Quando menina eu vivia com meus amigos imaginários, com minha casinha imaginária, com meus filhos imaginários, com um amor que eu nem sabia que era isso mas também imaginário. Meu pai era peça fundamental para essas imaginações todas. Ele montava a minha casinha, colocava mesa e cadeira no quintal, um varal na minha altura para que eu pudesse colocar as fraldas dos meus bebês assim como minha mãe fazia com as minhas...eu era a mamãe naquela casinha mas me permitia chupar chupeta como meus filhinhos. Meu pai era a minha visita, tomava chá comigo, comia a minha comidinha imaginária claro e dizia que estava uma delicia. Queria viver nessa época novamente. Me sentir protegida de mim.Os olhos pesam demais essa manhã. Eu olhei o sol e não vi seu brilho...o sol sorriu mas não foi pra mim, ninguém pediu.
Me pego tentando entender o que não tem nada pra ser entendido.
Aprendi a contar as nuvens e a noite passada contei as estrelas, mas perdia a conta quando os meus olhos não conseguiam mais saber se era uma ou duas estrelas porque as lágrimas não me permitiam.
Tentei achar os sonhos, as vontades que ainda estavam fora da caixinha. Coloquei mais algumas coisas naquela pequena mas minha caixa.
Guardei meu último conto de fadas. Pela primeira vez eu ocupava o papel da princesa...mas não despertei do sono profundo, achei o sapatinho de cristal mas ele se quebrou.
Na caixinha estão o que considero precioso...minha família, poucos amigos, momentos da infância, transições e pessoas que fizeram-se presente na minha vida, dando a ela maravilhosos prazeres...ontem essa mesma caixinha ganhou mais algumas coisas e mais uma pessoa.
Du, vai deixar saudade.
Mas não há nada que possa ser feito.
Recolhida no anexo deixo as coisas menos dolorosas. Busco me apegar somente no que tivemos de bons momentos e assim me despeço sem tanta tristeza e volto para meu mundo imaginário.