segunda-feira, 2 de junho de 2008

O desejo e o consumo


Ricardo teve o melhor e o pior de seus encontros com a menina Má. Ela o torturou prazerosamente, consumiu suas forças com todo o seu conceito de desejo e piedade.

Ricardo nunca foi tão feliz como naquele momento, poderia morrer sem que nada fosse ser mais intenso do que a loucura que o movia até a menina Má. Mas em um ato de total crueldade a menina Má o abandonou e o fez sentir toda a inversão do seu amor em ódio e desespero, o que fez ele achar que o melhor caminho seria o suicídio, pois como se livrar daquela mulher que estava dentro dele e cujo seu perfume inebriante já fazia parte da sua pele, além de seu corpo totalmente moldado ao corpo dela no qual até a alma já não saberia se diferenciar da alma dela.

Ele fechava os olhos e se recordava de seus braços o devorando e de sua boca o consumindo, entre saliva e palavras que não pareciam ser mentirosas. Acreditam naquele instante, Ricardo se comportava como um menino diante de seu melhor prazer, de sua melhor aventura e acima de tudo de sua melhor conquista na vida, ela era seu premio, seu mais perfeito sonho e sua morte também.

Em uma mistura perigosa entre paixão, desejo e prazer Ricardo se afundava lentamente, saboreando cada gota daquela hora como se fosse a última.

Não seria possível esquece-la sem apagar a sua memória por completo.

Paris não tinha o menor sentido sem ela. Nenhuma cidade, nenhum idioma seria o mesmo depois dela.


Ricardo implorava por seu amor, enquanto ela o zombava e lhe dizia que nunca se apaixonaria por ele.

Uma vez apenas menina Má, diga que me ama...e sorrindo de sua atitude ela lhe dizia nunca, mesmo amando não poderei dizer.


Apertada contra seu corpo, ela não dizia nada, apenas o consumia como um souvenir que acabava de ganhar.


Ele a beijava dos pés a cabeça, jurando que não deixaria mais que ela o fizesse se sentir o nada que cada vez que ela ia embora ele sentia, porém na mesma hora, mudava de idéia jurando-lhe amor eterno.


Agora Ricardo e a menina Má estão se despedindo de mim e eu já estou com saudades, desta forma optei por consumir as ultimas linhas desse amor de forma homeopática, lentamente, metodicamente ao som de Be my last, que casou tão bem com esses momentos que misturam prazer, poesia e paixão arrebatadora.


Nem mesmo Antônio, Liesel e Rudy Steiner me consumiram tanto, mas também me ofereceram formas bem diferentes de suas visões e de suas vidas.


Até Paris, pra mim e pra você.