domingo, 5 de fevereiro de 2012

uma noite qualquer...

  

Para ambos os gostos...
Misturamos ousadia e brincadeira e qualquer outra coisa longe de uma amizade que é cúmplice acima de muitas coisas se é que podemos chamar assim.
O barulho da chuva é intenso, o céu está cinza e faz frio apesar do verão que insiste em rotular a estação...
O quarto não é grande porém tem um ar acolhedor e intrigante...F. dorme de bruços, eu brinco com a sua respiração lenta, doce...sua pele está quente...
Estou sentada numa poltrona e velo seu sono, observo de longe sua pele arrepiar cada vez que um vento mais forte adentra por este ambiente cheio de magia.
Contemplo o seu descanso...F se move lentamente pelos lençóis e eu observo e praticamente só faço leves movimentos com a caneta que escrevo, que por sinal leva seu nome gravado no corpo...um presente de aniversário há  um certo tempo esquecido.
Suas roupas estão espalhadas pelo chão.Uma gravata preta está presa aos pés da cama...F também a usava.
Prometi não toca-lo, por mais difícil que isso possa parecer, cumprirei minha promessa até que ele diga o contrário.
Seu rosto ainda guarda uma expressão de menino, uma cicatriz revela uma "travessura" de infância, sua boca tem um contorno convidativo ao que meus sentidos pedem com volúpia e desejo...seus braços são fortes, seu corpo um deleite cheio de prazer.
A chuva se faz mais forte, o barulho da água que escorre pelo telhado transforma-se em música para o seu sono profundo.
Você suspira, eu apenas continuo sentindo o calor da sua pele...
O que poderia ser uma tortura, torna-se um desafio banhado pelo prazer de quem observa uma obra de arte.
Talvez Egon Schiele jamais tenha contemplado nenhum de seus corpos da forma com que faço agora.
Percebo desenhos, caminhos desconhecidos.
O tecido que cobre a pele é fino e claro, movimenta-se quando F. respira mais fundo, eu acho graça e sorrio no vazio me policiando pra não fazer barulho.
Não percebo que F. acordou e faz graça ao me ver encolhida na poltrona com sua caneta em punho e folhas rabiscadas, mas eu não desenhava, apenas escrevia  o prazer daquele momento. Os pensamentos estavam distantes...e me surpreendi com o sorriso de F.
O ambiente estava inebriado por um perfume de jasmim que se misturava ao seu perfume que eu inalava com prazer para a submissão do meu desejo.