sábado, 4 de outubro de 2008

Nada

Me despedi de Andrea essa noite, partimos de Barcelona quando a manhã ainda dava seus primeiros sinais...deixaríamos para trás a loucura da vida na rua Aribau e uma cidade de muitos caminhos.
Andrea caminhava para a nova vida em Madrid e eu rumo ao Oriente, o calor era intenso e não conseguíamos dormir na ansiedade da nova vida.
Guardarei as boas lembranças desse lugar na visão de Andrea e de toda a sua história. Os cafés não tomados, o calor, a chuva, a banheira e os banhos gelados no inverno, a fome e a beleza tortuosa da cidade...iluminada pelo sol escaldante do verão ou pálida e triste pelo inverno...
Há uma saudade que não se dá pra explicar, como se a vida não tivesse o mesmo sentindo sem ter passado por alí, uma forma de machucar para se aprender ou apenas uma forma de se aprender machucando, doendo, roendo, dilacerando, partindo, amando e desejando com a mesma intensidade.
Deixo para trás Ena, Glória, Roman, Juan e Andrea...mas levo comigo um pouco de cada um...maldade, inocência, paixão, desejo, amor, felicidade, desespero...
Batidas na porta indicam que nosso carro nos espera, carregamos as malas por aquela escada que subimos há um ano atrás com todos os sonhos e vontades naquele novo lugar...contamos os degraus ao descer e constatamos que pouco mais de vinte era o que nos separariam para sempre da rua Aribau...Andrea entrou no carro de Ena e acenou para mim pela última vez...estava magérrima e vestia-se com seu vestido preto de verão, o calor já era intenso...foi doloroso, cansativo mas de uma certa beleza...chegamos ao nada e mais tarde veríamos toda a importância desse nada.
Yuki bem vinda a China.