terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Nesta Manhã




Nesta manhã,  eu estava em seus braços e ainda podia perceber o entorpecer do meu corpo colado ao seu...

Havia em nós uma necessidade extrema de prazer e luxuria - uma vontade de morrer ali para sempre.

os vitrais coloriam as luzes, mas um amarelo âmbar era capaz de ofuscar qualquer que fosse aquele brilho, aquele brilho que seus olhos tinham ao me contemplar.

nua eu deixava-me ser uma obra de arte apreciada.

senti uma saudade enorme de Buenos Aires, dos nossos cafés pelas esquinas frias nas manhãs daquele fim de junho.

eu gostaria de ler pra você, o que me inspira agora...uma inspiração climática...sem a melancolia dos dias cinzas, mas com a veemência e o calor dos dias amarelos, quentes, transbordantes dessa vontade inquietante.

Cansei dessa saudade que me consome dia após dia...

Meu corpo ainda inebriado do seu perfume e do prazer daquela noite inesquecível ecoa toda a volúpia com que me deteve...meus passos incertos, meu respirar com desespero calado pelo seu desejo na esquina da Nove de Julho com a Florida...

A vida se abria diante de meus pés, a chuva caía e nos molhava deixando meu corpo transparecer por entre o tecido que cobria a pele...a pele quente que suas mãos percorriam. Sua boca devorava com prazer as minhas meias palavras e sorria e você me observava. Como uma criança que acaba de ganhar um novo brinquedo meus olhos brilhavam quando encontravam os seus.

Eu, frágil, me deixava carregar por seus braços e abraços e repetia a mim mesma...me leve pra você!

Sua, completamente sua, éramos uma substância desconhecida, perigosa e altamente viciante que eu desejava consumir até a última gota...meu veneno mais doce...sem me dar conta eu deixaria você me aniquilar lascivamente.

Seu corpo era o mapa do tesouro, o mapa que desvendaria meu maior prazer. 
Num delirante caminho de curvas sinuosas eu me dirigia ao mais alto dos penhascos, de onde eu me lançaria sem medo...trazendo todos os meus instintos a tona, sem ao menos perceber a linha tênue que rompe a dor e se torna prazer.

Abri os olhos...eu estava inerte, totalmente envolvida pelos seus braços, tomada por uma exaustão de deleite e de contentamento...a respiração fraca aquecida pelo calor do seu corpo e a plenitude desta manhã.



terça-feira, 4 de dezembro de 2012

uma noite...








o céu estava claro, a noite se fazia fria mas a sua proximidade me aquecia...

meus pensamentos giravam e me tiravam daquele lugar com uma velocidade que eu nem percebia.

entre um gole e outro eu ouvia o que você me dizia...


meu coração estava acelerado e eu desejava com veemência que minhas vontades fossem atendidas.

esperei que meus olhos pudessem te contar tudo que eu estava pensando...


senti um gosto gelado, mas pela primeira vez achei o líquido doce...
cansei de esperar pelo destino e resolvi correr atrás dele...

tomados por uma ânsia de vida, eu era incapaz de me reconhecer naqueles corpos no meio da paisagem...


as luzes eram amareladas e virávamos sombras...uma alucinação pelo desejo que eu sentia...


você me despia com os olhos, me devorava cada vez que mordia os lábios e sem restrições eu era sua, somente sua.


do dia para a noite, para aquela noite, o hiato que nos separava desapareceu...

eu era você em uma combustão de sensações...

o céu se mantinha claro e calmo, mas uma chuva fina insistia em deixar os corpos úmidos na paisagem gélida da madrugada que se aprofundava.


você me apertava contra seu corpo e desta vez me despia com volúpia, desejo e prazer para o seu deleite.


eu era sua...


sua boca mapeava meu corpo de maneira fugaz consumindo meu fôlego e me inebriando do perfume da sua pele.


a linha que separava dor e prazer era tão tênue que eu mal pude perceber e me deixei cair em seus braços.


o céu era o plano de fundo...


um frio percorria a espinha cada vez que você me deixava mais perto...seu corpo um convite a minha submissão.


no impulso do seu desejo, o ar tornava-se algo insuficiente...

a saliva se misturava...

seus olhos me confundiam refletindo meu corpo entregue com sofreguidão, ansiedade, impaciência e avidez.