quinta-feira, 16 de julho de 2009

Madrugada

O relógio marcava 4h09 desta nova manhã...os cabelos estavam molhados, a roupa úmida e sem parecer um sonho havia um peso de um outro corpo sobre mim...tentei não abrir os olhos, mas queria olhar nos olhos da boca que me consumia com volúpia, desejo e veemência.
Sem chance para nenhum pensamento, tatiava aquele corpo que a cobria e a fazia sentir calor, frio, uma mistura de sensações completamente novas e inexplicáveis.
Absorvendo toda a beleza daquele momento ela respirava profundamente e perdia o ar nos lábios que a calavam.
Naquela saliva sorvida com avidez, ela identificava o corpo e a alma do ser que a apertava, abraçava, invadia e amava aquele corpo miúdo para grandes mãos que decorando o caminho da sua pele tatuaria seu corpo.
A cabeça rodava em movimentos tão rápidos que chegavam a dar certa vertigem mas devidamente segura em suas mãos ela chegaria perto das nuvens cada vez que seus dedos entrelaçavam seus cabelos.
Um frio percorreria a alma cada vez que seus olhos cerravam com aquela boca que se desviava da sua para percorrer seu pescoço...suas costas...sua nuca.
E suas mãos pequeninas desafiava seu sentido tentando identificar na ponta dos dedos as costas desse amigo inimigo que ela não queria e nem teria forças pra lutar.
Embalados pelo silêncio da madrugada recorrente ele passearia pelo corpo dela iluminado apenas pela luz temerária de um pequeno abajour.
Não precisavam de palavras pra traduzir aqueles sentimentos que agora movidos por um desejo mutuo não se permitiria mais que fosse esquecido.
Formando um belo quadro os dois corpos por instantes se confundiam...criando um para o outro um caminho enigmático de descobertas, de medo, de prazer, de paixão.
O tilintar do telefone junto a madeira despertaria essas almas, devolvendo-as a seus lugares e guardando o segredo desta noite, um sol radiante iluminava a manhã gelada deste inverno, trazendo beleza e energia para o novo dia que nascia.
Ainda era possível sentir as mãos ágeis em seu corpo naquela manhã, ela levantaria e acordaria do sonho...deixando a água deslizar pelo corpo ainda quente sentia um misto de paz e euforia que faria com que ela desejasse viver.
Escolheu uma roupa especial, sapatos especiais, maquiou os olhos, pintou a boca e se apresentou para o dia ainda flutuando pela beleza daquele desejo da vida, de quem tem pressa sem correr, de quem tem fome sem querer comer, de quem espera sem querer chegar, de quem observa sem ser visto, de quem ouve sem escutar, de quem ama sem poder amar.