo dos seus olhos

Talvez meus olhos falassem mais que o necessário ou menos do que o que deviam e talvez não tão claros como poderiam ser e ao mesmo tempo buscavam em outros olhos a resposta para aquele momento.
Energia era o assunto? Já não me lembro mais...
A noite se fazia presente com ar de festa.
Eu adormeci relembrando detalhes.
Bebeu no meu copo, colocou o meu garfo em sua boca, de alguma forma consumiu um pouco mais de mim. Será que descobriu meus segredos??
O calor era intenso.
E o dia terminava da melhor forma possível...café.
Eu queria um pouco mais, eu esperava um pouco mais, mas...tudo fazia o infinito parecer perto demais.
Caminhei a passos apertados, desejei uma hora a mais, mas neste dia meus pedidos não foram atendidos, mas eu não podia reclamar.
Os olhos diziam mais, muito mais.
Lembrei-me da infância, do doce desejo de criança e como os olhos das crianças falam o tempo todo.
Eu olhava mas não observava. Hoje observo mas não vejo.
Os seus olhos escondem mais que um segredo, escondem um corpo que procura, escondem uma alma que encontra.
Escondeu o céu das minhas estrelas, escondeu a cama do meu corpo, escondeu a pele do meu desejo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Pra hoje

Estou sentada sob a lua, olho pra ela e me vejo pequena diante do mistério que somos.
Me questiono sobre sua beleza e encanto.
Busco um vazio que me faz chorar e eu nem sei ao certo porque.
Olho pra cama vazia, os lençóis estão intocáveis assim como a pele que já não sente suas mãos, sinto um frio que percorre a alma.
Agora olho da minha janela e vejo um futuro que não me pertence mais, uma paisagem que já não devo contemplar.
Meus olhos agora quase nem podem enxergar...sinto as lágrimas rolarem pelo rosto.
O desejo que me consumia era algo que eu já não tinha como controlar.
O remédio fazia efeito...a febre parecia melhorar.
O corpo não respondia.
As roupas estavam pelo chão, misturadas aos vidros quebrados, senti que me cortei...vi meu sangue escorrer e uma dor fina tomar conta das minhas mãos...chorei.
Não pelos machucados vistos, mas por aqueles que não cicatrizariam.
De que adiantou tantos planos? tantos sonhos? todos se perderam no meio do caminho.
Um caminho que eu não pude escolher.
Caminhei...senti a grama molhada...senti o vento e o vazio.
Olhei pro céu e pedi uma esperança.
Busquei nos passos do inimigo o caminho que me levava ao abismo. Me joguei.
Senti quando meu corpo parou sobre as pedras. Era impossível até mesmo pensar.
Chorei...
A respiração era lenta, fraca...eu sentia falta de ar. Percebia o corpo adormecer e sorri à quem me deu a mão. Senti saudade e uma paz de espírito.
Olhei pra mim e sorri.
Lembrei da sensação de prazer do dia que estive ali com você e de hoje quando vi meus desejos se perderem.
Tudo era doce como chocolate e eu acreditei ser de novo uma criança encantada disfarçada no corpo de mulher que eu não reconhecia como meu.
Eu procurei pelo seu abraço e revelei a solidão dos meus passos.
Parti.
Apaguei o caminho pra não saber voltar.
Perdi.
Entreguei a guerra sem lutar nenhuma batalha.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Um post de segunda durante a espera

Uma chuva intensa molha meu corpo que aos poucos libera o calor que antes o atormentava.
Um vento sopra minha pele causando certo arrepio.
Me lembro de ontem e uma felicidade me deixa sentir certa vertigem, procuro seguir os passos como se eles não me pertencessem, busco a espera e eu nem sei que espera é essa.
A roupa molhada revela os traços de um corpo esquecido no tempo.
Caminho no escuro de encontro ao que melhor me covém, a minha solidão.
Algo que revela minha fragilidade, meus sentidos despersos, meus sonhos perdidos, sem sapatos de cristal ou príncipes encantados, a vida caminha e eu me sinto cada vez mais próxima do abismo.
Pulo!
Sinto o vento envolver minha alma. Não há tempo nem para pensar e se arrepender.
Um desejo pela vida me acompanha desde a tarde de ontem e hoje enquanto espero.
Vejo os rostos em atenção, uma expressão de futuro está impressa nessas pessoas.
Por instantes me lembro com saudade de Ricardo e comparo sem nenhuma pretensão Violetta a menina má, porém a intensidade com que vivem me causa certa inveja.
A ousadia de Fonchito me deixa com saudade de Egon.
Saudade?!
Sim, saudade da sua loucura, no meu tormento, do prazer da sua pele, dos sonhos que deixo pra trás a cada esquina.
Da vida que deixo passar ao longo do tempo e sem olhar me permito esquecer ou fingir que ela não é minha.
Visto um corpo que não é meu. Me sinto Alice e me perco nos braços do meu inimigo.
Um frio percorre a espinha, estou chegando perto demais, me escondo, fujo, me esqueço.
Entrego a mim mesma num caminho sem volta.
Procuro pela felicidade do encontro e me dou conta que perdi a espera.
Todo esse tempo só me fez acreditar no que não existe. Junto os pedaços e em um mosaico colo os cacos e só eu saberei o significado, só eu saberei o enigma da sua mensagem subliminar.
Eu desejei, fechei os olhos e assim me permiti sonhar.