O elevador me deu um certo frio na barriga como da primeira vez que estive lá...26 andares me separavam da rua...uma imagem tipicamente urbana da cidade me encantava de estar alí, o sol está brilhante mas gelado, ventava...
Senti o vento passando por entre meu corpo e a paisagem me deixava inebriada de magia, é como se toda a minha dor tivesse ficado lá em baixo, apenas a tristeza me acompanhava.
Lá em baixo as pessoas passavam e jamais poderiam imaginar o que se passava pela minha cabeça, eu observava a vida agitada mas pela distância se tornava uma vida completamente muda, minhas mãos estavam geladas mas eu não estou com frio, o vento fica mais forte...subo na paredinha e fico na pontinha dos pés, sinto meu corpo meio tremulo, mas não sinto medo...
Fiquei lá pensando e minha covardia me convenceu a descer...uma completa derrota para a minha força.
Eu só queria me livrar da dor, dessa agonia que me consome, dessa tristeza que não tem mais nome.
Ah! ouço minha própria respiração, volto a subir na muretinha e não dou tempo para os pensamentos, me atiro no nada, na cabeça só a paisagem urbana que diz muito sobre mim me ocupa a visão...
Não sinto mais dor, vejo vagamente as pessoas que circulam a minha volta , eu não ouço o que elas dizem, a imagem vai ficando cinza e bucólica, de certo modo me encanta...sinto algo escorrer pela minha garganta mas não consigo engolir, tenho vontade de sorrir para o que vejo mas nada no meu corpo me obedece mais...
Fecho os olhos lentamente, nada mais dói e tudo fica apenas como uma imagem melancólica.
Minha caneta tinha pouca tinta e não pude completar a história...tudo desapareceu.