era madrugada, ela estava acordada e pensava...seu corpo pedia por aquele outro corpo como nunca antes, mas de que adiantaria saber de todos aqueles sonhos? de que adiantava contar-lhe tudo agora? o que ele queria? o que pretendia?
tantas coisas se passavam...
fechando os olhos uma única imagem tomava conta de seus pensamentos...seu corpo inebriado pelas palavras e por algumas taças de vinho tentava compreender o incompreensível, onde aquilo iria chegar?
eu procurei no vazio pelo amparo daqueles braços, eu busquei no escuro o gosto daquela boca e nos olhos pela ilusão daquele sentimento.
eu estava ali e você cobria a minha alma, eu estava ali e você me desenhava na sua tela me devorava com pinceladas de cores fortes e olhar de quem deseja mais...
eu esperava mais...eu queria mais...
você transcrevia com tintas os detalhes de um corpo que você não conhecia, que jamais tinha visto.
a emoção tomava conta das suas idéias...você deixaria sua prancheta com papeis a espera de um novo esboço e se entregaria aos desejos da sua alma.
beijava-me com avidez e volúpia, com ternura e vontade, me apertava com delicadeza mas conduzindo aquele encontro dos corpos, você sabia o que queria e onde queria chegar e eu me permitia ser apenas o desenho do seu caminho.
deixávamos nos tomar pela luxuria e você terminaria sua cena, com gentileza e calor, com frio e amor.
passeava pelas curvas daquele corpo como se o conhecesse de cor, suas bocas encaixavam-se como se uma tivesse sido feito para outra.
abusava dos meus sentidos...tatiava seu corpo, buscava pelo seu perfume, sentia o gosto da sua pele e ouvia sua respiração.
onde estivemos por todo esse tempo? porque perdemos dez anos? porque fizemos opções? porque permitimos isso passar? porque morreremos nos fazendo perguntas ao invés de agirmos pela nossa vontade, pelo nosso desejo?