segunda-feira, 9 de junho de 2008

Alguns dias em Buenos Aires

A cidade parecia entorpecida por um sol gelado e frio, a pele estava seca e avermelhada pelo vento.
Do alto tudo tão certinho, tão regular que parecia que as quadras tinham sido desenhadas milimetricamente, pensei em quantas coisas eu ia descobrir daquele lugar.
E foi inevitável não me lembrar de Ricardo, mas principalmente de você, sim porque era uma descoberta e lembrei de todas as coisas que já comentamos que queríamos descobrir.
O mundo parou no instante em que me senti tão longe de você, meus olhos se encheram de lágrimas e senti na boca o gosto amargo da saudade. Com tudo o coração batia mais forte cada vez que eu pensava em tudo que queria te contar, em te mostrar daquela mágica e inesquecível paisagem. E o fato não era com que atenção você me ouviria e sim que me ouviria.
Somente uma pessoa me escutaria com atenção, pessoa esta a qual eu não posso mais contar nada, simplesmente porque decidimos em comum acordo que nos enterraríamos junto com nosso passado e não teríamos condições alguma tão pouco de levar adiante uma amizade perdida pelos nossos próprios atos.
Um dia quem sabe posso perdoar, hoje simplesmente não consigo.
Mas isto nem está em questão, porque o que conta é que eu estou descobrindo meu plano de felicidade onde a física ocupa meu espaço, minhas coisas, e ao mesmo tempo em que eu acho que o conheço do avesso, descubro que ainda não conheço a melhor parte.

E foi inevitável não me lembrar de Ricardo, mas principalmente de você, sim porque era uma descoberta e lembrei de todas as coisas que já comentamos que queríamos descobrir.
Lembrei de nossa ansiedade em saber das coisas, em conhecer lugares, em achar coisas parecidas com a gente.
Aquele lugar de alguma forma pedia sua presença. Não sei explicar, Daniel e Clara me acompanharam por algumas horas.
O encanto da música e da arte está por toda parte, e por mais que você pudesse estar lá, aquele lugar tem a ver comigo e não exatamente com você.
Me coloquei a pensar, sob aquele céu azul e frio que contemplava o sol mais brilhante e menos quente que já pude presenciar. Imaginei mais uma vez como seria conversar em um daqueles inúmeros cafés sobre Pablo Neruda, sobre física e arquitetura, sobre nossas paixões, nossos sonhos desencontrados e ao mesmo tempo tão próximos.
Poderia elege-la como nossa cidade?