quarta-feira, 22 de julho de 2009

Dez anos!

Eu me perdia entre os seus braços e você me achava como se fosse um radar, eu me buscava e você me mostrava a sua direção, eu destruía meus passos e você construía a minha história, eu desejava perder a memória e você me fazia lembrar de nós em qualquer que fosse a circunstância.
Sem nem perceber você estava lá o tempo todo lembrando cada um dos meus passos, comemorando cada uma das minhas vitórias, chorando cada uma das minhas derrotas e me fazendo esquecer cada um dos meus passos errados.
Me questionava, me incomodava, me consumia, me prendia, me invadia e era a única pessoa a me tirar da paisagem as vezes árida do escritório e me levar ao cinema, mesmo que o filme fosse o que você saberia que eu não ia gostar. E eu ia...com você eu ia...
Recusei, demorei, andei, viajei e nada foi o mesmo...fui me afastando, me alongando, me jogando, me amando...e você me mantinha ativa...viva!
O cinema, o filme era de guerra, eu não gostava, você o queria, e foi tão calmo vê-lo de mãos dadas com você...entrelaçava os dedos aos meus e o sentia percorrer meu corpo mesmo que fosse sem querer, eu me assustava você me apertava. Me faria segura e presa a você...seu perfume ficava em mim.
A língua era portuguesa, mas não te interessava tanto. A paisagem era verde mas nos desviávamos cada vez que nos olhávamos...eu estava ao seu lado, você estava comigo.
Você grande, eu pequena...
O tempo passa...eu me deixava levar pelos seus braços...o som era valsa...eu não via, você me olhava, eu corria, você me pegava, chegávamos perto e fugíamos de pijama e pantufa.
Como quem procura por um tesouro perdido você caminhava pela minha alma, eu me desenhava no seu corpo, você me deixaria perto das estrelas e eu te mostraria o prazer do amanhecer do dia.
Escolhi o centro da cidade e você o interior, eu projetava e você me diria que solo eu poderia construir e eu diria aceito casar por videoconferência.
Você é o chato mais legal por isso doeu muito quando você brigou comigo, me fez chorar, odiei você por vários dias...nunca mais te pedi desculpas...por nada...por absolutamente nada...nem por sentir o que senti depois e muito menos pelo que sinto hoje.
Você me conta seus sonhos, seus desejos, me insere neles como se eu fosse um personagem que você manipula e diz a eles quando e como quer.
Sou "sua" bonequinha de luxo, respondo aos seus sonhos como sim e você me diz mas eu não posso.
Me condena...me engana.