sábado, 8 de setembro de 2012

2.8




Dizem que ficamos bem quando nosso inferno astral passa, mas acho que no meu caso foi justamente o contrário que aconteceu.
Eu não me dei conta dos meses que passaram e muito menos da proximidade com o final de mais um ciclo e no entanto ele passou, mas passou como um furacão, me tirando completamente de órbita e me pondo a olhar todas as coisa que esses 28 anos passaram em branco por mim. E quase como um tapa na cara disse com todas as letras, a vida passou...
pra muitos pode ser visto como um drama alguém que aos 28 anos diz que a vida passou em branco, mas não é verdade, é apenas uma visão nua e crua da realidade.
Ano passado prestes a encerrar meu ciclo dos 26, meu pai me dizia que eu estava feliz com minhas três ultimas realizações e que faltava apenas uma coisa pra que eu me sentisse plenamente radiante. Na ocasião ele estava certo, faltava e continuou faltando. Porém, este ano além do que já faltava ano passado, perdi meu conselheiro, pai, amigo e acima de tudo parte do meu alicerce, uma das duas pessoas pela qual eu ainda tinha vontade de me levantar e dizer ok, eu posso ir em frente. Hoje, a vontade passou a ser pela metade e há dias onde eu aceito, não, eu não posso ir em frente.
Os "amigos" sumiram, o amor continua platônico e o pior de tudo a esperança deixou de existir. Não olho o futuro porque deixei de ter horizonte, não faço planos porque eles não sairiam do papel, não tenho sonhos e não espero nada do que sei que não vai chegar e se um dia chegar, irei perde-los.
Assim me darei ao luxo de viver esses meus vinte e cinco próximos dias, distante de tudo e da grande maioria das pessoas, recolhida no meu jardim secreto...eu, minhas lembranças, minha dor, meu desespero, minha ausência de mim mesma. Um isolamento que talvez seja minha única proteção, uma fuga cada vez mais reconfortante. 
Por muitos anos, sem compreender o que era uma tristeza inquieta, eu procurei por este refugio, por bobagens...mas curei o que julgava serem feridas, juntei cacos, colei mosaicos e agora tudo se faz diferente...eu busco o refúgio mas apenas para deixar que as feridas me consumam...
Eu não vou brigar, eu não vou lutar e também não vou questionar.
Eu precisei sentar com você àquela mesa, compreender, te ver chorar e me calar diante do que eu sentia naquele instante. 
Acostuma-se com a dor...e te deixar partir, fazer-se aceitar suas razões era uma maneira de me colocar digna diante de ti.
Pago um preço alto por erros dos quais eu nem sei se cometi, mas pago...pago por obediência, por resignação e por talvez compreender em 28 anos a minha real missão de vida. 

Enterrei desejos, sonhos e aceitei meu castigo e o cumprirei mesmo não me julgando merecedora de algo tão severo.

Deixo a tristeza me encaminhar e me permito cair.