segunda-feira, 1 de março de 2010

Para o dia frio de hoje

A manhã se apresentava com uma paisagem bucólica...
Uma chuva fina caia lá fora e eu despertava para meu novo dia. Levantei e com ar de criança caminhei descalça sobre a cerâmica do quarto.
Dalila me dava o seu bom dia em troca apenas do meu afago em sua cabeça. Ela sorria da forma que os cachorros fazem quando estão felizes.
Abri a janela, as árvores balançavam suavemente com um vento fresco da manhã, os pássaros se sacudiam e um ninho novo mostrava os famintos bebês à espera do café da manhã.
Eu tentava sorrir.
Me despi. Deixei que água caísse na intenção que pudesse lavar não só o corpo, mas também a alma.
Fechei os olhos, me concentrei na chuva e senti o aroma doce do café da minha mãe.
Chorei, rezei.
A passos curtos saí do banho e Dalila ainda a minha espera continuava sorrindo.
Me pus em um vestido preto e desci as escadas pulando os degraus como quando eu era criança.
Uma xícara de café nas mãos, pensamentos distantes e uma paz de espírito que eu desejava.
Pensei em nós.
Pensei no que deixei pra trás.
Pensei no que era sonho e no que foi realidade.
Pensei na saudade daquela euforia e na razão da atual tristeza.
Me olhei. No espelho a minha frente a imagem cansada e as olheiras denunciavam o choro noturno.
Uma dor correu meu corpo. Porque tamanha tristeza?
Tento chegar ao fim do túnel e ele parece distante demais, o escuro me sufoca e me protege ao mesmo tempo.
Tenho medo.
Me escondo com medo dos meus próprios pensamentos.
Guardo meus desejos.
Vejo como as coisas tornam-se melhor quando estou ao seu lado, me assusto pelo medo de te perder e me pergunto medo de perder o que? Não somos nada um para o outro.
A vida gira e você transforma tudo em poesia.
Me repreendo pelo que penso sobre você.
Me arrependo tentando não colocar mais açúcar no que já é tão doce.
E agora parto para uma importante fase da minha vida, uma que há mais de dez anos deixei na minha caixinha de coisas esquecidas.
Te observo a distância, sorrio quando você sorri. Que sorriso lindo você tem.
Seus olhos contam muitas coisas, mas eu acho que não sou capaz de ler.
É tão pouco tempo mas parece uma eternidade na minha vida.