Cheguei a Londres e a madrugada já se aproximava, o frio era intenso, minha pele queimava pelo vento e eu me encantava a cada passo com a cidade que se abria a minha frente.
As luzes eram plenas e brilhantes, o movimento alucinógeno...meu coração batia tão forte que achei que não fosse suportar, o cheiro de cigarro impregnava tudo assim que entrei. O lugar era quente e eu já não precisava de casaco para me proteger, mas me recuperei quando tomei o primeiro gole...a bebida era quente, o gosto da fruta disfarçava a potência do álcool, senti as maçãs do rosto esquentarem, por um instante senti saudades de Ricardo e toda a sua ternura [acho que cheguei a desejar sua presença], suas breguices sinceras, seus devaneios que me faziam tanto bem.
Eu sentia meu corpo envolvido por uma espécie de alegria que não me deixava pensar.
Hoje estou só, apenas eu...Fechei os olhos ao tomar o último gole que aquele copo me oferecia.
Queria dividir a ansiedade daquelas descobertas. Parei pra pensar e meus olhos se encheram de lágrimas.
Eu não estava triste, mas também não me sentia feliz. As horas passavam, as pessoas falavam e minha cabeça rodava.
Pelo vidro do carro eu observava a cidade que despertava para a vida noturna...deixei Andrea.
Caminhei no escuro por um longo tempo, desejando desaparecer para não sofrer, as lágrimas me venceram, mas não deixariam marcas que pudessem ser vistas pelas pessoas que não presenciaram a luta.
Eu sorria e eles acreditavam que eu estava bem, eu me afogava nos meus pensamentos que me levavam pra longe.
As ruas se revelam, a vida parece caminhar, mas eu não encontro um lugar.
O dia amanheceu triste e nublado, uma chuva fina cai e um arrepio percorre meu corpo. Olho pela janela, fico pensando, sinto vontade de chorar, as árvores estão tristes e não balançam, meu corpo está inerte e gelado, meu olhos perdidos no nada, minha boca está seca, mas não sinto sede.
Tudo parou e eu não sei onde estou...me sinto fraca e não consigo ver onde errei o caminho.