quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ninguém pode saber...Daniel


O dia está nublado e com uma névoa branca e gelada que permeia a paisagem. Confesso que estou na expectativa de alguma coisa. Preciso afirmar ainda que as desculpas sobre minha infantilidade fossem verdadeiras, ou pelo menos a intenção dela. Por instantes me pergunto por que você me respondeu com um "se é assim que você pensa", de fato fiquei pensando, mas acho que em um ponto concordamos, pelo menos no que diz respeito a não brincarmos mais um com o outro.
Assim como Yuki, hoje meu sonho é apenas um chocolate Apollo e um desejo imenso de voar. Não sei o que anda acontecendo comigo, mas estou inquieta, queria coisas novas, voltei a pensar em quem não devia, acho que aquele dia dez me fez lembrar coisas demais e acabaria fazendo de tudo pra um “remember” daquele dia. Aliás, dia 25 fizeram dez meses do dia mais mágico de toda a minha vida.
Quantos dez! Será que isso significa algo? Dez anos, dez meses, dia dez...
Dez vezes eu poderia dizer que te amo, ou melhor, que te amei mais do que a mim mesma, esse talvez tenha sido o erro.
Agora um continente inteiro nos separa. Foi impossível não falar em você esse fim de semana, como eu te disse uma vez, eu ia deixar que você me esquecesse, mas que você não espere isso de mim e a verdade é que eu jamais vou apagar você da minha vida.
Alguma coisa em Daniel me lembra você, não sei se pela falta de paciência com a vida, ou pelo desejo intenso de aventura, só sei que me lembra...
...lembro-me com carinho e saudade daquele dia na livraria, você me falando sobre os seus desejos de leitura e sobre a sua busca pela liberdade.
Naquele dia fui pra casa com a sensação de que algo tinha mudado, eu só não sabia em que sentido. Dias depois provaria o gosto mais doce de todos os meus sonhos, senti sua pele em minha pele e como um convite você me olhou antes que seus lábios tocassem os meus, sentir-me morrer em seus braços e por um instante desejei que aquela noite nunca acabasse. Meus sonhos de criança, meu príncipe encantado, meu amor de tantos anos.
Eu poderia morrer naquela noite que morreria feliz, mas sem saber do que viria depois, desejei viver. Desejei viver para viver aquele meu e único amor que mais ou menos dez anos tinham sido roubados pelo anonimato que me consolava a cada ano e que me confortava com a situação de apenas sua amiga.
Fiquei dias com a sensação dos pés longe do chão, ainda lembrando-me de como de certa forma você me suspendia para poder me apertar contra seu corpo. Ao fechar os olhos ainda sentia seu perfume, o calor da sua pele e o pulsar do seu coração contra o meu corpo.
Senti um arrepio frio percorrer minhas costas ao ver você fechar aquela porta, pálida e sublime te respondi não e você docemente me ofereceu o sorriso mais lindo do mundo, porque naquele instante ele era só meu. Aquela boca que durante anos emoldurou o sorriso que eu apenas observava de longe, imaginando que todo o meu desejo é que por apenas um instante ele fosse só pra mim.
Nas semanas que se passava, eu somente me fazia viver pelas lembranças daquelas horas, sentindo suas mãos me tocarem e consumindo o gosto da sua boca ainda guardado na minha.
Não poderia prever, já que estava sob o efeito daquele dia, que tudo mudaria e que eu o perderia para sempre e de maneira tão cruel.
E mesmo depois de dez meses, eu ainda não consigo saber como seria se te encontrasse de novo.
Eu quis uma nova vida, mas não pude ter quem eu queria, assim como não tive você.
Sendo assim, o que me resta é caminhar por onde sei que meus pés podem pisar e assim me proteger da dor.
Estou feliz, mas sei que faltam coisas a minha vida. Sei que meus planos agora parecem incompletos. Mas andarei por áreas seguras, onde somente faça o que meus pensamentos mandem.
Bem vindos a vida Daniel e Penélope.