sexta-feira, 29 de junho de 2012

Hoje

Há muitos meses que não consigo sequer expressar minhas palavras.
A vida passou a pesar quilos sobre os ombros cansados.
Chorar é uma atividade exaustiva, nos deixa fracos, frágeis, contando as horas e em vão colando cacos que nunca mais irão se juntar.
Os dias passam e tudo que eu desejaria era ficar no mesmo lugar, sob esse céu gelado de inverno e sol brilhante.
Nem nos meus piores pesadelos eu poderia saber que a dor seria tão grande. Passo dias me perguntando o que de tão errado eu fiz pra tamanho castigo e sem resposta empurro a vida ladeira a baixo. Sem horizonte, alimento-me de um passado não tão distante e me questiono se tinha mesmo que ser assim e mais uma vez sem resposta ganho impulso pra guardar minha tristeza e a deixo me corroer de maneira lenta e dolorosa me punindo do que eu nem mesmo sei.
Sufoco meu choro e minha fraqueza diante das minhas feridas e resigno-me a essa dor que me dilacera e olho pra vida como se ela fosse meu mais cruel algoz, me ferindo sem piedade e eu por obediência sequer peço clemencia ou compaixão.
Aceito meus castigos e minhas punições sufocando a minha dor tentando compreender onde foi que errei, qual o crime que pago um preço tão alto.
Me pergunto porque não fui eu? Em nada eu faria tanta falta, em nada eu seria tão importante, em nada minha ausência seria tão significativa e ao contrário do que possa parecer me agrada se tão pouco significante, ou seja, volto na minha mesma questão de porque não a mim?
Meus olhos pesam e as letras estão turvas.
Todas as noites me sinto em uma exaustão sem tamanho e assim fico a deriva e como um objeto sem uso, valor ou função envelheço, estragando a cada dia um pouco mais.