O dia está chuvoso e cinza, faz frio...No trem até a Rússia conheci Samuel, algo me chamou atenção na história que ele me contou...estamos perdidos...ele enlouquece e eu sofro.
Samuel falava sem parar...enquanto ele me descrevia em detalhes seu amor intenso, louco e seu desejo camuflado pela sua falta de memória, eu me recordava com saudade dos meus momentos em Barcelona, Paris, Tókio, Alemanha
Eu o ouvia...sua confusão era intensa, plena, mas muito intrigante. Pensava Eu partiria na tentativa de sofrer menos, de que sua falta doesse menos. Procurei dormir...em meus sonhos eu voltava a todos os lugares por onde tenho passado, e em Lima onde o vi pela primeira vez, chegaríamos ao fim de nossa longa jornada...estávamos muito felizes.
Acordo com o frio que agora é devastador...é quase dezembro e a paisagem é branca e cinza, o vento é gelado e parece querer congelar até a alma. Muitas pessoas agora dormem, inclusive Samuel.
Vou pegar mais uma blusa em minha maleta. Respirei fundo...Fechei a bolsa...voltei a sentar-me, da janela a imagem continuava bucólica e pálida. Samuel dormia como uma criança e eu deixava meus pensamentos partirem em uma busca constante por uma razão, apenas uma razão, uma resposta que nunca virá.
Fecho os olhos e volto a dormir. No meu mundo particular no qual posso fugir a qualquer hora, estarei protegida...embora fechados, os olhos não me permitem segurar as lágrimas...elas escorrem pela face e embalam meus sonhos.