
as vezes me pego pensando no que houve com as minhas escolhas, porque tudo que quero de certa forma me escapa aos dedos?!
no fundo, minha insignificancia, não pode resolver o que eu nem mesma sei se teria solução.
onde foi que me transformei na pessoa que sou? busco uma felicidade constante que julgo jamais alcançar.
estou muito a parte do mundo que me cerca, meus passos são sempre contrários.
como mostra meu destino, a solidão é algo que eu não terei como fugir.
o que há de errado comigo? já me fiz tantas vezes essa pergunta. onde foi que perdi tantas coisas?
há quanto tempo venho nadando?, estou cansada, decidi não remar contra a maré revolta, ficarei a deriva até que uma onda me bata e me leve.
quando eu me for não deixarei vestígios da minha presença, não darei motivos de lembranças, pois por mais doloroso que seja a mim, não significará nada aos restante.
de certa forma um alívio me toma na certeza de saber que não fiz ninguém sofrer e muitos menos que deixarei assuntos pendentes - não sou de assuntos pendentes - não fiz nada representativo e não farei nada que possa ser lembrado, sentido ou causar algum pensamento a meu respeito.
tenho medo, não nego, mas tenho medo de escuro e tenho medo do meu próprio medo.
quando eu me for só quero calma.
de tarde quero descansar, subir nas pedras ver, deixar a onda me acertar e o vento levar tudo embora.
não deixarei saudades, lembranças, nem doces e nem amargas.
passei pela vida sem que minha presença fosse notada e minha ausência jamais será sentida.
de tudo que escrevo, só eu saberei o verdadeiro significado das palavras que ficarão soltas.
transformo minha ausência em palavras mortas.
quanto mais perto do abismo mais sinto que tudo tinha que ser assim, eu quis ser contra, mas isso é em vão.
não se pode fugir sempre e eu até que fugi por longos 26.
as coisas poderiam ser diferentes, mas não são.
gosto das fotos, da conversa com ar de interior e cheiro de mato molhado, me escondo e ouço calada suas palavras em direção a outra.
vivo em mundo anexo a minha realidade e assim alimento meu dia a dia, ficando inerte aos acontecimentos.